Encontro de Confinamento entrevista o palestrante Fabiano Tito Rosa 3h5w4o

Nos dias 3, 4 e 5 de abril acontecer o tradicional Encontro de Confinamento da Scot Consultoria, em Ribeiro Preto-SP, onde o melhor time de analistas de mercado e de tcnicos do setor discutiro o que ser possvel e o que ser impossvel para os confinadores nesta temporada. 6h5b1v

O encontro uma referncia de mercado e vem sendo realizado h vrios anos, concentrando profissionais de toda a cadeia pecuria.

O evento reunir os principais agentes-chave da pecuria brasileira para expor, de forma clara e objetiva, as tendncias de mercado: principais ferramentas de proteo de preo, estratgias de manejo, mercado de gros, nutrio de animais, reforma de pastagens, custos do confinamento, entre outros.

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Um dos palestrantes ser o zootecnista Fabiano Tito Rosa, head research do Grupo Minerva.

Sua palestra abordar a importncia da gesto de risco, definies do boi a termo e a relao do boi a termo com a bolsa de valores.

Para saber um pouco sobre a palestra, leia a entrevista que ele concedeu organizao do Encontro de Confinamento da Scot Consultoria.

Entrevista com Fabiano Tito Rosa

Scot Consultoria: De quais formas o produtor pode evitar perdas com a queda de preos?

Fabiano Tito Rosa: Primeiramente, no fsico, acompanhando e analisando este mercado para se antecipar a movimentos desfavorveis de preo; nesse caso, vender antes da queda ou antes que a relao custo x benefcio da manuteno do animal em engorda (anlise que envolve a expectativa de preo, o ganho de peso e o custo de produo) se deteriore.

Adicionalmente, existem as ferramentas de hedge, ou seja, de garantia de preos futuros. Para o produtor, isso implica em vender contratos futuros ("travando" um preo) ou adquirir opes de venda, as chamadas puts, garantindo um valor mnimo.

A primeira modalidade no tem custo e a segunda, que permite ao pecuarista participar de um eventual movimento de alta, existe o prmio da opo, ou seja, o custo do seguro. Existem algumas derivaes, as chamadas operaes estruturadas, como puts sintticas ou venda de call (opo de compra) para financiar a compra da put, mas o bsico o que foi descrito.

Essas operaes podem ser feitas diretamente na BVM&F Bovespa, atravs de uma corretora, ou junto ao frigorfico, via contratos a termo. Vale destacar que as operaes de boi a termo oferecem algumas vantagens ao produtor: no h depsito de garantia, no preciso se preocupar com ajustes dirios, o chamado risco de base pode ficar com a indstria e, no caso da aquisio de opes (que chamamos de "boi a termo preo mnimo"), o custo do seguro descontado do pecuarista no momento do pagamento dos animais, ou seja, no h desembolso.

Scot Consultoria: Qual o ponto de maior ateno na gesto de risco?

Fabiano Tito Rosa: Difcil escolher um nico ponto. Conhecer o custo de produo essencial, pois a base para avaliar se existe, ou no, a possibilidade de se garantir o lucro antecipadamente. Tambm necessrio estar atento ao mercado, para no deixar ar boas oportunidades de hedge, ao mesmo tempo em que preciso conhecer as ferramentas disponveis para escolher aquela que melhor se encaixa ao momento e ao perfil do produtor.

No caso da venda de contratos futuros (diretamente na Bolsa), preciso avaliar o risco da estratgia sobre o fluxo de caixa da empresa, pois ajustes dirios na contramo da posio tomada pelo pecuarista podem compromet-lo significativamente at a liquidao do contrato.

Vale lembrar tambm que no existe operao sem risco e, por isso, importante geri-lo.

Scot Consultoria: Em fase de baixa do ciclo de preo pecurio, o pecuarista deve utilizar os mecanismos de proteo de preos em todas as suas negociaes como forma de gerenciamento de risco da atividade? possvel uma proteo total ou apenas uma porcentagem de uso?

Fabiano Tito Rosa: A gesto de risco tem que se fazer sempre presente.

Logicamente que, em fase de baixa do ciclo, a adoo de uma estratgia short (vendida) ganha mais importncia. Existem estratgias e ferramentas para todas as pocas do ano, independentemente do sistema de produo, e para todas as regies do pas.

Tanto a estratgia a ser adotada quanto o volume de animais em operao de hedge, so definidos pelo pecuarista. O conhecimento do custo de produo importante neste ponto, uma vez que ao vislumbrar a possibilidade de hedgear um lucro acima do previsto, pode ser interessante travar toda a produo. Entretanto, se a margem indicada baixa, ou at mesmo negativa, outras estratgias podem ser mais adequadas.

Scot Consultoria Os frigorficos obtiveram boas margens em 2012. Para 2013, o setor espera manuteno dessas margens? Quais as mudanas esperadas de um ano para outro?

Fabiano Tito Rosa: Sim, as margens da indstria tendem a permanecer em bons patamares, diante de preos competitivos da matria prima, como era de se esperar na fase de baixa do ciclo pecurio. Vale lembrar que a matria prima responde por cerca de 80% dos custos de produo da indstria frigorfica.

Paralelamente, acreditamos que h pouco espao de queda para a carne bovina, mesmo com forte aumento de produo. Isso porque os preos das protenas concorrentes (frango e suno), aps aumento de custos e forte ajuste de produo, encontram-se bastante elevados.

J no mercado internacional, o Brasil deve se beneficiar de um quadro de oferta relativamente enxuto, mediante dificuldades enfrentadas por importantes players, como Estados Unidos, Argentina e Unio Europeia.

Scot Consultoria: Quais as principais estratgias adotadas pelos frigorficos nas fases de baixa do ciclo pecurio? Compram o que podem?

Fabiano Tito Rosa: Na fase de baixa do ciclo, mediante aumento da oferta de animais para abate, teoricamente os frigorficos podem ser mais seletivos. Alm do mais, adotar uma estratgia de escalas curtas tambm pode fazer sentido, j que a tendncia de queda dos preos.

Porm, na prtica, em funo de uma srie de fatores, como a sazonalidade dos preos, os diferenciais de base, a heterogeneidade regional da matria prima em termos de volume e qualidade, as carteiras de venda de cada unidade, acidentes sanitrios, etc., o desenho da estratgia de compra no to simples e est sujeito a variaes ao longo do ano.