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A necessidade de produzir mais em menos rea uma realidade para a pecuria brasileira. O mercado e a legislao ambiental conduzem para essa estratgia.
Em funo desse cenrio que nos dias 25 e 26 de setembro acontecer em Ribeiro Preto-SP o Encontro de Adubao de Pastagens da Scot Consultoria - Tec- Frtil.
Para maiores informaes e www.encontrodepastagem.com.br.
Adilson de Paula Almeida Aguiar ser um dos nossos palestrantes.
Ele zootecnista pela FAZU, especialista em Didtica do Ensino Superior (UFV, Viosa) e em Solos e Meio Ambiente (UFLA, Lavras).
Sua palestra ser sobre as "Recomendaes de correo e adubao da pastagem com base em modelo de balano de massa - uma viso sistmica".
Para saber um pouco sobre a palestra, leia a entrevista que ele concedeu organizao do Encontro de Adubao de Pastagens.
Entrevista com Adilson de Paula Almeida Aguiar
Scot Consultoria: Como funciona a recomendao de correo e adubao de pastagem por meio de modelos de balano de massa?
Adilson Aguiar: O balano de massa um modelo matemtico que possibilita a incluso de todos os compartimentos de um ecossistema de pastagem, que so a atmosfera, o solo, a planta forrageira, o animal e os insumos utilizados (suplementos, corretivos e fertilizantes). Estes compartimentos contribuem com entradas e com sadas de nutrientes que ciclam no sistema da pastagem. Este software possibilita a incluso do ndice pluviomtrico e da anlise de solo da propriedade em questo, as metas de produtividade em unidades animais/ha ou em litros de leite ou quilos de carne/ha; a composio qumica da forragem e dos suplementos utilizados, a quantidade de suplementos que entram no sistema, as eficincias de converso dos insumos, entre outros. O modelo calcula as doses de calcrio, de N, P, K, S e micronutrientes para as metas estabelecidas. As doses de corretivos e fertilizantes calculadas pelo balano so sustentveis em suas dimenses tcnica, econmica e ambiental.
Scot Consultoria: O que o senhor recomenda para que o pecuarista efetue uma correta adubao de pastagem com o menor custo possvel e melhor eficincia?
Adilson Aguiar: Eu vou responder de uma maneira diferente, relacionando os principais erros cometidos pelos produtores, pois j foi citado que "os adultos aprendem mais com os seus erros...".
- no ter anlise de solo para fazer as recomendaes de correo e adubao do solo;
- amostragem de solo de forma incorreta (pocas e profundidades de amostragem incorretas, nmero de amostras simples insuficiente para compor a amostra composta que enviada para o laboratrio);
- anlise de solo incompleta, faltando textura, micronutrientes, entre outros;
- aplicao de corretivos e fertilizantes em excesso ( menos frequente) ou em subdosagem (bem frequente);
- a correo e adubao de pastagens j em estgios avanados de degradao;
- no saber manejar o pastejo de forma que a colheita da forragem produzida seja eficiente;
- no ajustar as taxas de lotao capacidade de e da pastagem, o que resulta em condies de superpastejo (taxa de lotao acima da capacidade de e) ou de subpastejo (taxa de lotao abaixo da capacidade de e).
- colocar animais de baixo potencial gentico para pastejar em pastagens adubadas.
Todos estes erros levam a frustraes e desnimo em relao adoo da tecnologia de manejo de fertilidade de solos de pastagens.
Para todos estes erros s existe uma soluo preventiva: a contratao de consultoria especializada no manejo de fertilidade de solos de pastagens para orientar o pecuarista.
Scot Consultoria: Em geral os pecuaristas se queixam dos custos elevados para recuperar ou adubar as pastagens. Quais seriam as alternativas para o pecuarista melhorar seus pastos?
Adilson Aguiar: Primeiro importante relacionar as razes da baixa adoo de uso de corretivos e adubos em pastagens no Brasil.
