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A trompa da incerteza ressoou, acordando os incautos... d4i1q

por Parallaxis
17/11/2016 - 16:35

A vitria de Donald J. Trump na corrida presidencial americana pegou todos de surpresa. Apesar de haver indicaes de que a corrida estava muito apertada, muitos de ns se negaram a crer que tal resultado fosse muito provvel de acontecer. Como decorrncia de um mundo em transmutao se movendo da liderana poltica global unipolar para um mundo provavelmente de liderana multipolar, estamos atravessando o perodo do Mundo G-0, de descoordenao poltica e de desdobramentos outrora considerados impensveis. 1u4o5i

Trump foi eleito com uma plataforma baseada basicamente em (i) desregulamentao, (ii) cortes de impostos e (iii) retirada do Estado da economia e (iv) uma agenda fortemente anti-liberal sobre o comrcio internacional. Tudo isto vendido com um discurso bastante inflamado e altamente populista, que encontrou na China seu grande inimigo externo causador de todas as mazelas da economia norte-americana. Em seu primeiro discurso, o Republicano engrossou o coro sobre a necessidade de investimentos na infraestrutura americana como forma de voltar a crescer e gerar postos de trabalho, porm de forma muito vaga, anunciando um pacote de US$ 500 bi.

Com sua nomeao ao cargo de POTUS confirmada, o mundo se deu conta de um possvel corvo de batalha sobrevoando nossas cabeas e fez ressoar a Trompa de Heimdall2, despertando os incautos. Fato , que ainda se desconhece parte do gabinete do futuro presidente, bem como quais de suas propostas que sero efetivamente colocadas em prtica. E, em tempos de incerteza, a certeza que temos que os ativos de risco tendero a sofrer com bastante volatilidade e desvalorizaes, a medida em que os grandes fluxos de capitais buscam refgios nos Campos Elsios do mundo desenvolvido.

Ainda que tenhamos argumentos que possam colocar o FED agindo de maneira mais cautelosa com os juros daqui por diante ou, pelo contrrio, se tornando mais hawkish do que seriam num outro cenrio, o que permanece a incerteza. E com esse vu, o interregno benigno em que se encontra o setor externo, citado pelo COPOM, dever dar espao a uma nova avaliao de risco, na qual o BCB entende ser necessrio continuar cauteloso, mantendo o ritmo de queda da Selic em 25 pontos base em sua prxima reunio.

Em meio a essas mudanas conjunturais revisamos nosso cenrio. Agora esperamos que o COPOM corte a Selic em 0,25 p.p. na ltima reunio de 2016, neste ms de novembro, levando a Selic a encerrar o ano em 13,75% a.a.. J, a partir do incio do ano que vem, como maior clareza sobre os desdobramentos desse mundo G-0, acreditamos que o comit poder acelerar seu ritmo de corte, de maneira que a Selic encerre 2017 em 10,50% a.a.. Esse aumento no ritmo de reduo dos juros crucial para colocar a taxa de juros real em territrio menos contracionista e auxiliar a recuperao e o processo de desalavancagem do setor privado.

O baixo nvel de atividade, confirmada pela piora dos indicadores de atividade, a distenso do mercado de trabalho e a queda dos salrios reais, juntamente com o recuo dos preos de alimentos, j esto exercendo presso deflacionria significante no curto e mdio prazo. Alm do mais, as expectativas de mercado para inflao seguem bastante comportadas e em trajetria de queda.

Aproveitamos tambm a oportunidade para rever nossas projees de cmbio, que contam com uma moeda brasileira mais desvalorizada nos prximos perodos. Projetamos que o cmbio encerrar 2016 com a mdia de R$ 3,51 de anteriores R$ 3,46, e para 2017, a projeo da mdia do ano foi alterada de R$ 3,30 para R$ 3,41. Essas alteraes no cmbio no trouxeram mudanas significativas em nosso cenrio de inflao, de maneira que nossas projees para o IPCA seguem em 6,9% para 2016 e 4,8% em 2017.