Queda das commodities reduz poder de troca por fertilizante 82e34

Os sojicultores que no compraram todo o adubo necessrio para o plantio da safra de vero precisaro de mais sacas do gro para comprar a mesma quantidade de fertilizantes. A forte queda nos preos das commodities agrcolas dos ltimos dias, motivada em parte pela crise econmica que se espalha pelo mundo, j cria um cenrio de incerteza com relao rentabilidade da prxima safra. Com essa queda, atualmente o custo com fertilizantes corresponde a 50% do gasto total por hectare em uma lavoura de soja. De acordo com a Cleres, o custo mdio para a prxima safra de R$1.587 por hectare, cerca de R$30,00 por saca. Atualmente, estima-se que 70% dos insumos necessrios para a produo da safra de vero j foram comprados, o que significa que uma parte dos sojicultores deva sofrer com esse cenrio. Leonardo Menezes, analista da Cleres explica que ontem os contratos de novembro fecharam em R$26,08 a saca e j inviabilizariam a produo em algumas regies do Mato Grosso. “O custo com o frete muito alto nessa regio, por isso o produtor ter problemas se os preos continuarem caindo”, prev. Segundo levantamento da Scot Consultoria, atualmente so necessrias 31,54 sacas de 60 quilos de soja para comprar uma tonelada de fertilizantes, com base em So Paulo. Bem acima da mdia de 22 sacas por tonelada. Com isso, o produtor dever avaliar as condies do solo e reduzir um pouco mais o uso de fertilizantes”, diz Jos Amaral, analista da Scot Consultoria. Glauco Monte, analista da FCStone, explica que o produtor que se adiantou na compra de insumos ter um custo mais favorvel neste ano. “Quem deixou para comprar agora ter um forte impacto nos custos”, diz. Ele explica que boa parte dos produtores estavam apostando em um cenrio de preos mais altos para a soja. “A queda na venda antecipada tambm foi motivada porque havia a expectativa de vender o gro por um preo melhor”, observa. Alm disso, explicou que os produtores que conseguiram travar os preos no perodo em que os preos estavam mais favorveis j esto garantidos. Para Eduardo Daher, diretor executivo da Associao Nacional para Difuso de Adubos (Anda), a queda nos preos do petrleo ainda devem demorar um pouco para chegar aos preos finais dos fertilizantes, como a uria. “A preocupao agora com o gs natural da Bolvia, que importante na produo da uria”, disse. No entanto, ele explica que as vendas dos fertilizantes foram maiores em relao a 2007. “Quando as commodities estavam em alta os produtores investiram e isso aumentou as vendas”, analisa.No caso do caf, o poder de troca de uma saca de caf arbica por fertilizante o menor dos ltimos 17 anos em algumas regies de Minas Gerais, responsvel por mais da metade da produo do Brasil. Segundo a consultoria FCStone, at junho deste ano, o fertilizante acumulou uma alta de 83% em doze meses. No mesmo perodo, o caf subiu 5,3%, ando de R$243,00 para R$256,00 a saca (60 quilos) do arbica tipo 6, conforme os dados do Centro de Estudos Avanados em Economia Aplicada, da Universidade de So Paulo, (Cepea/USP). O mesmo indicador diz que a saca foi negociada em mdia a R$263,00 na ltima semana. Com isso, a expectativa de algumas cooperativas que a aplicao dos adubos seja racionada em algumas lavouras. Na Cooperativa de So Sebastio do Paraso (Cooparaso), uma das maiores do pas, para adquirir uma tonelada fertilizante, a relao de troca exige quase seis sacas de caf arbica do tipo 6. Em 1992, essa proporo era de 3,5 sacas. “Estamos orientando o produtor a fazer uma boa anlise do solo para utilizar apenas o necessrio”, diz Marcelo de Moura Almeida, gerente Cooparaso. Fonte: Gazeta Mercantil. Agronegcio. Por Roberto Tenrio. 18 de setembro de 2008.