Na edio 32, da DBO Agrotecnologia, set/out 2011, ouvimos cientistas de vrias reas da pesquisa brasileira para saber como a pesquisa dar respostas s necessidades de se aumentar a produo e a produtividade do agronegcio brasileiro. Observe a figura 1.

No editorial, registrei o que pensa e o que deveria pensar a pesquisa:
A matria de capa da edio um convite reflexo, e isto vale para produtores rurais, pesquisadores, empresrios e governantes. Pois h algo errado com o pensamento humano, em termos individuais e mesmo no coletivo. Pelo crescimento ainda de forma descontrolada das populaes, e esse o erro coletivo, a FAO / ONU alertou sobre a necessidade de produzirmos mais alimentos, ao invs de sugerir planos de reduo do crescimento demogrfico.
Enquanto os produtores rurais, para produzir mais alimentos, enfrentam limitaes impostas pela natureza – falta de gua e de terras frteis – ou pela imprevidncia governamental, na ausncia de infraestrutura, os cientistas nos dizem quais sero as tecnologias provveis. Informam que j existem tecnologias, e que elas esto disponveis, mas falta difundir, e convencer os produtores a usarem essas ferramentas.
Ao mesmo tempo, lamentvel assistir-se ao quase desmonte de rgos centenrios de pesquisa – como os Institutos Agronmico de Campinas, Biolgico, Zootecnia etc., em So Paulo – pela falta de estmulos aos missionrios da cincia. Enquanto isso, alguns pesquisadores informam que trabalham com linhas de pesquisa ainda no referendadas pelos seus pares, e onde no h consenso, como a questo do aquecimento global, por exemplo, j que h divergncias cruciais, e outros cientistas negam esse vaticnio. E esses so os erros individuais.
Ento, lcito concluir, a pesquisa joga dinheiro pblico pelo ralo ao pesquisar plantas tolerantes ao estresse hdrico – seria til a existncia de plantas assim, mas no como salvadoras da ptria.
Sem tempo para refletir, pesquisadores e humanidade vo em frente, os produtores rurais aguardam solues. As pessoas fingem que no tero problemas com alimentos no futuro, e os ambientalistas preferem proibir tudo no presente.
Marketing da Terra
Depois de esmiuar as previses dos cientistas na matria de capa, que poder ser lida na verso impressa apontamos no Marketing da Terra, nesta edio, uma proposta concreta de como viabilizar-se a difuso dos resultados das pesquisas, a qual transcrevo a seguir:
Como difundir as tecnologias geradas pela pesquisa
Debateram-se na presente edio, atravs da matria de capa, as solues previstas e recomendadas pelas cincias agronmicas para alavancar caminhos que aumentem a produtividade das lavouras brasileiras de modo a permitir que o Brasil consiga atender ao desafio proposto pela FAO / ONU de dobrarmos nossa produo agropecuria.
Um ponto em comum destacou-se entre os pesquisadores entrevistados: falta difuso de tecnologias, especialmente entre a chamada agricultura familiar (AF).
Nos dois ltimos anos o segmento da AF tornou-se o salvador da ptria para a indstria de tratores e implementos agrcolas, adquirindo tratores a juros baixos.
Invariavelmente foi o primeiro trator, e ainda os primeiros implementos. Pois chegada a hora de levar a esses mesmos produtores, j conhecidos, todos com nome e endereo fornecidos s indstrias, algumas pitadas de tecnologia, que garantam a eles aumentar produo e produtividade e para que possam pagar as dvidas contradas.
A revista DBO Agrotecnologia prope ao Governo Federal e aos membros do legislativo, Cmara dos Deputados e Senado, independentemente de se aprovar e ressuscitar a EMATER, ora em discusso no Congresso, que se implante um programa social aos moldes do Grupo 4 S (Sade para Sentir, Saber para Servir), ou Projeto Rondon (os dois programas tiveram amplo sucesso nos anos 1960 a 1980), formado por universitrios em final de curso das cincias rurais de todas as faculdades pblicas do Pas, sejam de Agronomia, Veterinria, Zootecnia, Engenharia Florestal e at mesmo de Economia. Seriam os mensageiros das tecnologias bsicas a serem transmitidas ao imenso contingente de produtores rurais pertencentes Agricultura Familiar.
Esses estudantes, por 3 ou 4 ou 6 meses cada um, prestariam servios sociedade, sem remunerao, mas em pagamento ao curso recebido gratuitamente. Esse tempo, uma espcie de residncia, como faz a Medicina, ajudaria os formandos a se preparar melhor para o futuro, como profissionais, mas permitiria tambm que se difundisse nos mais longnquos rinces deste Pas, o conhecimento mais moderno, novas tcnicas de plantar e criar, proporcionando uma melhoria excepcional da produo de alimentos bsicos como milho, feijo, arroz, mandioca, e ainda hortifrutis em geral.
Como benefcio adicional ter-se-ia o crescimento da renda mdia dos produtores rurais enquadrados na AF. E, bvio, pela ascenso social e econmica, tornar-se-o consumidores no apenas de mais insumos e de novas tecnologias, mas usurios de produtos tipicamente urbanos, como eletrodomsticos, automveis, roupas, mveis etc., ampliando e fortalecendo o excepcional mercado brasileiro de consumidores. Como j vimos no ado recente, uma garantia contra as crises econmicas que se desenham no mundo alm da fronteira.
Inmeros profissionais das cincias agrcolas, hoje em vias de se aposentar, ou j aposentados, aram pelos programas do Clube 4 S ou do Projeto Rondon. Guardam com carinho na memria, ainda hoje, as gratificantes vitrias conquistadas, sem contar a alegria de participarem, como jovens, da primeira aventura pr-profissional de transmitir os ensinamentos recebidos.
Adicionalmente, um programa como este que propomos, poder ser “istrado” at mesmo pela futura Emater que agora se pretende reativar, para levar assistncia tcnica a todos os produtores rurais.
Mas pode se tornar altamente produtivo se for feito de forma estrategicamente inteligente, e ainda reduzir o gigantismo de mais uma estatal que, por falta de salrios condizentes, se torne apenas mais um cabide de empregos de eternos insatisfeitos. Os custos so quase zero: estudantes no remunerados viajam para outros estados pelos avies da FAB, hospedam-se nas residncias dos prprios produtores, em escolas agrcolas, ou em indicaes da prefeitura.
Os benefcios seriam enormes!
Com a palavra os senhores legisladores e os nossos dignos governantes.