Foto por: Bela Magrela 2ky3h
A expectativa de uma demanda interna aquecida deve sustentar os preços, porém o aumento da oferta de soja deve limitar a alta.
O preço do sebo bovino foi marcado por recuperação.
O preço saiu de R$3,91/kg, na média de fevereiro, para R$5,78/kg, na média de dezembro, no Brasil Central (figura 2) – alta de R$1,87/kg, ou 47,8%. No acumulado do ano, a cotação do sebo bovino subiu 29,1% no Rio Grande do Sul, cotado em R$6,07/kg.
A boa demanda no mercado interno e no mercado externo, colaborou para esse cenário.
No mercado externo, há um ponto que pode mudar o rumo do mercado: os Estados Unidos não finalizarão as diretrizes sobre novos créditos fiscais para a produção de combustível limpo destinado à produção de combustível sustentável de aviação (SAF) e aos biocombustíveis, antes de janeiro.
Os fabricantes de biocombustíveis contavam ter o programa finalizado antes da troca de governo, que acontecerá em 20 de janeiro de 2025. O programa definiria uma proteção contra a promessa do presidente eleito, de revogar a Lei de Redução da Inflação (IRA) de 2022. Caso a revogação aconteça, a demanda pela matéria-prima dos combustíveis limpos (óleos vegetais e sebo bovino) pelo mercado estadunidense pode diminuir, pressionando a demanda pela exportação para este mercado – exportação que, em 2024, foi destaque.
A demanda interna, com o aumento do teor de biodiesel no diesel em 2024 para 14,0% (B14), também foi estimulada.
O volume exportado foi recorde em 2024. Até novembro, o Brasil exportou 306,8 mil toneladas, alta de 55,0% comparado ao mesmo período de 2023.
Os Estados Unidos, com a finalidade de utilizar o coproduto como matéria-prima para biodiesel e diesel verde, foram o principal comprador, representando, do total exportado, nos meses de agosto, setembro, outubro e novembro, 97,8%, 97,2%, 96,4% e 96,3%, respectivamente.
O faturamento da exportação de sebo bovino, de janeiro a novembro de 2024, foi de US$296,7 milhões, alta de 20,7% frente ao mesmo período de 2023 (figuras 3 e 4).
Para 2025, teremos o começo da implementação da lei dos Combustíveis do Futuro, onde teremos o aumento do teor de biodiesel no diesel, onde ará do B14 (14,0% de biodiesel no diesel) para o B20 (20,0% de biodiesel no diesel) aumentando um ponto percentual por ano, em 2030. A partir de 1º de março de 2025, o teor será de 15,0% (B15).
A produção de biodiesel no Brasil nos próximos anos deverá dobrar – a estimativa é que o volume e de 8,0 bilhões de litros em 2024, para 16,9 bilhões em 2030, acompanhando o aumento gradual da mistura de biodiesel no diesel e a demanda crescente por combustíveis mais sustentáveis.
Entretanto, dois fatores podem impactar a demanda e, consequentemente, limitar a alta nos preços do sebo bovino, a expectativa de produção recorde de soja na safra 2024/25 e consequentemente, a maior oferta de óleo de soja, além da possibilidade de uma retração nas compras estadunidenses com a entrada do novo presidente.
Figura 1.
Evolução do preço médio mensal do sebo bovino no Brasil Central, com prazo, em R$/kg.
Fonte: Scot Consultoria
Figura 2.
Volume exportado de sebo, de janeiro a novembro de 2023 e 2024, em tonelada.
Fonte: Secex / Elaborado por Scot Consultoria
Figura 3.
Faturamento do sebo bovino em milhões de US$, entre janeiro e novembro de 2023 e 2024.
Fonte: Secex / Elaborado por Scot Consultoria
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