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A Grcia e o mito do governo grtis 2n6v17

por Instituto Liberal
27/01/2015 - 14:23

"O que prudente na conduta de qualquer famlia particular dificilmente constituiria insensatez na conduta de um grande reino". Adam Smith 2r18e

Com a eleio do senhor Tsipras, pode-se dizer que o bolivarianismo desembarcou na Grcia. Tenho pena dos gregos, cujo futuro se mostra bastante nebuloso, para no dizer doloroso.

Se Milton Friedman j nos havia alertado sobre o mito do almoo grtis, recentemente Paulo Rabello de Castro muito bem descreveu o Mito do Governo Grtis (no deixem de adquirir, pois vale cada centavo do preo). Segundo o autor, "O Mito do Governo Grtis um fenmeno poltico que promete distribuir vantagens e ganhos para todos, sem custos para ningum". Tudo indica que foi justamente por acreditar na existncia de governos grtis que os gregos elegeram o partido Syriza.

O que at pouco tempo era tido como uma grande virtude econmica, a austeridade, de uma hora para outra, transformou-se no maior dos vcios, pelo menos para a maioria dos gregos - s para lembrar, as polticas de austeridade, contra as quais os gregos votaram no domingo, significavam apenas que o governo deveria limitar seus gastos quilo que arrecada, sem aumentar sua dvida e sem emitir dinheiro para financiar seus gastos. No tenho dvida de que os gregos esto trocando a dor de uma recesso agora pelo pesadelo de algo muito pior um pouco mais adiante.

A Grcia hoje um retrato cruel da decadncia do estado de bem estar social europeu. Ningum ite nem sequer a possibilidade de perder algum "direito adquirido". Aposentados, pensionistas, funcionrios pblicos, estudantes, todos querem manter seus "direitos", pagos rgia e religiosamente pelo governo, claro. Pouco importa quem vai pagar a conta, no presente ou no futuro. Acreditam que o Estado uma fonte inesgotvel de recursos, bastando aquilo que os demagogos convencionaram chamar de "vontade poltica" para que recursos abundantes se materializem nas contas do governo. Por outro lado, ningum ite aumentar a carga de trabalho nem tampouco pagar impostos - no por acaso, na Grcia, a sonegao fiscal uma das maiores do mundo.

Nesse sentido, realmente exemplar o resultado da eleio, que colocar no poder um partido de extrema esquerda - algo praticamente indito na Europa desde a queda do Muro de Berlim -, pois mostra, em cores vivas, o que pode acontecer quando um pas inteiro vira as costas para a realidade e resolve que pode viver acima de suas possibilidades, sem se importar com a conta. Ou pior: achando que terceiros (no caso, principalmente os credores) estariam obrigados a pag-la. Os gregos (ou pelo menos a maior parte deles) esto embriagados pela fantasia do "governo grtis" e seus polticos possudos pelo devaneio de prover a felicidade geral sem custos, ou melhor, custa dos outros. No tem como dar certo.

A prpria permanncia na Unio Europia hoje vista com desconfiana, principalmente porque a unio monetria que oficializou o Euro como moeda nica tornou-se um grande entrave para os governos perdulrios. Se antes as crises financeiras eram "enfrentadas" com medidas populistas irresponsveis, como emisso de moeda (leia-se: inflao) e manipulao das taxas de juros e cmbio, na Grcia de hoje isso no possvel, j que o governo no tem ingerncia sobre o BC europeu.

Por isso, dificilmente o novo governo grego manter o pas atrelado ao Euro. A curto prazo, ser um alvio, mas l na frente a recesso e a inflao, a exemplo do que ocorre hoje com a Argentina, viro cobrar a conta.

PorJoo Luiz Mauad