O mercado do couro verde segue em baixa. Ao longo da última semana, os preços voltaram a cair no Brasil Central, desta vez R$0,10/kg, tanto no mercado “comum” como de “primeira linha”.
No Rio Grande do Sul a oferta bastante reduzida - que tem levado, inclusive, alguns frigoríficos a interromperem os abates – responde pela sustentação dos preços.
Os curtumes apontam que o grande “vilão” é o dólar desvalorizado. Veja o exemplo do couro verde de primeira linha, no Brasil Central. Entre os dias 29 e 30 de maio, a cotação caiu de R$2,35/kg para R$2,25/kg, um recuo de 4,3%. Em dólares, porém, a retração foi menor, aproximadamente 3,8%, em função da valorização do real. No dia seguinte, ainda por conta do câmbio, reagiu 0,9% e, depois, 1%.
E, como alguns analistas afirmam que o dólar deve cair para, pelo menos, R$1,90 por US$1,00 (sendo que existe quem aposte em R$1,80), os curtumes voltaram a derrubar as cotações do couro verde em reais.
É preciso considerar também que, ainda de acordo com os curtumes, os importadores não têm mais aceitado reajustes, ou seja, o espaço para aumento dos preços do couro exportado diminuiu.
Depois das últimas alterações, a tendência de curto prazo para o couro verde é de preços estáveis. No entanto, as pressões baixistas podem ser retomadas caso o dólar volte a cair de forma significativa.
SOCORRO À CADEIA COUREIRO-CALÇADISTA
Os ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, além do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social-BNDES, anunciaram um conjunto de medidas na área tributária e de crédito voltadas ao fortalecimento do setor produtivo nacional. Foram criadas três linhas de financiamento, no valor de R$3 bilhões com recursos do BNDES e do Tesouro Nacional. Essas linhas serão destinadas às empresas com faturamento de até R$300 milhões pertencentes aos segmentos têxteis, calçados, confecções, artefatos de couro e móveis.
As medidas são bem-vindas, mas a Abicalçados, associação que representa os fabricantes de calçados, aponta que elas são insuficientes para devolver a competitividade do setor. Eles visam facilitar os investimentos, ou seja, seriam úteis num cenário de mercado aquecido e de aumento de produção. A realidade, porém, é de queda da produção e das exportações de calçados. O governo, portanto, está atirando para o lado errado.
A Abicalçados aponta que as taxas de juros para capital de giro, apesar de terem caído, são o dobro das chinesas. E é justamente a China o maior concorrente.
Outro problema é o câmbio. Em junho do ano ado o governo criou o Programa de Giro Setorial, como medida para fornecer crédito aos exportadores de modo que ganhassem tempo até que o câmbio se "recuperasse" da cotação de R$2,25. Hoje os exportadores que exportaram ao câmbio de R$2,25 e optaram pelo Programa estão na difícil situação de vender com câmbio de R$ 1,95 e ainda ter que pagar o empréstimo com o acréscimo dos juros ao redor de 10%.
Como sair dessa?
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