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Tudo o que voc precisa saber sobre agrotxicos 6cu4r

por Richard Jakubaszko
03/11/2011 - 17:20
Conforme j escrevi em outros artigos sobre agrotxicos, “agricultura poluio”. que onde se faz agricultura deixa de existir ecossistema, a a ser agrossistema. Tudo isto porque precisa-se alimentar uma populao planetria crescente. Desta forma, entendo que o ser humano o maior predador do planeta. E as pragas e doenas, quando descobrem uma lavoura, dito agrossistema, encontram alimento, sombra e tranquilidade, e nenhum inimigo natural, como ocorre num ecossistema. comer e comer o dia inteiro, reproduzindo-se sob as bnos de nosso clima tropical. Caso no se use agrotxicos eles podem reduzir de 40% a at 80% o que se pretendia colher, sejam frutas, verduras, legumes ou gros. prejuzo na certa, da o uso dos agroqumicos, tambm chamados pelos puristas como defensivos agrcolas. Separemos uma coisa, para o bom entendimento aos leigos daquilo que estou explicando: agrotxicos seriam os remdios das plantas, enquanto os fertilizantes seriam os seus alimentos. bom que se diga que fertilizantes so de origem mineral, e no so qumicos, exceto o fertilizante nitrogenado, mas a “qumica” a mnima, pois o nitrognio est no ar, na atmosfera que respiramos, e “capturado” por processos qumicos, atravs do uso de gases como catalisadores. Na soja, por exemplo, e em outras leguminosas, como o feijo, nem se usa fertilizante nitrogenado, pois se faz a inoculao nas sementes das plantas e estas fixam o nitrognio, dispensando o N da frmula do NPK. Sobre os chamados “alimentos contaminados por agrotxicos”, como falam as pessoas que mal conhecem o assunto, eles apenas repetem o que os outros dizem. A verdade que na qumica, parafraseando com Paracelso, um famoso mdico e alquimista alemo da poca da Renascena, a “dose faz o veneno”. Ou seja, tudo depende de quanto se ingere de um produto, seja qumico ou alimento. Nesse sentido, se voc tomar muita, mas muita gua mesmo, at ela pode fazer mal e matar, e no falo aqui de se morrer afogado, no. As doses de agrotxicos so planejadas para matar insetos e no gente de sangue quente, e com peso milhares de vezes maiores do que o de um inseto. Por exemplo: um inseticida tem uso desde 100 ou 200 g por hectare (1 hectare ou ha = 10.000m ou seja, 100 x 100 metros) a at uns 2kg, varia conforme o produto, e diludo em gua em quantidades de 200 a 500 litros de gua a serem pulverizados por cada 1ha. Ento, faa o clculo comigo, se 1kg tem 1.000 gramas, e se 1ha tem 10.000m, so despejados, sobre as plantas e tambm no solo, porque sempre h perdas, cerca de 0,10mg por m. Ainda neste exemplo, perceba que numa rea de 1m de lavoura possvel se ter 5kg de tomate, ou 3kg de morangos, s para lembrar. Isto significa dizer que, cada tomate, ou morango, se for bem pulverizado, se ter depositado de 0,01mg a 0,03mg por fruta. E se voc consumir este produto, lavando normalmente em gua corrente, poder, teoricamente, permanecer 0,001mg por fruta. Considerando que a dose letal daquele veneno para uma pessoa, seja de 0,10g por kg vivo, voc teria que consumir 100kg de tomate por dia multiplicado pelo seu peso, para ter uma dose letal... Estaria parcialmente certo, se voc argumentar, que 2 ou 3kg de tomate “envenenado” e no lavado poder causar problemas de toxicidade a voc, isto se voc for um alrgico, como eu sou. Mas no mata, pode crer, no mximo poderia dar uma diarreia, ou coceiras, ou dor de cabea. As formas que temos de nos prevenir contra isso , primeiro, lavando os produtos, e, segundo, variando a alimentao, assim voc nunca vai consumir o mesmo agrotxico. Claro, nunca coma mais do que 5kg do mesmo alimento no mesmo dia... Assim fazendo a gente consegue morrer com mais de 100 anos, e poderemos tranquilamente morrer atropelados quando chegarmos l. Afora isto, importante ressaltar que, exceo dos inseticidas organoclorados, que so cumulativos, uma das razes do seu banimento, os demais princpios ativos so metabolizados e eliminados do organismo humano pelas vias normais de excreo. Li, dias atrs, uma declarao do pessoal tcnico-agrcola da CEASA-SP que “os ingredientes ativos proibidos para uso agrcola, tais como inseticidas organoclorados (BHC, DDT, Aldrin, Dieldrin, Heptacloro etc.) e os fungicidas mercuriais, todos efetivamente banidos, no tm sido detectados nas anlises e nem existem evidncias de que estejam sendo usados no Brasil”. E se acontecer caso de polcia, pode mandar prender. Tem mais coisa "Os agricultores brasileiros usam muitos agrotxicos e por isto o Brasil campeo mundial no uso de agroqumicos". A primeira afirmao mentirosa, pois os agricultores brasileiros usam o necessrio, at porque esses produtos so muito caros, em mdia um herbicida ou inseticida de primeira linha custa mais de US$20.00 por litro ou quilo. Se o leitor calcular que um agricultor mdio ou pequeno tem no mnimo 80 ou 100 hectares d para calcular as despesas de forma simples, no ? Ningum gosta de jogar dinheiro fora. Usa-se porque absolutamente