J faz algum tempo que defendi o bispo Edir Macedo, da IURD, de vituperaes contra sua figura circulando na mdia. As lnguas ferinas diziam, boca mida, que este Servidor de Deus era culpado de sonegao de imposto de renda e lavagem de dinheiro quando ele tinha apenas sido indiciado, mas no condenado pela justia pela prtica de ambos os crimes. 3po5d
Ora, todo mundo inocente at que haja prova em contrrio.
Agora o a defender o ministro Ricardo Lewandowsky do STF de crticas mordazes e infundadas em relao s suas sentenas no julgamento do Mensalo.
Dizem que elas so demasiadamente longas e prolixas propositalmente para retardar, o mais que possvel, o andamento do processo por um inconfessvel objetivo.
Quando, na realidade, o ministro no possui esse irvel poder de sntese. Ora, nem todos possuem esse aprecivel atributo.
H quem diga, por exemplo, que o ministro Toffoli, que tinha sido advogado do PT, foi nomeado por Lula para continuar desempenhando este mesmo papel no STF e que Lewandowsky, embora nunca tenha sido advogado do Partido dos Trabalhadores, ou a ser no STF quando nomeado tambm por Lula.
Que despautrio! Se todo Ministro do STF, que tivesse sido nomeado por Lula, fosse um advogado de defesa do PT, era de esperar que o ministro Joaquim Barbosa, relator do Mensalo - tambm nomeado por Lula - fizesse uma ardorosa absolvio de todos os rus pertencentes ao PT.
No entanto, no isso que tem ocorrido ao longo do julgamento do Mensalo em que Joaquim Barbosa tem condenado severamente membros do PT, principalmente o trio comandante da falcatrua: Jos Dirceu, Genono e Delbio.
Alguns militantes petistas mais exaltados chegaram mesmo a cham-lo de "traidor", qualificao esta altamente injuriosa, pois s seria cabvel caso ele tivesse trado aquilo que tem por misso defender: a Constituio, da qual um dos Guardies.
Outros foram alm fazendo imprecaes de cunho racista em relao ao referido ministro, s porque ele tomou firmemente decises bem fundamentadas que contrariavam seus mais caros desejos. Ora, isto no a de wishful thinking (pensamento desiderante).
O ministro Lewandowsky, ao contrrio, tomou uma deciso favorvel a Genono, mas no hesitou em condenar Delbio Soares. Mas os maledicentes encararam isso como uma engenhosa estratgia.
Condenando Delbio, ele afastava a ideia de que era um advogado do PT, mas absolvendo Genono, ele estava preparando o caminho para uma futura absolvio de Jos Dirceu, o chefo do Mensalo, segundo o procurador-geral e segundo o relator do processo, Joaquim Barbosa.
Vejam a que ponto vai a imaginao maldosa dessa gente. No h mesmo limites para essa mazela da alma. Se o ministro absolveu Genono, porque ele simplesmente no sabia das falcatruas que o tesoureiro do PT, Delbio Soares, estava armando por debaixo do pano.
Genono no pode ser responsabilizado pelos atos escusos do tesoureiro de seu partido, s porque ele era presidente do PT na poca da ocorrncia.
Como disse Lula em referncia a si mesmo, mas serve tambm para Genono: "Como um sujeito que est no quinto andar pode ficar sabendo o que fazem os que esto no quarto andar?!"
Lembro-me bem de certo decreto pelo qual andaram sentando a ripa no Lula, mas ele apresentou uma justificativa plenamente aceitvel. Disse ele: "Eu assinei sem ler". E teve gente que clamou por um impeachment, s por causa dessa insignificncia corriqueira!
Ora, vamos e convenhamos, voc faz uma ideia da papelada em cima da mesa de um presidente assoberbado de trabalho?!
Diante disso, perfeitamente compreensvel que o presidente disponha de assessores especiais para separar os papis contendo assuntos de grande relevncia de outros que no am de formalidades e trivialidades. Estes ele assina automaticamente aps uma rpida vista d olhos.
No tm o menor cabimento essas imprecaes e vituperaes contra o ministro Ricardo Lewandowsky acusando-o de facciosidade a favor do PT.
O ministro sempre decide conforme seu entendimento, condenando quem acha que deve ser condenado e absolvendo quem acha que deve ser absolvido, porque ele conhece muito bem o antigo adgio jurdico romano: Ubi nocens absolvitur judex damnatur (Quando um criminoso absolvido um juiz condenado).
Por Mario Guerreiro