Os dois lados da moeda: experimentao em animais 5a2e56

O uso de animais para pesquisas cientficas considerado um assunto polmico e de uma discusso cautelosa. 675a65

A Lei n 11.794, conhecida como Lei Arouca, sancionada em outubro de 2008, estabelece procedimentos para uso cientficos de animais, ou seja, isso permitido pela legislao brasileira.

Porm, essa prtica fica restrita a estabelecimentos de ensino superior e de educao profissional tcnica de nvel mdio da rea biomdica.

A partir da criao da lei, todos os testes devem ser monitorados pelo CONCEA - Conselho Nacional de Controle de Experimentao de Animais, este fica responsvel pelo cumprimento das normas relativas utilizao humanitria de animais com finalidade de ensino e pesquisa cientfica.

Sabe-se que a maioria dos testes realizados em animais de produtos da indstria farmacutica. Esta, por sua vez, avalia as dosagens ideais, concentraes e os efeitos dos mesmos. Estes testes so feitos em etapas.

No caso do teste de um frmaco, por exemplo, a primeira etapa consiste no tratamento de um grupo de clulas infectadas em laboratrio. Caso haja reao positiva ao princpio ativo, inicia-se a segunda etapa, onde os testes so feitos em animais (camundongos, ces, macacos). Por ltimo, acontece o teste em seres humanos.

A indstria farmacutica no consegue dar continuidade as pesquisas de medicamentos sem o uso de animais. Por outro lado, a indstria cosmtica tem diminudo o uso de animais, pois j utiliza testes in vitro (em cultivos celulares), alm de sistemas alternativos, como kits de peles artificiais importados. A pesquisa tem caminhado.

considerado crime o uso de animais para testes cientficos quando existe outro mtodo possvel, mas ao mesmo tempo ativistas em defesa dos animais afirmam que os rgos responsveis por essa fiscalizao no possuem hoje um controle de quais mtodos deveriam ser usados alternativamente pelas instituies.

Alm disso, as opes alternativas ainda so poucas e ineficientes, na medida em que no conseguem mimetizar os sistemas biolgicos. importante que haja um interesse na pesquisa e no desenvolvimento de mtodos alternativos para que o uso de animais seja feito somente o necessrio.

Sistemas biolgicos no so sistemas matemticos, no h como prever que os efeitos de um medicamento, vacina, protocolo de tratamento, sero os mesmos, tanto em um cultivo celular como em um organismo vivo com toda a sua complexidade.

As pesquisas so de extrema importncia no mbito farmacolgico, no somente para remdios propriamente ditos, mas tambm na descoberta de vacinas e protocolos de tratamentos.

A cincia no pode estagnar. A cada dia uma nova doena descoberta, e nem sempre existe o tratamento adequado, ou seja, nem sempre h no mercado um princpio ativo capaz de ser efetivo no combate da enfermidade.

No sculo 18 se iniciou a busca para tratamento da varola, o mdico ingls Edward Jenner retirava pstulas de vacas doentes, logo infectadas, e aplicava em camponeses sadios para proteg-los (Jenner descobriu que camponeses que tiravam leite dessas vacas no ficavam doentes). At ento era a nica vacina existente. Esse cenrio comeou a mudar com a chegada dos estudos de Pasteur no final do sculo XIX, que compreendeu o papel dos microorganismos nas infeces.

A cura para diabticos foi descoberta utilizando insulina retirada do pncreas de bovinos. Durante anos foi utilizada a insulina de origem animal, at o desenvolvimento da sinttica.

Dessa forma, os animais possuem presena expressiva na descoberta e desenvolvimento de frmacos desde tempos ados, quando a tecnologia se restringia s condies da poca.

A descoberta de mtodos alternativos para a experimentao cientfica no ser instantnea, entretanto isso no impede que os pesquisadores utilizem os j existentes, e se interessem pela produo de novos.

Voc que contra o uso de animais e prope o uso de humanos nos testes desde o incio da pesquisa tire algumas horas de sua vida e pense no grande monstro que isso poderia virar. Olhe para a histria e veja o que j foi feito a espcie humana em nome da "cincia", as atrocidades cometidas por grupos polticos, sociedades ditatoriais e etc. Queremos regredir?

Em ambos os lados dessa moeda, h fatores positivos e negativos.

Animais so seres vivos e no esto se voluntariando para testes, esto sendo forados, sendo assim devem ser respeitados e tratados com dignidade. Os abusos devem ser penalizados.

Hoje, no h como pensarmos em qualquer tipo de cura, desenvolvimento de medicamentos, protocolos e etc., sem o uso de animais em alguma etapa do processo de experimentao. Assim, cabe aos seres humanos utilizar a racionalidade e inteligncia para fazer isso de modo correto e sensato.

Colaborou Milena Zigart Marzocchi, zootecnista em treinamento pela Scot Consultoria.