Aumenta concentrao de indstrias no setor de leite 5d5x1z

O setor de leite comea a seguir o caminho dos frigorficos. H uma consolidao maior da indstria por meio da concentrao de empresas. Mais um o foi dado na semana ada, quando a gacha Bom Gosto adquiriu a catarinense Laticnios Cedrense. Quarta colocada no ranking nacional, a Bom Gosto a a industrializar 1,2 bilho de litros de leite por ano, segundo a empresa, atrs de Nestl (2 bilhes), Perdigo (1,6 bilho) e Itamb (1,3 bilho). As empresas esto se consolidando para a cadeia ficar mais forte, segundo Wilson Zanatta, diretor-presidente do laticnio gacho. “Faz parte do jogo, embora no seja fcil.” Os laticnios chegam a essa concentrao um pouco mais tarde do que os frigorficos, mas esse o caminho a ser seguido, diz ele. Para Rafael Ribeiro de Lima Filho, zootecnista e consultor da Scot Consultoria, a concentrao j um fato e uma tendncia do agronegcio, tanto interna como externamente. “Ela d mais poder de barganha para as empresas no mercado internacional.” Maria Helena Fagundes, da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), diz que a concentrao j fica evidente at nas estatsticas. H cinco anos, as empresas com SIF (Servio de Inspeo Federal) somavam 1.700. Hoje, esto perto de 1.500. Esses nmeros mostram que h o desaparecimento das pequenas e mdias, “mas as atuais so mais bem organizadas e com escala maior”. Mas no so apenas as pequenas empresas que diminuem suas atividades no mercado. Assim como ocorreu com os frigorficos, muitos laticnios apostaram no setor antes da crise do ano ado, fazendo grandes investimentos. A falta de crdito e o enxugamento do mercado trouxeram dificuldades financeiras para muitos. Um dos exemplos a prpria Bom Gosto, que, alm da compra da semana ada, j havia adquirido uma unidade da Parmalat em Garanhuns (PE) no incio do ano. Recentemente, adquiriu tambm a fbrica da Nestl em Barra Mansa (RJ). Investimento Assim como ocorre com vrias commodities, o Brasil tambm ser um dos grandes participantes do mercado mundial de leite. Competitividade nos custos, rea disponvel e avano na tecnologia vo colocar o pas na rota do mercado internacional, segundo a analista da Conab. Um dos gargalos, no entanto, a qualidade do leite. O pas ainda necessita investir mais em qualidade, concorda Aline Barrozo Ferro, do Cepea (Centro de Estudos Avanados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Mas a concentrao que vem ocorrendo eleva a qualidade do leite porque as grandes empresas am a exigir matria-prima melhor. O setor de laticnios segue os os dos frigorficos tambm no avano ao setor externo. A Bom Gosto, que pretende se fortalecer ainda mais com a abertura de capital, est a caminho do Uruguai, onde tem um projeto ousado de abertura de uma nova indstria. “Vamos aproveitar a qualidade e o reconhecimento deles no mercado externo”, diz Zanatta. Se a qualidade do produto nacional ainda no est nos padres de todos os mercados importadores, o pas pelo menos j avana no mercado externo. Com saldo positivo nas exportaes nos ltimos anos, 2009 no foi favorvel. De janeiro a outubro ltimo, o pas obteve deficit de US$93 milhes, aps superavit de US$253 milhes em igual perodo de 2008. O retorno do deficit neste ano se deve, em parte, crise financeira internacional. A queda do petrleo retirou renda da Venezuela, um dos principais mercados do Brasil. Pases africanos, tambm afetados pela crise, compraram menos. Em 2010 o cenrio ser outro, segundo analistas do setor. Para Fagundes, a recuperao externa dos preos importante porque d sustentao renda dos produtores nacionais. J Lima Filho acredita na retomada maior das exportaes. O consultor da Scot diz que o pas tem de buscar novos mercados. Na sua avaliao, o pas deveria buscar importadores tambm na Amrica Central, na sia e no Oriente Mdio. Ele alerta, no entanto para dois pontos imprescindveis dessa abertura e sustentao de novos mercados: qualidade e oferta contnua de produtos. O efeito sazonal --safra e entressafra-- ainda afeta o comportamento do mercado brasileiro. Fonte: Folha de So Paulo. Mauro Zafalon. 1 de dezembro de 2009.