Os desafios internacionais do Brasil 6f3o1d

Por Marcus Vinicius de Freitas O Brasil vive sua dcada de ouro. Internacionalmente, aps os anos do presidente Lula - o Nelson Mandela brasileiro - com o fascnio de sua histria de homem humilde e retirante nordestino e em razo dos resultados positivos durante a crise econmica de 2008 e seus desdobramentos posteriores, o pas tem-se destacado na ordem mundial como uma potncia no mais emergente, mas como um destacado player nas questes que fazem parte da agenda global. Tal posio implica alguns benefcios: ao invs de ser um mero espectador ivo, o Brasil convocado a ter voz e a demonstrar liderana, devidamente ponderada e refletida, sobre as questes para as quais sua contribuio esperada. Trata-se de um dos maiores desafios do pas, uma vez que nossa tradio diplomtica no tem sido no sentido de assumir bandeiras ou liderar grandes mudanas. A busca eterna pelo consenso, caracterstico de nossa poltica externa, , sem dvida, o nosso maior entrave, uma vez que, como bem disse Margaret Thatcher, “onde h consenso, no h liderana.” Para liderar, preciso vencer a barreira de necessidade de aceitao positiva que, muitas vezes, parece constituir o elemento fundamental de nossa agenda. Liderar significa tomar decises e assumir que, raramente, tais decises cairo no agrado da maior parte dos pases. Liderar tambm significa diversificar as fontes de conhecimento para decises. O Itamaraty no suficiente nem tem a capacidade para ser o nico agente condutor de nossa poltica externa. preciso que se criem no pas mais rgos de pesquisa, think tanks, e o aprofundamento de estudos das reas afeitas s relaes internacionais. Neste sentido, os cursos atualmente existentes devem ser modificados no sentido de buscarem uma linha matricial de conhecimento, compreendendo estudos regionais, como Sudeste Asitico, Estados Unidos, Amrica Latina, Europa e frica, alm de reas funcionais, como Energia, Meio Ambiente, Defesa, Desenvolvimento Econmico e Social, Estratgia, Cincia e Tecnologia, dentre muitos outros. Este tipo de conhecimento essencial para melhorarmos a qualidade de nossa poltica externa e traz-la para os desafios do sculo XXI, quando o Brasil ar a ter um assento na tomada das decises mais relevantes da ordem global. Ato falho, neste sentido, foi a perda de oportunidade da presso quanto indicao do futuro presidente do Banco Mundial. Ao no coordenarmos efetivamente a questo de uma candidatura nica dentro do fictcio bloco BRICS, apontando um segundo colombiano para dirigir uma instituio financeira internacional, esquecendo-se de que o BID j tem um frente, o Brasil perde uma oportunidade importante de demonstrar liderana e coordenar com russos, indianos, chineses e sul-africanos a efetiva reforma de uma das mais importantes organizaes internacionais. preciso entender que a retrica do assento permanente no Conselho de Segurana no deve constituir a maior prioridade de assero de poder do Brasil. H muitos lugares onde o Brasil precisa ter voz ativa no processo de governana global. Por ltimo, a Cmara de Deputados e o Senado Federal devem, efetivamente, ouvir da sociedade, seus experts e especialistas, o que se pretende no processo de construo da imagem internacional do pas e do posicionamento deste na ordem mundial para, a partir da, definir os termos do Brasil que pretendemos construir. Se isto no for feito, continuaremos a tomar decises erradas. E - pior de tudo – apequenando a importncia e relevncia deste gigante que s vezes desperta, mas muitas vezes parece ainda querer retornar ao sono profundo.