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Rafael Silva garante presena no evento maior da Pecuria de Corte da Amrica Latina para detalhar pesquisa que marcou poca na questo ambiental: produzir carne bovina pode ajudar a reduzir a emisso de gases do efeito estufa no Brasil. Confirmaram presena os co-autores, Dr. Lus Gustavo Barioni, da Embrapa Informtica Agropecuria, e Prof. Dominic Moran, do Scottish Rural College. Rafael e Barioni faro a apresentao em parceria.
Foi um furor no mundo inteiro. Um dos trabalhos mais originais e explosivos dos ltimos vinte anos, tanto no setor ambiental quanto na rea de produo de carne bovina. E que ps por terra vrias teorias que ligam, equivocadamente, o consumo de carnes e a pecuria de corte ao desmatamento e aumento na emisso de Gases de Efeito Estufa (GEE). O estudo “Increasing beef production could lower greenhouse gas emissions in Brazil if decoupledfrom deforestation”, capitaneado por Rafael de Oliveira Silva, ganhou as pginas do planeta neste ano ao demonstrar matematicamente que, ao contrrio do que se pensava, aumentar a produo de carne no Cerrado pode diminuir as emisses de GEE.
O assunto polmico porque o Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo, com 212,00 milhes de cabeas. E o processo de digesto do gado bovino libera o gs metano (CH4), cujo potencial para causar o efeito estufa 25 vezes maior do que o CO2, por exemplo. O governo brasileiro, lembra Rafael Silva, se comprometeu, durante a 15 Conferncia das Naes Unidas sobre Mudanas Climticas (COP 15), a reduzir, voluntariamente, as emisses de GEE em cerca de 40,0% at 2020 e, mais recentemente, na COP 21, o pas anunciou como suas Contribuies Pretendidas, Determinadas em Nvel Nacional (INDCs) uma reduo de 43,0% menores que os valores de 2005.
Bacharel em Matemtica Aplicada e Computacional, com Mestrado em Matemtica Aplicada pela Universidade de Campinas (Unicamp), Rafael pesquisador doutorando pela Universidade de Edimburgo e Faculdade Rural da Esccia (SRUC), onde trabalha desenvolvendo modelos matemticos para aplicao em pecuria sustentvel, mitigao de gases de efeito estufa (GEE) e reduo do desmatamento. Os estudos so conduzidos por ele junto a SRUC, com bolsa do governo brasileiro (Programa Cincia sem Fronteiras) e em parceria com seu orientador brasileiro, Dr. Luis Barioni, da Embrapa Informtica. A pedido no Ministrio da Agricultura, Rafael tambm desenvolveu anlises que serviram de e para a formulao da contribuio da pecuria para as INDCs.
No Simpsio Internacional da BeefExpo 2016, Rafael vai fazer a apresentao em parceria com o Dr. Lus Gustavo Barioni com o ttulo em Portugus: “O aumento da produo de carne bovina pode reduzir as emisses de gases de efeito estufa no Brasil se dissociado do desmatamento”. O cientista enfatiza que a retrica da importncia da reduo do consumo de carne, enfatizado por vrios estudos recentes, pode ter um efeito contrrio sobre o meio ambiente e na verdade aumentar as emisses de GEE. “J o aumento da produo, desde que no cause aumento das taxas de desmatamento, impulsionaria a intensificao do sistema, que, se feita por meio de recuperao de pastagens degradas, aumentaria as taxas de sequestro de carbono pelas braquirias, reduzindo as emisses”, completa Rafael Silva.
Se a demanda for maior e o desmatamento for controlado, os pecuaristas precisaro intensificar sua atividade, ressalta Rafael. Para isso, eles precisaro recuperar as pastagens degradadas. A recuperao das pastagens pode remover CO2 da atmosfera, que fica armazenado na matria orgnica do solo. O solo capaz de absorver uma grande quantidade de carbono. “Ainda teremos emisses de metano, mas elas sero compensadas pelos gases retirados da atmosfera.
A recuperao das reas degradadas essencial para traar o futuro da pecuria no Cerrado. Se a demanda por carne aumentar 30,0% at 2030, haveria uma reduo de 10,0% das emisses, embora mais animais sejam necessrios para atender uma demanda maior e, portanto, mais emisses de CH4, a intensificao de reas degradadas mais do que compensaria este aumento devido ao sequestro de carbono pelas braquirias”, acrescenta o pesquisador. Ele ainda informa que quanto mais produtiva uma pastagem, mais carbono ela sequestra.
“Por outro lado, calculamos quese a demanda for 30,0% menor em 2030, os produtores tero menos incentivo para recuperar pastagens, que se degradariam, liberando carbono na atmosfera. No fim das contas, as emisses seriam 10,0% maiores”, explica. O estudo insere-se no mbito do projeto internacional AnimalChange, cuja meta estimular a pecuria sustentvel, reduzindo as emisses de GEEs no setor. O AnimalChange coordenado pelo Instituto de Pesquisa Francs, com a participao de diversos pases, entre os quais o Brasil, por meio da Embrapa, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Fonte: Agrolink. 26 de abril de 2016.