Mato Grosso do Sul, juntamente com Gois, desponta na liderana da produo do crambe (crambe abyssinica), um gro ainda pouco conhecido no pas e que pode ser utilizado pela indstria qumica, na alimentao de ruminantes (farelo) e para a produo de biodiesel.
A produo de crambe no Brasil tem garantia de comercializao graas demanda gerada por indstria como a Granol, de Oswaldo Cruz (SP), e a Caramuru Alimentos, que fica na cidade de Itumbiara (GO).
Alm do biodiesel, o crambe pode ter utilizao na rea industrial graas ao volume de cido graxo nele encontrado. “Em todo seu leo encontra-se 55% de cido ercico que pode funcionar como agente deslizante em ligas plsticas. Tambm est sendo testada sua utilizao em transformadores e como lubrificantes, substituindo leos minerais”, conta o engenheiro agrnomo e pesquisador Renato Roscoe, da Fundao MS, rgo que esteve frente das primeiras aes com o gro no Estado, a partir de sementes originadas do Mxico, nos anos 90.
Os goianos lideram a produo do gro com 3,5 mil hectares plantados em regies como Itumbiara, Rio Verde, Jata, Luzinia e Formosa. Mato Grosso do Sul vem logo atrs com 3 mil hectares e plantaes vistas em Ponta Por, Maracaju, Dourados, So Gabriel e Chapado do Sul.
No estado, o ciclo de produo vai de maro a maio. Em Gois fica entre fevereiro e abril. A regio de Sorriso, no Mato Grosso, tambm tem reas de plantao em adaptao. Minas Gerais e a regio Nordeste tambm figuram como potenciais para desenvolverem a cultura.
Segundo o pesquisador da Fundao MS, a expectativa que a cultura tenha crescimento rpido para atender demanda das indstrias e tambm pela remunerao. “A tonelada do crambe est sendo adquirida a um preo mdio de R$550,00 para um custo de produo que varia entre R$250,00 a R$280,0 a tonelada”, garante.
Ainda conforme o engenheiro, s a Caramuru Alimentos tem capacidade de esmagar 1.500 toneladas/dia, o que representa que toda a atual produo brasileira pode ser processada em menos de uma semana por apenas uma indstria.
O plantio, de acordo com o agrnomo, pode ser feito em linhas de 20 ou 45 cm utilizando tanto semeadoras de soja quanto de trigo e de arroz. Na colheita, Roscoe garante que pode ser utilizada a mquina de soja que, no entanto, dever ser regulada.
Entretanto, o frete mais caro um dos empecilhos, por enquanto, para alavancar a produo, por conta de o crambe ter peso mais leve em relao soja, por exemplo. A colheita feita a partir da cpsula inteira, que possui uma bolsa de ar entre a capa e o gro propriamente dito.
“A relao de 60% em comparao com a soja, ou seja, um caminho que tradicionalmente transportaria 36 toneladas desta oleaginosa consegue levar apenas 22 toneladas de crambe”, compara o pesquisador da Fundao MS.
O crambe no concorre com a indstria alimentcia, tem ciclo muito curto (90 dias) e, por isto, adequado para a segunda safra, seu cultivo de baixo risco, ideal para rotao de culturas.
Atualmente a oleaginosa no muito desenvolvida em outras regies pelo mundo.
Originria da Etipia comeou a ser plantada comercialmente nos anos 90 nos Estados Unidos e posteriormente no Reino Unido e em outros pases da Europa. O crescimento da cultura acabou sendo inibido. O plantio concorria com culturas de safra, j que as condies climticas impediam a sua utilizao no perodo da chamada “safrinha”.
Com o clima, no Brasil, a situao foi diferente, sobretudo no Centro-Oeste, que permitiu seu plantio como cultura de segunda safra.
Fonte: Campo Grande News. Por Fabiano Arruda. 2 de agosto de 2011.