EUA e Brasil duelam por etanol e carne bovina 1a6id

O Brasil levou dcadas para derrubar barreiras exportao de etanol aos Estados Unidos e, agora, a vez de os americanos brigarem contra supostas restries comerciais brasileiras ao produto deles. Washington pretende apresentar o tema como uma de suas prioridades nas negociaes no mbito do Tratado de Cooperao Econmica e Comercial (Teca), semanas antes da visita oficial da presidente Dilma Rousseff ao pas. J o Brasil elegeu como foco para o Teca a derrubada de barreiras sanitrias exportao de carne bovina - um compromisso assumido pelos americanos dentro de um acordo para resolver o ime no contencioso do algodo na Organizao Mundial do Comrcio (OMC). A Teca um mecanismo permanente de negociao de pendncias comerciais. Nas ltimas semanas, autoridades dos dois pases aram a avaliar quais sero os temas prioritrios nas discusses durante a visita de Dilma ao presidente americano, Barack Obama, no dia 9 de abril. Os produtores americanos de etanol reclamam da mudana no sistema de cobrana de ICMS na importao em So Paulo. Tambm dizem que so prejudicados com a reduo de 25% para 20% no teor de mistura de lcool na gasolina e com os incentivos criados por uma linha de crdito do BNDES para o setor. No ano ado, os Estados Unidos concordaram em examinar a liberao sanitria da carne bovina de 13 Estados brasileiros. "O governo americano prometeu diversas datas para colocar o estudo em consulta pblica, mas no cumpriu", diz o presidente da Associao Brasileira da Indstria Produtora e Exportadora de Carne Suna (Abipecs), Pedro de Camargo Neto. Antes, era o Brasil quem brigava para derrubar o sistema americano de subsdio e a tarifa na importao do lcool, que expirou em 2011. O mercado americano est teoricamente aberto para o lcool brasileiro, mas a indstria nacional hoje mal d conta de suprir o mercado interno. No ano ado, as empresas americanas exportaram ao Brasil quase 1,5 bilho de litros de lcool. Em fins de janeiro, a Associao dos Combustveis Renovveis (RFA, na sigla em ingls) mandou uma carta ao rgo do governo americano responsvel por negociaes comerciais, o Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, tambm em ingls), queixando-se da reintroduo pelo governo paulista de uma alquota de ICMS de 25% na importao de lcool. Os produtores americanos alegam que ficaram em desvantagem em relao ao lcool produzido no Brasil. O Itamaraty, responsvel pelas negociaes do lado brasileiro, procurou mostrar aos USTR que os brasileiros pagam a mesma alquota de ICMS quando vendem o produto s refinarias. Outra queixa que o Brasil diminuiu de 25% para 20% a proporo de lcool misturada gasolina, reduzindo o mercado para importaes. O argumento brasileiro que essa uma medida para evitar maiores reajustes no preo da gasolina. "O teor de etanol na gasolina j foi reduzido vrias vezes antes, quando o pas no importava nada", afirmou a representante para a Amrica do Norte da Unio da Indstria de Cana-de-Accar (nica), Letcia Phillips. A indstria americana de etanol tambm reclama de supostos subsdios aos produtores nacionais em uma linha de crdito de R$ 4 bilhes criada pelo BNDES, o Programa Pr-Renova. "Esses financiamentos so destinados produo para o mercado interno", afirma Celia Feldpausch, diretora-executiva da Coaliso Brasileira da Indstria (BIC, na sigla em ingls), uma entidade regulamentada de lobby em Washington que tem o BNDES como um dos seus membros. Fonte: Valor Online. Por Alex Ribeiro. 19 de maro de 2012.