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Alta do boi deve afetar margem da indstria 302v4v

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08/05/2013 - 15:42

Festejada como uma das principais responsveis pela recuperao das margens dos frigorficos de carne bovina do pas no ano ado, a maior oferta de boi gordo no foi capaz de compensar o mpeto da demanda por carne bovina nos primeiros meses em 2013, o que pode reduzir a rentabilidade das empresas de carne bovina. 3q441y

Ainda que as margens operacionais permaneam em patamares razoveis para um setor acostumado a margens estreitas, analistas do setor e executivos de frigorficos j sinalizam que 2013 no ser to "excepcional".

No fim de maro, o futuro CEO da Marfrig, Sergio Rial, reconheceu que a empresa dificilmente repetir a margem de 13,4% registrada por sua diviso de bovinos em 2012. "Historicamente, margens de dois dgitos no o que se v em bovinos", afirmou poca, sinalizando resultados mais fracos no primeiro trimestre do ano. A Marfrig divulgar os resultados do perodo na prxima semana.

O desempenho mais fraco explicado, em grande parte, pelo comportamento "atpico" dos preos do boi gordo nos primeiros meses deste ano. Responsvel por cerca de 80,0% dos custos de produo de um frigorfico de carne bovina, o preo do animal costuma ceder nos primeiros meses do ano, perodo em que as chuvas favorecem a qualidade das pastagens e, consequentemente, a engorda do rebanho. Neste ano, contudo, a cotao subiu. "Tivemos um comportamento atpico para o perodo da safra", diz o analista Douglas Coelho, da Scot Consultoria.

Entre janeiro e 7 de maio deste ano, os preos do boi gordo no estado de So Paulo subiram 0,8%, ando de R$99,46 por arroba para R$100,27 por arroba, conforme o indicador Esalq/BM&FBovespa. No mesmo intervalo de 2012, os preos caram 4,9%, recuando de R$100,79 por arroba para R$95,86 por arroba.

Na comparao entre os preos mdios de cada perodo, a arroba tambm sobe. Entre janeiro e os primeiros dias de maio de 2012, o preo mdio do boi gordo foi de R$97,66 por arroba. No mesmo intervalo deste ano, o preo mdio foi de R$100,77, valor 3,2% maior.

Relatrio do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuria (Imea) refora a perspectiva de preos sustentados para o boi gordo. Os analistas do rgo lembram que, historicamente, maio o auge da safra, perodo em que o boi gordo atinge o menor valor do ano devido presso pela proximidade do perodo seco, que estimula os pecuaristas a enviarem mais animais para o abate. Neste ano, no entanto, "os indicadores de tendncia vm demonstrando que os menores valores da arroba no ano no sero registrados em maio", diz o relatrio.

J o banco holands Rabobank estimou, em sua anlise mais recente, que os preos do boi gordo podem perder fora at julho. Na avaliao do banco, as melhores condies das pastagens no incio do ano permitiram que os pecuaristas segurassem mais animais no pasto.

Mas a chegada do perodo seco "pode desencadear um aumento abrupto de oferta, o que poder pressionar fortemente as cotaes dos animais para o abate ao longo dos prximos trs meses", diz relatrio do Rabobank. De todo modo, a instituio ressalva que a queda "esperada das cotaes tende a ser limitada pela expectativa de forte ritmo das exportaes", afirma.

Para o gerente de pesquisa de mercado da Minerva Foods, Fabiano Tito Rosa, o comportamento "atpico" dos preos do boi gordo no de todo ruim. A oferta de boi gordo, diz ele, continua elevada, mas est sendo absorvida pela demanda para exportao. S no primeiro trimestre, as vendas externas de carne bovina saltaram 26,3%, segundo a Associao Brasileira da Indstria Exportadora de Carne Bovina (Abiec). O consumo interno tambm est forte. "Nos primeiros quatro meses, houve um aumento de abate de 10,0%. A indstria est com fome", estima Rosa.

Fonte: Valor Econmico. Por Luiz Henrique Mendes. 8 de maio de 2013.