O índice Esalq à vista, que liquida os contratos futuros de boi gordo da BM&F no último dia útil do mês, é uma média ponderada dos negócios com boi gordo registrados, diariamente, no Estado de São Paulo. Ele é obtido pela apuração dos valores a prazo, para descontar o funrural, sendo que esse valor é deflacionado pela taxa de juros no período de 30 dias (CDI), para se obter o valor à vista. Isso equivale a dizer que os preços futuros negociados na BM&F são os preços do boi gordo à vista no Estado de São Paulo.
Quem engorda boi em outros Estados pode, à primeira vista, achar que o seu hedge na BM&F ficaria comprometido pelo fato de seu contrato ser liquidado pelo preço à vista de São Paulo. O fato é que São Paulo ainda é o balizador de preços do Brasil, portanto, se os preços de São Paulo subirem, muito provavelmente os preços da grande maioria das praças pecuárias também subirá. Se os preços de São Paulo caírem, os preços das outras praças pecuárias provavelmente acompanharão a queda. Essa relação bem próxima dos preços de São Paulo e das outras praças pecuárias possibilita que um pecuarista com engorda em outros Estados possa utilizar-se da BM&F para sua proteção de preços, basta para isso considerar o diferencial de base.
O diferencial de base (ou risco de base) é a diferença entre os preços do boi gordo, em diversas praças pecuárias do Brasil, em relação a São Paulo. Essa diferença é conhecida e relativamente constante, mas sabemos que ela aumenta na safra e diminui na entressafra. Portanto, ao considerar essa diferença no preço de venda no mercado futuro, o pecuarista pode utilizar a BM&F com grande segurança.
EXEMPLO DO MS
Por exemplo, o diferencial entre Dourados-MS e São Paulo é, na média considerada desde 2001, -6,36% na safra e -4,74% na entressafra. Portanto, um pecuarista de Dourados, ao efetuar uma venda no mercado futuro para outubro, por exemplo, deve considerar em suas contas gerenciais um valor 4,74% menor do que o valor efetivo da venda. Caso o diferencial permaneça nessa média, ou próximo dela, o hedge será perfeito.
Para minimizar ainda mais o risco de base, o pecuarista deve ser conservador na consideração do diferencial. Se o diferencial histórico médio na entressafra é de -4,74%, ele pode considerar como sendo -5% ou -5,5%, dessa forma, a chance de uma surpresa negativa no hedge é pequena. Na prática, se o diferencial efetivo no momento da venda dos bois no físico for menor do que o considerado, o pecuarista terá um ganho maior do que o definido pela venda na BM&F, pois o seu boi se valorizou em relação a São Paulo. Se o diferencial aumentar, o hedge não terá sido perfeito, pois o seu boi se desvalorizou além do que foi considerado no diferencial.
Apesar de o maior parque frigorífico do Brasil estar em São Paulo, cada vez mais a produção pecuária migra para outros lugares, e grande parte dos pecuaristas que utilizam a BM&F estão em praças fora do Estado de São Paulo. A consideração do diferencial de base e uma boa assessoria para definir esse diferencial possibilitam a utilização do mercado futuro por pecuaristas de todo país com grande segurança.
Até a semana que vem!!
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