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Mudana cambial j afeta vendas para a Venezuela 2j5l2e

por Equipe Scot Consultoria
05/01/2011 - 09:51
A mudana cambial na Venezuela preocupa os exportadores de alimentos do Brasil, que vinham se beneficiando da taxa favorvel que era aplicada s importaes de itens bsicos. Como primeiro impacto, importadores venezuelanos j suspenderam o fechamento de novos negcios para compra de gado vivo. Entretanto, exportadores brasileiros ainda esperam que os efeitos sobre as vendas para a Venezuela no sejam grandes, j que o pas vizinho depende dos itens importados, pois a produo local no supre a demanda. Na semana ada, o governo venezuelano anunciou a “unificao” das taxas de cmbio do pas em 4,3 bolvares por dlar. A Venezuela convivia com duas taxas oficiais: 2,6 bolvares por dlar para a importao de alimentos, remdios e outros itens essenciais e 4,3 bolvares por dlar para todo o resto. Para analistas, a “unificao” no a de uma desvalorizao da moeda para um setor importante do pas. O Brasil um importante fornecedor de gado, acar e frango congelado para a Venezuela. Esses trs itens representam quase 40% das exportaes brasileiras para o vizinho. No ano ado, a exportao desses tens rendeu ao Brasil perto de US$1,5 bilho. No caso do gado bovino em p para abate, o principal item na pauta das exportaes do Brasil para a Venezuela, a expectativa de efeitos no curto prazo. A Venezuela hoje o principal destino do gado vivo exportado pelo pas. Entre janeiro e novembro do ano ado, o Brasil vendeu 580 mil animais ao exterior. Desse total, 532,7 mil cabeas foram para a Venezuela, conforme dados do Ministrio do Desenvolvimento. As vendas equivalem a US$547,5 milhes. Como primeiro impacto do fim da taxa preferencial para importao de alimentos, os venezuelanos suspenderam o fechamento de novos negcios de compra de gado vivo, segundo Alcides Torres, diretor da Scot Consultoria, especializada em pecuria de corte. A razo que, com a desvalorizao, o produto importado ficou mais caro. “De imediato, as vendas devem cair, mas depois se ajeitam”, afirmou. Um exportador do setor, que pediu para no ser identificado, disse que natural que haja uma suspenso temporria de novos negcios enquanto ocorre um realinhamento dos preos por conta da desvalorizao. Ele no acredita, porm, em recuo nas vendas, j que a Venezuela depende das importaes, j que no tem produo local. “No h outro pas de onde possam importar (gado vivo).” Com a maior dificuldade de vender gado vivo ao pas de Hugo Chvez, o Brasil ter de buscar outros mercados para os animais em p. J vende para Lbano e Egito, mas perdeu algum espao no primeiro para a Colmbia, por conta da alta da arroba do boi no Brasil e do real valorizado em relao ao dlar, disse Torres. Um exportador itiu que o cmbio venezuelano valorizado vinha estimulando as vendas de boi em p para o pas. Ele afirmou que agora deve haver mais embarques para outros pases importadores, como Lbano. Uma fonte de setor frigorfico no Brasil acredita que as exportaes brasileiras de carne bovina Venezuela devem ser mais afetadas do que as de animais vivos. O motivo o apelo “social” do gado em p, uma vez que o animal vivo exportado para abate em frigorficos na Venezuela, ou seja, gera empregos naquele pas. No setor de acar, a expectativa tambm que o Brasil no v deixar de exportar para o vizinho. “A dependncia da Venezuela (em relao ao acar brasileiro) bastante grande. Estamos acompanhando a situao de perto, mas no esperamos impacto grande no curto prazo”, disse Eduardo Leo de Souza, diretor executivo da Unica (Unio da Indstria de Cana de Acar). Leo de Souza lembra que o consumo de acar na Venezuela chega a 1,2 milho de toneladas por ano. O pas produz 500 mil toneladas e importa 700 mil toneladas. S do Brasil, comprou no ano ado 350 mil toneladas. Para a Unio Brasileira de Avicultura (Ubabef), “o maior impacto ser para o consumidor venezuelano, que poder reduzir o consumo e exigir novas formas de subsdio do governo para poder continuar comprando a protena mais consumida, mais barata e mais popular”. “Pelas experincias j vividas com a economia venezuelana, no se espera reflexo com relao s exportaes brasileiras.” O analista venezuelano Luis Vicente Len, diretor do instituto Datanlisis, diz que o impacto da desvalorizao “sem dvida deve ser muito grande na parcela mais pobre da populao” do pas. “O oramento das famlias de classe C e D chega a ser comprometido em 65% para a compra de alimentos e remdios.” Segundo o Datanlisis, as classes A, B e C comprometem at 43% de seus oramentos com a compra desses tens. Para Len, o governo deve anunciar em breve medidas para garantir a oferta de produtos no mercado e a manuteno artificial dos preos em patamares parecidos com os de hoje. E isso, segundo ele, dever criar ainda mais distores na economia do pas. “O governo d indcios de que vai apertar a poltica de controle de preos. Espera assim corrigir uma distoro ao aumentar outra. Se decidirem controlar os preos, ficar impossvel sustentar a produo local.” Fonte: Valor Econmico. Agronegcios. Por Alda do Amaral Rocha e Rodrigo. 5 de janeiro de 2011.