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No ltimo dia 10 de julho, o jornal o Estado de So Paulo publicou online uma srie de reportagens intitulada Terra Bruta, sobre conflitos agrrios no pas.
(http://infograficos.estadao.com.br/politica/terra-bruta/).
A reportagem um retrato do horror.
Mas de um horror que se desenvolve s margens da sociedade, onde no valem as regras estabelecidas em comum acordo na democracia.
Mas, diga-se de agem, no um problema do campo, um problema urbano tambm. Onde h ausncia de Estado prevalece a fora bruta, a justia com as prprias mos, o estado paralelo.
Assim nas fronteiras agrcolas, e assim nas periferias e favelas das grandes cidades. Essas regies criam seus "donos" e arranjos de poder no vcuo deixado por instituies ausentes.
E a maioria de produtores rurais sofre com a imagem desse estado de exceo, assim como a imagem de comunidades carentes sofre com a imagem do trfico.
Quando lem o que escrevo, algumas pessoas me enxergam como um defensor do "Estado mnimo", e de alguma forma isso me faria automaticamente a favor da desigualdade social, etc. etc., etc..
Acho curioso que o Brasil tenha Estado demais onde no necessrio, e Estado de menos onde sua presena mais que urgente.
Nossos polticos so todos (independentemente do espectro ideolgico em que se posicionam) muito preocupados com os Ministrios, com os milhares de cargos de confiana, com o comando das estatais e fundos de penso... Quando criticados, inflam o peito para falar de "soberania", "polticas sociais", o "petrleo nosso", e outras baboseiras.
Sabemos bem o que os move, e no, no amor ptria ou ao povo brasileiro.
Defendo um Estado que tenha instituies slidas e que funcionem. Em qualquer regio, em qualquer municpio. Todo o cabide de empregos sem eficcia gerado por secretarias de igualdade e outras invenes de bolsa isso e aquilo, inteis em seus objetivos, seriam perfeitamente substitudos por uma Justia rpida, eficaz, vel e honesta.
Mas o qu, segurana jurdica, alterar o processo de registro de terras fazendo uma devassa nos cartrios, demarcaes, laudos antropolgicos, reforma agrria, desapropriaes ... esse vespeiro rende dividendos a muita gente.
D muito trabalho mexer nisso, melhor cuidar dos cargos de confiana mesmo.
E no h ideia nova sobre o que fazer no s com os conflitos agrrios mas com a paisagem rural. Em seu artigo "Pobreza Rural, Pobreza de ideias", os pesquisadores Zander Navarro e Eliseu Alves discorrem sobre a falta de alternativas para os excludos do campo.
Hoje convivemos com a hiptese destes serem progressivamente expulsos de suas atividades e migrarem para as cidades, ou com a tese anacrnica de que uma reforma agrria solucionaria o problema.
o mesmo discurso de sempre, terra, terra e terra, como se hoje fosse a terra o fator de gerao de riqueza. uma viso com atraso de pelo menos um sculo, que transforma pobres, em pobres com lotes de terra. Que vendem seus lotes e voltam para fila. E os ditos "movimentos sociais" que usam miserveis como massa de manobra e curral eleitoral continuaro na ativa por um bom tempo.
necessrio criar uma poltica de desenvolvimento rural no Brasil, necessria uma nova interface entre o Estado e seus cidados, principalmente nas zonas afastadas e de fronteira, necessrio empoderar municpios e comunidades para que istrem seus territrios. A tecnologia hoje oferece solues para isso. Mas acima de tudo absolutamente necessria a presena slida das instituies no campo, e uma Justia rpida, eficaz, vel e honesta no Brasil todo, principalmente nesse Brasil que hoje inexiste para a corte de Braslia.