Scot Consultoria
scotconsultoria-br.noticiascatarinenses.com

Concentrao na rea de insumos mais do que dobra em 20 anos 4v2q4f

por
02/01/2013 - 08:43

Mais da metade das vendas globais de sementes, defensivos, mquinas agrcolas e produtos de sade e gentica animal est nas mos de apenas quatro empresas em cada segmento, reflexo do movimento de concentrao da agroindstria nas ltimas duas dcadas. 4w6a5u

o que mostra a ltima edio da "Amber Waves", publicao tcnica do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Conforme os autores do estudo, os ndices de concentrao praticamente dobraram no perodo analisado, resultado das "foras de mercado, da emergncia de novas tecnologias e de polticas governamentais".

O segmento de sementes e biotecnologia o que mais se concentrou. Em 1990, ano-base da pesquisa, os quatro maiores grupos da rea respondiam por 21,1% das vendas mundiais. Essa fatia saltou para 32,5%, em 2000, e 53,9%, em 2009.

Grande parte dessa concentrao foi consequncia da aquisio de pequenas e mdias empresas de biotecnologia (muitas delas, nascidas dentro de universidades dos Estados Unidos entre os anos 1970 e 1990) pelos grandes conglomerados do setor qumico.

De acordo com o levantamento do USDA, das 27 pequenas e mdias empresas de biotecnologia criadas entre 1985 e 2009, 20 foram parar nas mos de Syngenta, Bayer, Basf, Dow, DuPont e Monsanto.

A concentrao no segmento de biotecnologia tambm explicada pelo processo de mudana tecnolgica associado aos transgnicos, no qual algumas empresas saltaram frente - por causa do gene Roundup Ready (que tornou as plantas resistentes a um potente herbicida), mais de 90% da produo de soja de Brasil e Estados Unidos paga royalties Monsanto.

Mesmo assim, s nos anos 2000 a companhia americana arrematou cerca de 20 companhias de sementes e biotecnologia, entre as quais as brasileiras Canavialis e Alellyx, que desenvolvem pesquisas na rea de gentica para cana-de-acar.

O mercado de defensivos agrcolas tambm ou por uma forte concentrao. As quatro maiores empresas do ramo, responsveis por 28,5% das vendas em 1994, viram sua participao crescer para 41%, em 2000, e 53%, em 2009. O movimento reflete, em parte, a fuso das divises agrcolas da Astrazeneca e da Novartis, em 2000. O negcio deu origem Syngenta, que hoje a lder em vendas de qumicos para agricultura.

"O setor de qumicos parece ter sido grandemente afetado por mudanas regulatrias nas reas de sade, segurana e meio ambiente, s quais grandes empresas parecem estar mais preparadas para atender", observam os autores do estudo.

Na indstria de mquinas agrcolas (tratores e colheitadeiras), o ndice de concentrao saltou de 28,1% para 32,8% ao fim da primeira dcada analisada, e a 50,1% na seguinte - com a colaborao da fuso entre New Holland e Case IH, em 1999, e a compra da Valtra pela AGCO, em 2003. Para o USDA, perdas financeiras causadas por recesses prolongadas na agricultura foram a principal causa da concentrao na rea.

J em sade animal - que atravessou um complexo processo de fuses e aquisies nos ltimos anos - as empresas-lderes detinham 32,4% das vendas em 1990. Essa participao evoluiu para 41,8% e 50,6% nos anos 2000 e 2009, respectivamente.

De acordo com o estudo do USDA, uma das consequncias desse processo foi a concentrao dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) - ainda mais intenso do que o das vendas. No segmento de sementes e biotecnologia, por exemplo, oito empresas, detentoras de 63,4% das vendas globais, responderam por 76% de todo o gasto em P&D em 2010.

Tendncia semelhante foi observada nos demais segmento avaliados: no de defensivos, cinco empresas aplicaram 74% de todo o gasto mundial em P&D. No de mquinas, quatro companhias arcaram com 57% desse investimento. No de sade animal, oito grupos foram responsveis por quase 66% da pesquisa e desenvolvimento do ramo.

"Todas essas companhias so multinacionais com instalaes de pesquisa e desenvolvimento posicionadas em todo o mundo. Essas redes de pesquisa permitem que grandes empresas desenvolvam e adaptem novas tecnologias s condies locais e atendam s exigncias regulatrias para a introduo de novos produtos", explicam os autores do estudo.

A outra consequncia uma maior presso sobre os preos desses produtos. "Nos ltimos anos, os insumos agrcolas vm subindo mais do que os preos recebidos pelos produtores por suas safras." Os preos das sementes, exemplifica o USDA, mais do que dobraram em relao aos preos das commodities agrcolas.

Fonte: Valor Econmico. Pela Redao. 2 de janeiro de 2013.