A indesejada MF (Contribuio Provisria de Movimentao Financeira) foi extinta, pelo menos por enquanto.
Foi, em minha viso, uma vitria da democracia, demonstrando autonomia dos poderes e ao mesmo tempo um excelente momento para um repensar tributrio no Brasil.
Quando h forte empenho em torno de um determinado assunto, e no caso especfico da MF, que se tornou uma verdadeira obsesso por parte do governo, a viso do todo fica restrita, e perde-se a oportunidade de um olhar mais crtico para as inmeras oportunidades que se apresentam.
O corte inicial no oramento possibilita, por exemplo, uma reviso na qualidade dos gastos pblicos. Somos sabedores dos desperdcios, da corrupo enraizada nas mais diversas esferas de governo. Quando h perda de receita, surge uma grande oportunidade de efetuar cortes inteligentes (no aqueles lineares, que por vezes geram falta at de papel sulfite nas reparties pblicas). Inibe at mesmo a prtica do toma-la-d-c to comum em “negociaes” entre o executivo e o legislativo.
Outra oportunidade que surge a busca mais eficaz dos sonegadores. possvel, como vem ocorrendo, aumentar a arrecadao combatendo verdadeiras quadrilhas que abastecem a chamada economia informal. Tambm deve-se ter um olhar em relao aos inadimplentes, e de maneira mais gil, trazer recursos at ento represados pela falta de pagamento e que se perdem no excesso de burocracia do setor pblico.
Entendo que uma das maiores oportunidades uma discusso e implementao no curto prazo da reforma tributria. Um modelo que simplifique o sistema tributrio e ao mesmo tempo desloque a forte incidncia dos tributos da produo e consumo para os ganhos de capital, garantiria maior arrecadao sem que a cada momento o governo tivesse a necessidade de ar o chapu como foi caracterstica da negociao da MF. O que foi feito at agora muito pouco em face s necessidades econmicas do pas.
E por ltimo surge uma outra oportunidade, a de identificar os sofismas do atual governo, pois os discursos atuais vo no sentido de atribuir ao fim da MF o caos na sade, o no avano dos projetos sociais e um cem nmero de outras necessidades da populao.
As ameaas existem, somente os sbios as transformam em oportunidades.

Reinaldo Cafeo - 44 anos, economista, professor universitrio, ps-graduado em Engenharia Econmica, mestre em Comunicao. Atualmente, Conselheiro do Conselho Regional de Economia - CORECON, consultor empresarial nas reas econmico-financeira, diretor da Associao Comercial e Industrial de Bauru, perito habilitado para atuar em processos na Justia do Trabalho e Cvel (percia econmico-financeira), vice-diretor da Faculdade de Cincias Econmicas, comentarista econmico da TV GLOBO e da 94fm Bauru e Diretor do Escritrio de Economia ECONOMI@ Online.