H quatro anos, depois da eleio de Dilma Rousseff, me pediram para fazer uma previso de como seria a economia durante o governo que se iniciaria dali a pouco. Escrevi ento umartigocom as minhas avaliaes sobre o futuro que nos aguardava naquele primeiro mandato. Acho que acertei mais do que errei. Abaixo, seguem as minhas previses para o prximo mandato. 1x3sp
Ainflao j comea a sair de controlede forma bastante ntida. O realinhamento das tarifas pblicas -principalmente energia eltricaecombustveis-, congeladas demagogicamente durante o ano eleitoral, combinado com aforte alta do dlardevero impulsionar os ndices de preos a patamares que no se veem h anos, ainda que o Banco Central continue, como previsto, aaumentar a taxa de juros(SELIC). Alis, eis aqui um dos paradoxos da atual poltica econmica. Enquanto Joaquim Levy se esmera numa tarefa herclea para tentar cortar alguns gastos durante o dia, o Banco Central - tal qual uma Penlope - aumenta os juros na calada da noite. No fim das contas, malgrado devamos ter um supervit primrio maior que no ano ado, no de todo improvvel que teremos um dficit fiscal nominal tambm maior.
Por outro lado, a Operao Lava-Jato - que alm de manter presos os cabeas das principais empreiteiras do pas, as torna provisoriamente impedidas de contratar com a istrao pblica - dever ocasionar uma retrao fortssima nos setores da construo civil e de infraestrutura, que tm como caracterstica serem intensivos de mo-de-obra. Vrias so as empreiteiras que jcomeam a demitir pessoal e atrasar pagamentos a fornecedores e bancos.
Vale destacar que, graas a uma poltica governamental estpida de promoo decampees nacionais, o setor de infraestrutura altamente concentrado no Brasil, um oligoplio nas mos de meia-dzia de mega empresas cuja eventual bancarrota afetar sobremaneira toda a economia, j que, atrelado a ele, direta ou indiretamente, encontra-se boa parte da cadeia produtiva, inclusive o setor bancrio, que, pelo menos at agora, tem ado inclume pelas ltimas crises.
Isso sem falar nareduo dos investimentos da Petrobras, o carro-chefe (talvez fosse melhor dizer carro alegrico) da economia brasileira, responsvel por muitas das grandes obras em andamento no pas, algumas das quais jforam descontinuadas, enquanto outras esto emprocesso de paralisao. Para piorar o quadro, nosso mercado caracteristicamente fechado, protecionista mesmo, o que dificultar a contratao de empresas estrangeiras em curto prazo, seja para substituir as grandes empreiteiras, seja para bancar os investimentos que a Petrobras no ter como fazer. Escurecendo um pouco mais horizonte, no podemos esquecer o provvelrebaixamento do rating brasileiro para grau especulativo- o rating da Petrobras acaba de serrebaixado pela Agncia Moodys-, o que tornaria ainda mais complicada a atrao de investimentos estrangeiros diretos (IED).
Outro setor importante na formao do PIB que j sofre com a retrao das vendas (mantidas artificialmente altas durante um bom tempo graas ajudinha do governo) o automobilstico, ondej pipocam greves e frias coletivas. Pelo menos por enquanto, em razo do esforo de Levy para cortar gastos, no prudente prever desoneraes tributrias para incentivar uma nova onda de "demanda artificial" nesse segmento.
Devido alta dos juros e expectativa de uma recesso, provvel que acontea alguma reduo da oferta de crdito ao consumidor, que se tornar, no mnimo, mais seletivo, causando alguma retrao no consumo das famlias, afetando especialmente o comrcio varejista e os servios, responsveis pelo maior peso do PIB atualmente - nos ltimos anos, era o setor de servios, juntamente com a agricultura, que vinha compensando o fraco desempenho da indstria.
Ademais, de se duvidar da manuteno de Joaquim Levy no cargo de ministro da fazenda por muito tempo. Com a exacerbao do confronto poltico e a ecloso das manifestaes de rua contra o governo, principalmente diante de um quadro econmico recessivo, bem capaz de Dilma - a vossa presidenta economista - querer tomar as rdeas da poltica econmica novamente para si e proclamar a volta do desenvolvimentismo caboclo, digo, "unicampista", pelo qual alguns prceres petistas mantm uma venerao quase dogmtica. A, meus caros, seja o que Deus quiser... Some-se a tudo isso os nada improvveis racionamentos deenergiae gua (este ltimo Regio Sudeste), e estamos diante de uma tempestade perfeita. Infelizmente ser uma tempestade apenas metafrica e no ajudar em nada a melhorar os nveis dos nossos reservatrios.
Em resumo, no seria exagero prever que, pelo menos durante os prximos dois anos - graas s polticas populistas e demaggicas executadas irresponsavelmente nos ltimos dez -, seremos vtimas de uma combinao nefasta de inflao alta e estagnao (seno recesso) prolongada. Portanto, minha sugesto aos brasileiros precavidos que se preparem para a carestia e o desemprego, alm demuito confronto nas ruas, pois o truculento Lula j garantiu que o bolivarianismo tupiniquim no largar o osso sem rosnar.
Espero sinceramente estar equivocado, mas acho difcil.
PorJoo Luiz Mauad