necessrio. Relembre o trem humano na foto l de cima deste artigo. J a segunda crtica, de que somos campees mundiais, esta verdadeira, mas apenas no valor absoluto e no total utilizado no ano, pela simples razo de que somos um pas continental, de dimenses gigantescas. Os EUA eram os campees, at dois anos atrs, e “perderam” esta posio porque aram a usar lavouras transgnicas, que usam menos agrotxicos, especialmente milho, soja e algodo. No Brasil estamos atrasados ainda neste quesito, por culpa dos biodesagradveis, que no querem nem uma coisa nem outra. Alis, ningum sabe o que eles querem... Quando se faz o clculo mdio, conforme a FAO/ONU, de kg ou litro por hectare usados de agrotxicos, camos para a 9 posio, pois os EUA, Alemanha, Frana, Argentina, Itlia, Espanha, Japo e Holanda, ganham de ns de goleada, em quantidade (peso) e em dlares. E mesmo que fssemos campees no uso mdio por hectare, a justificativa para isso seria mais do que lgica, pois somos o nico pas tropical desta lista, onde os insetos proliferam espantosamente. no calor que nasce mais mosquito, no ? L no hemisfrio Norte o clima frio, e no facilita a vida dos insetos, reduzindo com isso o uso dos venenos. Mas no s isso, que justamente por sermos um pas tropical, ou de clima temperado, com sol abundante o ano inteiro, que podemos plantar na mesma rea de terra duas lavouras por ano, safra de vero e safrinha de pr-inverno. Na mdia, acabam sendo cinco safras a cada dois anos. Enquanto os americanos e os europeus s conseguem uma safra por ano, pois no inverno no d para plantar nada, s gelo. Outra acusao falaciosa que se faz hoje em dia, especialmente o pessoal da Anvisa, que usamos no Brasil agrotxicos que seriam “proibidos” nos EUA ou na Europa. O que ocorre, na verdade, que so produtos sem pedido de renovao de registro na Europa ou EUA, porque as patentes venceram. Se no tem registro no pode vender. E aqui no Brasil tambm assim. Mas isto muito diferente de ter sido “proibido”. As empresas no renovam os pedidos de licena dos produtos com patente vencida para tentar “dificultar” a ao dos genricos vindos da China, frica do Sul, ou Israel. Os genricos ficam sem “referncias” de padro para registrar produtos na Europa. No Brasil, como o Governo Federal estimula os genricos, a importao livre e solta. Temos, ainda, uma concorrncia feroz disputando lavoura a lavoura a venda dos agrotxicos, especialmente chineses, e so todos genricos, os que se diz que foram “proibidos” na Europa. H um exemplo gritante ocorrendo no mercado brasileiro, o do inseticida metamidofs, recentemente proibido. um produto altamente eficiente, apesar da alta toxicidade, para vrias culturas (milho, soja, caf, batata, algodo) e foi desenvolvido pela Bayer nos anos 1950, tinha o nome de Tamaron, e apenas a antiga Hokko, hoje Arysta, depois de vencida a patente, conseguiu sintetizar e fabricar o produto, com o nome de Hamidop. Concorreram no mercado brasileiro at a chegada dos genricos, dentre outras empresas a Fersol. Quando os genricos do gnero metamidofs entraram aqui no Brasil a Bayer j tinha no mercado internacional um produto mais efetivo, com menor toxicidade e provavelmente maior rentabilidade. Alm dos genricos importados, a Fersol, empresa 100% brasileira, conseguiu sintetizar e fabricar o metamidofs aqui no Brasil, se no me engano desde os anos 1990, mas agora a Anvisa, numa ao intempestiva e ditatorial, por meio de portaria, sem ouvir ningum, e tampouco sem direito de defesa, conseguiu proibir a fabricao e venda do metamidofs no Brasil, a partir de junho deste ano. Se no houver uma liberao h o perigo de a Fersol quebrar, pois era o seu principal produto. A pergunta que fica no ar : por que no proibiu antes? Proibir, alis, nem a pergunta certa, a pergunta justa : por que liberou? Sim, porque a Anvisa um dos trs rgos federais que autorizam e liberam a fabricao e venda. Primeiro libera, e autoriza, mas depois probe? Ora, onde estamos? Tem alguma coisa errada nesse angu, e no s propaganda ideolgica contra agrotxicos, no. Vejo que a Anvisa deve explicaes aos agricultores brasileiros. Ainda sobre os perigos dos agrotxicos, uma garantia cientfica confirmada pelo mdico toxicologista ngelo Zanaga Trap, professor-doutor da Faculdade de Cincias Mdicas da Universidade de Campinas, Unicamp, dita em entrevista rdio CBN (em 24.06.10): "Tenho 30 anos de trabalho em clnica pblica de sade e, em todos esses anos, jamais detectei um caso de intoxicao alimentar por essas substncias", afirma ele. Da minha parte afirmo que, se os agrotxicos efetivamente fizessem tanto mal como apregoam seus inimigos, aconteceria ao contrrio com a expectativa de vida mdia dos seres humanos, no verdade? Essa mdia cada vez maior, no planeta inteiro. Portanto, consuma seus alimentos sem neuroses. E se voc leu este artigo at aqui, saiba que no exatamente tudo o que voc precisava saber, pois tem muita cincia, mais tecnologia e legislao, amparando o uso dos agrotxicos. Mas j foi um bom comeo... Portanto, lave antes, e seja feliz, pois se lavar fica bo!