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Indstria de rao pisa no freio 4s3m57

por Equipe Scot Consultoria
05/06/2012 - 09:20

Apesar das estimativas de aumento na produo, a indstria de nutrio animal deve crescer menos do que o esperado em 2012. Neste ano, a previso do setor que haja um avano de 2,8% na fabricao de rao, que deve somar 66,2 milhes de toneladas. No ano ado, o crescimento foi quase o dobro do projetado para 2012. 1nd1d

Alm de enfrentar queda no consumo de carne sunas - provocado por restries entrada do produto brasileiro em seus principais mercados e pela valorizao do real - os custos de produo das fbricas de rao esto mais altos do que no ano ado. Isso porque soja e milho tiveram valorizao de mais de 30% no mercado internacional e tambm no domstico. Os dois gros so a principal matria-prima da rao animal.

"Entre junho de 2010 e maro deste ano os custos de alimentao de sunos subiram 28 pontos percentuais, e para aves subiram 35 pontos", explica Ariovaldo Zani, vice-presidente executivo do Sindicato Nacional da Indstria de Alimentao Animal (Sindiraes).

Mesmo diante da possibilidade de queda nos preos do cereal, a indstria de rao mostra que est longe de absorver o excedente de produo do gro esperado para este ano. Reponsveis por consumir a maior parte da colheita de soja e milho do pas, as fbricas de rao devem aumentar em no mximo 1 milho de toneladas a demandas por cada um desses produtos, conforme clculo do Sindiraes. Em 2011, o setor consumiu 12 milhes de toneladas de soja e 37 milhes de toneladas de milho

Uma alternativa para reduzir os preos das raes seria a alterao de sua composio. Em mdia, a proporo adotada de 60% de milho e 20% de farelo de soja, com o complemento de outros insumos. De acordo com Irineu Dantes Peron, gerente de produo animal da Cooperativa Agroindustrial Consolata (Copacol), o milho adicionado mistura para ser fonte de energia, enquanto o farelo de soja fornece protenas. Sendo assim, a mudana geraria um desequilbrio na nutrio do animal. "E mesmo se fosse possvel alterar em grande escala, dificilmente haveria equalizao dos preos, pois o aumento do preo soja [que subiu cerca de R$ 10 por saca no ltimo ano] ainda no compensa a reduo do valor do milho", lembra ele.

A Associao Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) no acredita que haver excesso de milho no Brasil, ao contrrio do que diz a maioria dos analistas de mercado. Para o presidente da entidade, Alysson Paolinelli, a pecuria vai consumir parte do milho excedente e o restante ser enviado ao mercado externo. "O que no for consumido internamente dever ser exportado, portanto no haver sobras", diz o executivo.

"A infraestrutura estava sendo usada prioritariamente para a exportao de soja, mas h condies de exportar essa oferta adicional de milho sem problemas", acrescenta Robson Mafioletti, assessor tcnico da Organizao das Cooperativas do Paran (Ocepar).

H quem diga, porm, que o Brasil precisa exportar mais de 10 milhes de toneladas de milho. Se esse excedente no for escoado, o preo no Brasil pode se desvalorizar mais do que no mercado internacional. "Tem muita coisa para acontecer e em pouco. Com milho barato, os Estados Unidos devem recuperar sua participao nas exportaes", avalia Steve Cachia, da Cerealpar.

Produto contm mais farelo de amendoim

Sem estoque prprio de soja e diante da baixa disponibilidade no mercado, muitas cooperativas tm reduzido a parcela do gro na composio das raes. O desafio ainda inserir outros ingredientes sem comprometer a nutrio dos animais. De acordo com Jeferson Caus, gerente de Raes da Cooperativa Agrria em Entre Rios, no Centro-Sul do estado, a mudana faz com que a alta nos preos seja menos expressiva. "O preo da rao j aumentou, mas no tanto quanto aumentaria se continussemos usando apenas a soja", explica.

Caus comenta que a cooperativa deve aumentar a produo de rao para este ano, saltando de 165 mil toneladas para 180 mil. Cerca de 70% desse volume direcionado para a produo bovino leiteira e outros 20% para o gado de corte. A composio do produto mudou e a soja, que representa um quinto da rao, est sendo substituda entre 5% e 10% por outras matrias-primas. "No se pode substituir totalmente a soja por milho, pois ela uma fonte proteica. Ento estamos usando farelo de algodo e de amendoim", diz.

Encarando o mesmo cenrio, a Cooperativa Lar, de Medianeira, Oeste do estado, tambm diminuiu a proporo de soja, que normalmente corresponde a 30% da rao. Segundo Letcia Lorenon, nutricionista da fbrica da Lar, outras fontes proteicas como farinha animal e enzimas esto sendo utilizadas na formulao. "A produo total deve aumentar de 50 a 100 mil toneladas, podendo chegar a at 500 mil. Desse total, cerca de 65% so destinados criao de frangos", comenta.

A Cocamar, de Maring, pode ser considerada uma exceo nesse cenrio. De acordo com Joel Murakami, coordenador tcnico de pecuria na cooperativa, como a unidade de rao comeou as operaes em maro do ano ado, h potencial para aumentar em at 70% o total produzido.

Com consumo mensal de 500 toneladas de soja e 1.000 toneladas de milho para a produo mdia de 1900 toneladas de rao, o uso de insumo deve ser maior, mas sem mudana nas propores de cada ingrediente. "Temos uma boa quantidade de soja em estoque, que poderemos utilizar pelo menos at o fim do ano e sem rear integralmente os custos aos clientes", afirma.

Fonte: Gazeta do Povo. Por Igor Castanho. 4 de junho de 2012.