Nos freqentes encontros que tenho com grupos de produtores rurais para debater assuntos relativos gesto de empresas costumo, a ttulo de motivao ou provocao, perguntar no incio do evento: “entre os presentes existe algum empresrio?”.
Invariavelmente a resposta vem, entre sorrisos tmidos ou constrangidos – “Ns empresrios!? Somos apenas pequenos ou mdios produtores rurais.”
Tenho constatado que na percepo popular, o termo “empresrio” est vinculado aos grandes empreendedores, proprietrios de cadeias de lojas, bancos ou grandes indstrias.
Os proprietrios rurais, de um modo geral, no se identificam com o termo, posto que no se consideram empresrios, mas sim produtores rurais.
Nessa concepo, empresrios so os proprietrios da agroindstria que compram, beneficiam e comercializam os produtos do meio rural.
No se trata aqui de discutirmos uma mera questo de semntica, mas o fato de os produtores no assumirem a condio de empresrios tem reflexos importantes no comportamento e atitudes dos mesmos na conduo de suas propriedades rurais.
DEFININDO EMPRESA
Para fins didticos, entre as dezenas de definies de empresa, vou servir-me daquela que me parece mais adequada aos propsitos deste artigo.
“Empresa todo o empreendimento que produz um bem ou um servio que tem um valor econmico e consumido pela comunidade”.
Dentro desta tica, a humilde sapataria do bairro uma empresa, na medida em que produz um servio (consertar sapatos), que tem um valor econmico e consumido e pago pela comunidade.
Ora... a propriedade rural que produz bens (feijo, leite, carne, frutas, etc.) e os comercializa, uma empresa. Por consequncia, a pessoa que a istra um empresrio. Agora, se um empresrio competente ou no, isto outra estria. Mas um empresrio sim!
UM OLHAR MAIS ADIANTE
Ao assumir a condio de empresrio, a tendncia de que o proprietrio rural e a olhar sua propriedade no apenas como um local ou ambiente de produo, mas sim como uma empresa que precisa ser istrada em seu conjunto.
Os componentes bsicos como terra, capital, mo-de-obra e tecnologia devem merecer igual ateno do , posto que a sade e o equilbrio da empresa dependem fundamentalmente do gerenciamento harmonioso de todos esses fatores.
De um modo geral, o proprietrio que no se considera empresrio concentra todo o seu esforo e trabalho exclusivamente na rea da produo. Os componentes capital, mo-de-obra e tecnologia so relegados a um segundo plano, quando no totalmente ignorados.
Por no avaliar o valor e a importncia do capital da empresa, tanto o imobilizado como o circulante, comum o produtor considerar a receita bruta de uma determinada atividade como lucro lquido e ar a gast-la de forma liberal, sem planejamento e sem se dar conta que est “comendo” o capital da sua empresa.
Em muitos casos a istrao financeira resume-se em anotar as sadas de dinheiro no canhoto do talo de cheques.
Mais adiante, quando os sinais de descapitalizao da empresa comeam a se tornar evidentes, torna-se difcil revitaliz-la. A, o negcio culpar a poltica econmica do governo, dizer que a agricultura no tem jeito mesmo e a sada vender a terra que restou e tentar uma nova vida em outro ramo de atividade.
Tambm por entender que a sua misso produzir, o produtor que no assume a postura de empresrio, no dedica a ateno necessria para o componente mo-de-obra que absolutamente indispensvel para o bom desempenho da empresa.
Poucas so as empresas rurais que contam com uma equipe de trabalho permanente, ajustada s necessidades da empresa, qualificada, consciente de suas responsabilidades e satisfeita com o ambiente onde atuam.
Tudo isso acontece porque de um modo geral o produtor rural no se identifica com a figura de empresrio.
Portanto, leitor, se voc proprietrio e/ou de um estabelecimento rural, voc um empresrio. Assuma-se!l

Otaliz de Vargas Montardo mdico veterinrio e instrutor do Senar – RS