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Dlar mais do que compensa queda das commodities 3td1i

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22/09/2011 - 09:50
A valorizao do dlar em relao ao real, que ganhou fora em setembro, at agora impediu a queda dos preos domsticos das principais commodities agrcolas exportadas pelo Brasil, que perderam sustentao nas bolsas internacionais nas ltimas semanas em decorrncia das turbulncias financeiras em pases desenvolvidos. Mais do que isso: os preos de exportao de produtos como soja, milho, caf e acar esto at mais elevados do que no fim de agosto, quando as incertezas em relao economia global tornaram-se ainda maiores, amplificaram as dvidas sobre o futuro da demanda e abriram espao para o fortalecimento da moeda americana no mercado externo. Para os produtores brasileiros que exportam e temiam que a crise no Hemisfrio Norte provocasse uma baixa das cotaes que reduzisse suas atuais margens de lucro elevadas, trata-se de uma boa notcia, que inclusive j acelerou as vendas antecipadas da colheita da safra que comeou agora a ser plantada (2011/12). Do ponto de vista do combate inflao, porm, ainda no h refresco vista nesse fronte. Com a disparada de ontem, o dlar ou a acumular alta superior a 15% em relao ao real neste ms. Produto com maior peso nas exportaes agrcolas do Brasil, a soja fechou a quarta-feira em queda de 1,3% na bolsa de Chicago, cotada a US$13,32 por bushel (medida equivalente a 27,2 quilos). Com mais esse recuo, os futuros de segunda posio de entrega do gro (normalmente os de maior liquidez) aram a acumular baixa de 8,6% em setembro. Apesar disso, o preo da oleaginosa convertido em reais ficou 5,2% mais alto no perodo. "Os preos praticados no Brasil esto acima dos picos de agosto", diz Antonio Sartori, da corretora gacha Brasoja. Atrados pelos preos favorveis, os agricultores aceleram a comercializao da prxima safra. De acordo com Sartori, os gachos j comprometeram aproximadamente 20% da produo que ser entregue em maio de 2012, um resultado excepcional em um Estado onde as negociaes antecipadas de soja so uma prtica pouco comum. "Mais da metade desse volume foi comercializado nas ltimas semanas. A alta do cmbio compensou at mesmo a queda dos prmios pagos nos portos", observa. Segundo ele, h um ano nem 10% da safra do Estado havia sido negociada. Fenmeno semelhante observado em Mato Grosso, onde a cultura das vendas antecipadas arraigada. Glauber Silveira, presidente da Aprosoja, associao que representa os produtores do Estado, calcula que metade da safra 2011/12 do Estado j foi comercializada, ante pouco mais de 30% em igual perodo do ano ado. Mais de um tero desse volume foi negociado neste ms. O milho outra commodity cujos preos resistem a cair, mesmo com a colheita da safrinha no Paran. Em setembro, os futuros do gro recuaram 8,9% em Chicago, mas acumulam alta de 4,8% no ms na converso para a moeda brasileira. Ontem, a commodity caiu 0,56% na bolsa americana, para US$6,99 por bushel (27,2 quilos), menor preo de fechamento desde 10 de agosto. Em compensao, o indicador Cepea/Esalq para o milho no mercado fsico est no maior nvel desde fevereiro, a R$31,65 por saca, alta de 3,94% no ms. Historicamente, os preos domsticos do milho so pouco influenciados pelo comportamento do cmbio e do mercado externo, j que o Brasil sempre teve uma participao tmida no mercado internacional do gro. Mas o rpido aumento dos embarques nos ltimos anos fez com que o cenrio interno fosse cada vez mais influenciado pelo sobe-e-desde do preo oferecido aos exportadores. Sintoma dessa mudana, as vendas antecipadas de milho no Mato Grosso, que praticamente inexistiam at o ano ado, somavam 33% at o fim de agosto. Estima-se que, trs semanas depois, estejam prximas de 50%. " muito possvel que, a essa altura, tenhamos vendido mais milho do que soja em Mato Grosso", afirma um trader. O efeito cambial tambm sentido nos mercados de caf e acar, que desde o incio do ms acumulam queda de 11,5% e 10,3%, respectivamente, em Nova York. Em moeda local, o caf acumula alta de 1,9% e o acar, 3,3%, no mesmo perodo. Gil Barabach, analista da consultoria Safras & Mercados, pondera que a alta do real um dos fatores que ajudam a pressionar os preos das commodities agrcolas l fora, devido posio do Brasil no tabuleiro. "A alta do dlar estimula as exportaes, e os preos internacionais se ajustam a esse aumento de oferta". No entanto, o ritmo da queda nos preos internacionais insuficiente para fazer frente eroso do cmbio, diz Fbio Silveira, da RC Consultores. Para ele, o resultado "inevitvel" dessa equao ser um aumento da inflao no Brasil. "O recuo dos preos internacionais ainda muito tmido perto desse salto do dlar." Fonte: Valor Online. Por Gerson Freitas Jr.. 21 de setembro de 2011.