O atual governo tem pouco mais que trs meses pela frente. Foram oito anos em que teve que conviver praticamente com dois momentos mais agudos na conduo da poltica econmica.
O primeiro momento provocado pela prpria eleio de Lula: o medo do novo. O mercado precificou em 2002, em plena discusso da sucesso presidencial, o temor de um governo do PT. A cotao do dlar disparou, atingindo R$4,00, e em ambiente de incertezas a inflao quase desgarrou.
Aps a eleio e posse, Lula manteve a poltica econmica neoliberal, optando por no mexer na poltica de juros altos, no regime de metas de inflao, mantendo a elevada carga tributria e ou a monitorar de perto a economia. Da para frente aproveitou o verdadeiro “cu de brigadeiro” da economia mundial, garantindo crescimento (mesmo que a abaixo da mdia mundial) com controle de inflao.
O segundo momento crise veio em 2008/2009. Provocada pelos Estados Unidos, a crise internacional, denominada como “marolinha” pelo presidente Lula, veio mais forte do que se imaginava, e apesar da inrcia em agir, o Brasil se saiu bem, blindado pela austeridade monetria e robustas reservas cambiais.
Considerando que a maior parte do tempo a economia nacional ofereceu boas respostas quanto arrecadao, deixando em segundo plano a chamada reforma do setor pblico e a reforma tributria, o governo Lula abriu a guarda.
Os gastos pblicos foram exagerados, principalmente no que tange ao custeio da mquina pblica, o que comeu boa parte do esforo em buscar sobras primrias (receita menos despesas, sem considerar juros da dvida), impedindo a queda mais firme dos juros bsicos (que so utilizados para financiamento e rolagem da dvida pblica), apontando para uma verdadeira armadilha, isto , ou se mantm a arrecadao nos nveis atuais, ou seja, praticamente 40% do produto interno bruto, ou os juros altos sero o grande instrumento para compensar a incompetncia na conduo dos gastos pblicos. Vejam que ambas mascaram o tamanho do setor pblico.
Esta herana dever ser enfrentada pelo novo presidente, seja ele quem for.
A outra herana real valorizado. A falta de poltica de longo prazo na questo cambial fez com que tivssemos um cmbio descalibrado. O dficit em conta-corrente no balano de pagamentos tem projeo 60 bilhes de dlares para 2011. Para fechar esta conta novamente os juros altos se apresentam como o grande atrativo para o capital estrangeiro. Os dlares entram em busca de bons retornos, a oferta da moeda estrangeira se amplia, sem demanda pela moeda estrangeira, o real se mantm forte. Prejuzo certo ao exportador brasileiro, que a principal fonte de recursos “bons” vindos do exterior.
evidente que em plena campanha eleitoral questes como estas no sero discutidas, mas, em algum momento devero ser enfrentadas e algo mais contundente dever ser feito.
O lamentvel observar que no aproveitamos o fato de o Brasil ser considerado a “bola da vez” na economia internacional, no implementando as reformas necessrias para sustentar o crescimento de longo prazo.
Gastos exagerados, cmbio descalibrado, maior taxa de juros do mundo, terceira maior carga tributria do planeta, excesso de burocracia, falta de investimentos em cincia e tecnologia, mo-de-obra desqualificada, so alguns exemplos dos desafios que esto por vir.
bom abstrair parte dos discursos fceis que apontam que nunca antes neste pas tivemos uma economia to bem istrada. Os desafios no sero poucos.