Safra histrica e preos em alta das principais commodities agrcolas elevam expectativa de bons negcios
A 18. Feira Internacional de Tecnologia Agrcola em Ao, ou Agrishow, em Ribeiro Preto (SP), foi inaugurada na segunda-feira, dia 2, com grande expectativa em relao ao desempenho dos negcios. Se seguir a tendncia das feiras j realizadas este ano, como Show Rural Coopavel, ExpoDireto Cotrijal, Tecnoshow Comigo e Expolondrina, a Agrishow pode bater recorde. Sem exagero.
Ou com exagero, j que a safra de vero que acabou de ser colhida , por si, superlativa. So 157,4 milhes de toneladas, um recorde, sendo que a principal commodity agrcola brasileira, a soja, nunca teve colheita semelhante no Pas, com 72,2 milhes de toneladas. O algodo, com preos remuneradores, dada a intensa demanda externa, fez com que a rea plantada crescesse espantosos 62,9%. Os preos do milho saltaram da mdia de R$20 a saca em janeiro de 2010 para R$32 em fevereiro deste ano, ou 50% mais. Isso sem falar na produtividade. No Rally da Safra, da Agroconsult, h registros de colheita de 90 sacas de soja/ hectare. Para o milho, 250 sacas/ hectare, impensveis h dez anos, quando a mdia da soja era 42 sacas/hectare e do milho 48 sacas/hectare.
Adicione-se a isso um cenrio de custos de produo at 25% mais baixos e est claro o lucro com o atual ciclo. “Desde a safra ada algumas commodities j vinham se recuperando”, diz o analista de Mercado da Agroconsult, Andr Debastiani. “Isso permitiu que o agricultor quitasse dvidas e se liberasse para investir.”
Racionalidade. S que a empolgao com o tempo de bonana - que deve durar at o fim de 2012, acreditam especialistas - deve dar lugar racionalidade na Agrishow. “Agora hora de investir, mas no que realmente necessrio”, diz o diretor-tcnico da Informa Economics FNP, Jos Vicente Ferraz. “O agricultor deve se perguntar: o quanto uma nova mquina vai me trazer de ganho de produtividade? Se a resposta for nada ou talvez, no invista.”
Para o diretor-presidente da Scot Consultoria, Alcides Torres Jr., o produtor deve reaplicar o lucro no prprio negcio, “em tecnologias que resultem em ganho de produtividade”.
Cada vez mais, alis, o agricultor precisar lanar mo da tecnologia para colher mais, j que o desbravamento de novas reas - hoje restritas a Maranho, Piau e Tocantins - ponto fora de questo para a maioria dos produtores, dado o vultoso custo envolvido nisso.
Basta fazer as contas e por o lado racional para funcionar, diz Ferraz. “O produtor sabe que se quiser continuar no mercado ter de melhorar a produtividade”, explica. “E isso obrigatoriamente a pelo investimento em tecnologia.”
O problema que, embora o momento seja favorvel, o produtor tem tendncia a gastar alm do necessrio, diz. “Se ele precisar trocar de mquina, troque, mas a deciso deve ser tcnica, e no baseada no emocional, que muito requisitado numa feira como a Agrishow.”
Quitao de dbitos
A superintendente tcnica da CNA, Rosemeire Santos, recomenda ao produtor que tem contrato renegociado quit-lo e s ento, se necessrio, financiar a compra de uma mquina nova, “pois os juros da renegociao, feita h alguns anos, so bem maiores do que os atuais.”
Fonte: O Estado de So Paulo. Economia. Por Tnia Rabello. 4 de maio de 2010.