ltimo ano dos dois mandatos de Lula e a tnica daqui para frente ser a sucesso presidencial e inevitavelmente a avaliao do desempenho do governo atual.
Houve inmeros avanos, notadamente na rea social, entretanto podemos apontar no campo econmico duas "heranas" nada animadoras.
Uma delas refere-se ao aumento dos gastos pblicos em custeio. As contas do governo esto cada vez mais apertadas e para compensar a o exagero nos gastos, investimento so adiados e a poltica monetria mantm-se restritiva para compensar a ausncia dos investimentos. So os efeitos colaterais do gasto sem critrio.
A outra "herana" vem do setor externo. O saldo de transaes correntes (somatrio dos saldos da balana comercial, de servios e transferncias unilaterais) negativo.
Mesmo atraindo fortemente o capital estrangeiro, comea-se a desconfiar se efetivamente o Real tem espao para continuar se valorizando. Em outras palavras: os estrangeiros j no vem o Real como moeda que pode oferecer retorno seguro e comeam a mudar de posio.
Novamente vir a taxa de juros para tentar equilibrar a questo. Juros mais altos so capazes de manter a atratividade no pas, mas inibe crescimento mais robusto da economia.
Evidentemente que neste ano em particular h a varivel eleio, que sempre suscita reflexes sobre eventuais mudanas no modelo econmico adotado no pas.
Voltando a anlise das "heranas". Algumas rubricas do gasto pblico no tm como ser controladas a curto prazo. Por exemplo: aumento dos salrios e do nmero de servidores pblicos no tem volta. Um caminho do sucessor de Lula seria aumentar a arrecadao, contudo a capacidade contributiva da populao j est no limite. Para os demais gastos em custeio o espao para manobra pequeno e a sada ser represar investimentos, isso sem contar a eventual necessidade de gerar supervit primrio mais consistente para compensar a provvel alta nos juros.
Em relao ao setor externo pode haver um pequeno alvio medida que a cotao do dlar se eleve. O saldo da balana comercial pode crescer e com ele auxiliar na diminuio do dficit em transaes correntes. Para isso, alm do cmbio, preciso que o resto do mundo volte a comprar em nveis mais elevados, o que dever ocorrer somente a partir de 2011. Mesmo assim sem reflexo imediato.
Em resumo: no curto prazo o governo Lula istra bem as variveis macroeconmicas, contudo, no longo prazo, o desafio enorme.
Vamos ver como se dar o debate poltico em torno destas questes quando as campanhas eleitorais estiverem na rua.
Opositores ou situacionistas tero enorme desafios pela frente.