Conhecidas as características da R Índice (veja artigo da edição ada), podemos agora abordar algumas operações que envolvem esse instrumento financeiro e que podem ser muito úteis à atividade de engorda de bovinos.
No artigo da semana ada, mencionei que o acompanhamento da evolução do mercado físico e dos vencimentos do mercado futuro poderia trazer boas oportunidades. Vamos então a um exemplo prático.
EXEMPLO
Considere um invernista, que tenha confinamento próprio ou utilize o sistema de boitel, tanto faz. Ao perceber uma forte alta no mercado futuro, e havendo disponibilidade de animais magros para a compra, ele pode aproveitar essa combinação para alcançar bons lucros, mesmo que esteja descapitalizado para a compra dos bois magros.
Supondo que em junho o contrato futuro de outubro esteja sendo negociado a R$62,00/@. Ao emitir uma R, considerando como deflator da operação uma taxa de, por exemplo, 110% do CDI no período, ele receberia R$59,17/@ (considerando um CDI de 13,00% a.a.). Se a compra do boi magro somada aos custos de engorda e custos financeiros da operação gerarem um valor inferior ao valor recebido, o produtor já está com o lucro garantido na operação e com o dinheiro em caixa. O maior risco seria um ganho de peso aquém do esperado, ou a morte dos animais. Como em um confinamento esses riscos podem ser bem gerenciados, a operação é viável.
Nessa operação, o produtor usa a R como alternativa de hedge, pois ao emiti-la ele está, na prática, travando a venda dos bois a serem produzidos. Caso os preços tenham subido na data de liquidação da R, o produtor pagará mais à instituição financeira, porém terá vendido seus animais também a um preço maior. Caso o mercado caia, ele pagará menos à instituição financeira, porém também receberá menos com a venda dos animais ao frigorífico.
Na prática, o lucro do produtor já está definido pela diferença do valor recebido na venda da R em relação à compra do boi magro somada aos custos de produção e financeiros. É bom lembrar que esse lucro já estará no caixa do produtor antes do abate dos bois.
É importante ressaltar que, para ter maior facilidade de comercialização da R, o produtor necessitará do aval de um banco comercial, que terá um custo, que deve ser incluído nas contas da operação. Além disso, o abate dos animais deve ser programado para ocorrer o mais próximo possível do vencimento da R, para minimizar o risco de descasamento dos preços de abate e de liquidação. Se o produtor conseguir um frigorífico que garanta a compra dos bois pagando o índice Esalq à vista, esse risco de preços é totalmente zerado.
Essa operação depende intrinsecamente do mercado futuro de boi, pois a instituição financeira que compra a R, imediatamente vende os contratos futuros referentes às @ da R. Dessa forma, ao ocorrerem grandes altas nos contratos futuros, a operação a a ser ainda mais interessante.
Um forte abraço e até a semana que vem!
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