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Comrcio exterior: perspectivas 4z668

por Fabio Lucheta Isaac
12/11/2007 - 09:48
Nos ltimos tempos, manter uma indstria em boas condies de competitividade no cenrio internacional est cada vez mais difcil. At porque os obstculos so muitos, a partir da baixa cotao do dlar, que vem destruindo no Pas a semente de uma indstria exportadora, ando pelos eternos "gargalos" logsticos que "sobretaxam" as exportaes, at a falta de uma estratgia definida por parte do governo federal para o comrcio exterior, agravada pela recente concorrncia dos tigres asiticos, especialmente da China. Para quem se deixa impressionar apenas pela leitura dos nmeros, o governo federal costuma exibir o crescimento das exportaes e, principalmente, do saldo da balana comercial para justificar um otimismo forado. Mas quem prefere analisar a conjuntura sem partidarismo observa que as exportaes do Pas vm crescendo nos ltimos anos apenas em commodities - petrleo (que o Brasil importa e exporta), minrio de ferro e soja -, enquanto os produtos manufaturados, que representam maiores ganhos para a economia nacional, encontram-se com as vendas estagnadas h vrios anos. Isso significa que, a mdio prazo, a tendncia o desaparecimento do supervit em conta corrente (que, alm da balana comercial, inclui transaes financeiras e servios). Basta ver que o supervit em conta corrente caiu de 1,76% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2004 para 1,28% em 2006. Para este ano, a projeo mdia do mercado para o supervit em conta corrente de US$10 bilhes e, para 2008, de US$3,17 bilhes. Mas, para 2009, est projetado um dficit de US$670 milhes. Por isso, fundamental investir cada vez mais nas exportaes, aumentando a fatia do Brasil no bolo do comrcio mundial, hoje restrita a 1% de tudo o que se compra e vende no planeta. Como so as vendas externas que foram a demanda interna, s com o aumento das exportaes ser possvel criar o capital necessrio para o aumento das importaes. Afinal, s por meio das importaes ser possvel abrir espao para que o Pas obtenha a transferncia de tecnologia e inovao necessria para assegurar o seu desenvolvimento. O reverso dessa medalha o perodo de substituio das importaes que o Brasil viveu ao final do sculo XX, quando a economia nacional era ainda mais fechada, sem competio em seu mercado interno, o que levava a uma natural acomodao do setor privado. Na verdade, o Pas ainda no est longe desse cenrio, pois, hoje, as prioridades do Ministrio das Relaes Exteriores ainda so essencialmente polticas, pouco representativas em matria de negcios, seguindo uma conduta exatamente oposta do governo chins, por exemplo, que no parece preocupado com generosidades, mas apenas em defender seus interesses. Os resultados dessa orientao equivocada, se no so totalmente desprezveis, pouco representam em termos de abertura de negcios e ampliao da corrente de comrcio. Em outras palavras: o Brasil tem perdido muito tempo e esforo com aproximaes com a frica e o Oriente Mdio, em detrimento de economias muito mais avanadas como Japo, Coria do Sul, Unio Europia e EUA. Sem contar as estratgias ditadas por um vis de carter poltico fora de moda, como o trabalho desenvolvido sub-repticiamente, ao lado da Argentina, para levar ao fracasso as negociaes para a formao da rea de Livre Comrcio das Amricas (Alca), que levaram o Pas a uma conduta vista como isolacionista, o que pode ser comprovado apenas com um dado: entre 1995 e 2006 foram fechados no mundo 176 acordos comerciais e o Brasil no participa de nenhum, continuando atolado no Mercosul em crise. Para piorar, alm de investir muito lentamente na recuperao da infra-estrutura, o governo insiste em protelar a deciso de fazer uma reforma tributria que venha a desonerar os produtos manufaturados, que geram mais empregos e so mais estveis, ao contrrio das commodities. Fonte: NetMarinha. 11 de novembro de 2007. Por Milton Loureno.