Os principais portos da Regio Sul do Brasil se aproximam do colapso, devido s altas taxas de utilizao: Itaja (97%), So Francisco do Sul (93%), Rio Grande (91%) e Paranagu (59%). Por isso, praticamente no h possibilidade de se aumentar a oferta de servios martimos nesses terminais - no resto do Pas a situao um pouco melhor, mas ainda assim bastante preocupante. Sem investimentos mnimos para a logstica porturia e a simplificao dos procedimentos de embarque e desembarque, o Brasil corre o risco de enfrentar um colapso em seu comrcio exterior em 2008. Os dados e as concluses esto no estudo "Custos da infra-estrutura logstica deficitria e seus impactos para os usurios de transporte de carga no Brasil", realizado pelo armador francs CMA CGM em 14 portos nacionais.
De acordo com o estudo, encabeado pelos executivos Nelson Carlini e Danilo Ramos, a taxa ideal de utilizao do bero de atracao de 50%, para que no haja espera do navio, bem como para que se atinja uma produtividade elevada durante a operao de carregamento e descarregamento. Na Regio Sudeste a situao no muito melhor que no Sul, de acordo com os dados da CMA CGM. Santos e Vitria esto saturados, com taxas de ocupao de 80% e 64%, respectivamente.
Em Santos, maior porto brasileiro, a sobrecarga traz maiores riscos, haja vista que qualquer crescimento percentual sobre o volume total movimentado em 2005 (1,55 milho de contineres) demandar investimentos num curto intervalo de tempo. Rio de Janeiro e Itagua (RJ), 39% e 27% de taxa de uso, respectivamente, ainda oferecem certa margem de operao, mas tambm no esto livres de um estrangulamento diante de um aumento do volume de carga, segundo anlise da empresa.
Ramos e Carlini fizeram uma estimativa do crescimento no volume total de cargas a serem movimentadas por contineres no Pas. Considerando que a capacidade dos portos do Sul se mantenha a mesma nos prximos anos, a demanda por contineres dever ultraar a oferta na Regio no final de 2008. No Sudeste isso ocorreria um pouco depois, em meados de 2009. Segundo os autores, tendo em vista o tempo mnimo de trs anos para se construir um novo bero de atracao, considerando o tempo para elaborao de projeto, obteno de licenas e construo da estrutura, o colapso nos portos das duas regies iminente.
CUSTOS NA MOVIMENTAO PORTURIA
O estudo da CMA CGM trs uma anlise detalhada do custo total para cada escala de um navio de contineres em um porto brasileiro: chega a R$21.980,00. Em geral, um navio faz diversas escalas na costa brasileira. O detalhamento desse custo inclui os seguintes itens:
- praticagem - R$9.760;
- lancha para o prtico - R$150;
- taxa da Polcia Federal (Funapol) - R$530;
- Inframar (Docas) - R$1.220;
- rebocagem - R$1.950;
- traduo - R$60;
- Taxa de Utilizao de Canal - R$900;
- agenciamento porturio - R$2.040;
- amarrao - R$630;
- despacho - R$300;
- taxa de farol - R$3.240;
- vigia - R$600;
- Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (Anvisa) - R$600.
importante salientar que cerca de 60% dos custos se referem a dois itens: praticagem e taxa de farol. Em comparao com o resto do mundo, ite uma fonte da CMA CGM, os custos no chegam a assustar. No entanto, na disputa interna de cargas, qualquer reduo estimularia o modo aquavirio. Alm disso, localizado longe de Estados Unidos e Europa, qualquer ganho no custo interessante para o Brasil.
O estudo tambm levantou o custo mdio gasto na movimentao de um continer nos portos brasileiros. Os custos logsticos diretos da carga, como despacho, seguro, transporte das mercadorias para o porto (incluindo gastos com pedgio), estufagem do continer e documentao, entre outros, somam em mdia R$3.370 por continer. J o custo logstico da carga para o armador, somando gastos com agenciamento da carga e taxas para os terminais, ficam em R$550. Finalmente, o custo do navio, de R$21.980, dividido por 250 (nmero mdio de contineres por escala), resulta em R$88. Somando os trs valores, chega-se ao custo logstico mdio de um continer no Brasil: R$4.008.
Fonte: NetMarinha. Por Maycon Sthelin e Srgio Barreto Motta - Florianpolis e Rio de Janeiro. 14 de agosto de 2006.