So muitas e complexo, pois envolve, desde questes culturais (cultura extrativista), falta de conhecimento das respostas potenciais da pastagem e dos animais correo e adubao do solo da pastagem e suas relaes benefcio: custo; baixa adoo de assessoria tcnica por parte dos pecuaristas; dificuldades em manejar pastagens com elevado nvel de fertilidade do solo, representados pelo manejo do pastejo (frequncia, intensidade, durao do pastejo, entre outros), pela programao das adubaes no tempo e horas adequadas para a melhor resposta desse insumo e, principalmente, pela falta do planejamento para equilibrar a produo de forragem com a demanda do rebanho; falta de projeto com viso estratgica (de longo prazo), burocracia para contratao de financiamento por causa do excesso de exigncias, falta de garantias para contrair financiamentos; termos de trocas desfavorveis entre os valores dos fertilizantes e do produto animal (arroba, leite); impossibilidade de o produtor utilizar capital prprio para investir no segmento produtivo, em virtude de a atividade pecuria operar com margens estreitas ou at mesmo negativas porque o nvel de explorao extensivo na maioria das propriedades.
Deve-se considerar tambm que o aumento na taxa de lotao resultante do uso de fertilizantes implica em custos adicionais com compra de mais animais, suplementos, vacinas, etc. Em determinadas situaes so necessrios investimentos em infraestrutura para permitir o manejo eficiente da pastagem.
Devido ao maior tempo de retorno do capital investido, comum observar fluxos de caixa pouco positivos ou at mesmo negativos nos primeiros anos depois da implantao do projeto.
preciso tambm levar em considerao que a idade mdia dos pecuaristas brasileiros est avanada, e, em sua maioria, eles no tm sucessores interessados em continuar a atividade, o que limita a adoo de sistemas mais intensivos, e , portanto, mais complexos.
preciso tambm diferenciar os verdadeiros pecuaristas daqueles "pecuaristas" que entram na atividade buscando reserva e ganho de capital, sonegar impostos ou lavar dinheiro.
Segundo, vou relacionar os procedimentos que o pecuarista pode adotar e j alcanar ganhos de produtividade significativos antes de iniciar a correo e a adubao de suas pastagens. Estes procedimentos eu classifico como "tecnologias de processos (tcnicas) e baixo insumo".
Tecnologias de processos e baixo insumo, nesta ordem:
1. Escolha de espcies forrageiras adaptadas s condies de clima, solo, pragas, doenas, entre outros, da regio;
2. Plantio correto da pastagem, desde a etapa da escolha da rea que ser plantada at o primeiro uso da pastagem;
3. Implantao correta da infraestrutura do sistema de pastejo (piquetes, reas de lazer, sombreamento, fontes de gua, cochos para suplementos, corredores de o, etc);
4. Manejo correto do pastejo com adoo de mtodos de pastoreio adequados para o sistema em questo (lotao continua ou alternada ou rotacionada) e manejo pelas alturas alvos de cada espcie/cultivar forrageiro;
5. Controle de plantas invasoras e de pragas (principalmente das cigarrinhas-da-pastagem e dos canaviais) da pastagem;
6. Seleo na cria ou na compra de animais com potencial para desempenho compatvel com os sistemas de pastagens;
7. Suplementar o rebanho de acordo com as caractersticas do sistema, com suplementos minerais e/ou mltiplos (consumo de at 5,0 gramas de suplemento por quilo de peso corporal do animal);
8. Adoo de calendrio sanitrio adequado para o rebanho e a regio em questo.
Eu considero que estes itens so "bsicos" e qualquer produtor pode e deve adot-los em suas fazendas.
Depois de superado esta etapa de adoo do pacote de "tecnologias de processos e baixo insumo" possvel adoo do pacote de "tecnologias de alto insumo", tais como:
1. Correo e adubao do solo da pastagem;
2. Suplementao concentrada do rebanho (consumo acima de 5,0 gramas de suplemento por quilo de peso corporal do animal);
3. Irrigao da pastagem.