O ano de 2016 foi marcado por grandes mudanas nos cenrios polticos e econmicos em todo o mundo. Eventos como a sada do Reino Unido da Unio Europeia (o chamado Brexit) e a eleio de Donald Trump para a presidncia dos Estados Unidos abalaram os mercados com previses de consequncias para os anos seguintes. 1w294e
No Brasil, a situao no foi diferente, com o agravante das importantes mudanas provocadas pela troca de presidente e pelas votaes de emendas constitucionais, que impactam diretamente nos gastos do governo federal, a economia brasileira ou por grandes oscilaes, afetando o bolso da populao. Esses efeitos foram sentidos tambm na pecuria de corte, que busca uma retomada no seu desenvolvimento a partir de ento.
Esses assuntos estiveram em pauta durante o Encontro de Analistas realizado pela Scot Consultoria (Bebedouro/SP). O debate reuniu profissionais do segmento de pecuria de corte no auditrio da Dow Agrosciences, na capital paulista, em 25 de novembro para analisar questes sobre macroeconomia, mercado do boi gordo e a qualidade da carne produzida no Brasil.
O encontro teve como objetivo trazer reflexes sobre a unio da cadeia e os rumos da economia, de acordo com o diretor da Scot, Alcides Torres. “Certamente, a ideia como fomento da pecuria um dos objetivos sociais para contribuir com os participantes do nosso evento. Quem acompanha o debate sai melhor, pois existe uma troca de informao grande”, relata.
Em relao ao cenrio econmico, Alcides entende que o ano de 2017 deve ter poucas alteraes: “O preo ficar estvel neste ano e no deve cair, pois no se trata de lucro. So coisas distintas. Apesar dos indicadores demonstrarem a queda e alguns especialistas apontarem para um ano ruim, este ndice deve se sustentar no perodo”, explica.
Viso compartilhada pelo consultor agro do Banco Ita BBA, Guilherme Bellotti de Mello: “Para 2017, esperamos um aumento do PIB do Brasil, ainda que numa base muito baixa. Isso ainda no teria um efeito muito grande no mercado interno, pois o consumo das famlias seguir prejudicado por mais um ano, o consumidor continuar desconfiado por enquanto.
Para 2018, caso os ndices continuem crescendo, eles permitem uma melhora na confiana do comprador”, pondera. J o economista Alexandre Mendona de Barros, da MB Agro (So Paulo/SP) tem uma viso mais positiva sobre o assunto, uma vez que os preos dos produtos alimentcios esto em queda. “No quer dizer que no haver crescimento imediato no consumo, mas o setor de alimentos vai comear antes, e este pode ser um alento para o cenrio econmico.
A inflao no segmento est caindo muito, tem a ver com fertilizante mais barato, com choque de ofertas melhor, etc. E isso vai mudando o que o consumidor pode pagar e est devolvendo o poder aquisitivo para quem est empregado”, afirma.
EFEITO TRUMP. Um fator importante para determinar os rumos da economia e do setor de alimentos em 2017 o comportamento dos Estados Unidos nos negcios, devido a mudana de governo com a eleio de Donald Trump para a presidncia estadunidense. O encontro teve como objetivo trazer reflexes sobre a unio da cadeia e os rumos da economia, de acordo com o diretor da Scot, Alcides Torres. “Certamente, a ideia como fomento da pecuria um dos objetivos sociais para contribuir com os participantes do nosso evento. Quem acompanha o debate sai melhor, pois existe uma troca de informao grande”, relata.
Diante de uma postura mais agressiva e conservadora de Trump, os analistas presentes discorreram sobre os efeitos de decises radicais que restrinjam o mercado norte-americano. Para Alcides Torres, uma atitude protecionista do presidente norte-americano pode prejudicar o crescimento mundial: “Uma coisa os Estados Unidos crescerem em curto prazo, com a poltica fiscal expansionista para se retroceder num movimento de globalizao, caso ele entre em uma guerra comercial”, argumenta.
Por outro lado, Alexandre Mendona de Barros acredita que as decises mais protecionistas podem ajudar o mercado externo do Brasil. “Se o Trump romper com o mercado da sia, eventualmente sobrar espao para a carne brasileira. O PIB mundial pode cair, mas no necessariamente afetar o agro brasileiro. difcil saber qual desenho vir, mas o Pas um dos poucos do mundo a ter a poltica monetria para usar, ento poderemos baixar os juros para nossa atividade andar”, revela.
Contudo, deve-se ter ateno com as variaes do cmbio e as taxas de juros nos Estados Unidos para saber o seu real efeito na economia, como alerta a analista da Empiricus Research, Marlia Fontes: “Se h um crescimento mundial mais fraco e uma taxa de juros mundial menor, qualquer pequeno aumento do ndice nos Estados Unidos valoriza muito o dlar, e isso prejudica a inflao”, ressalta.
Apesar das preocupaes, quem trabalha com as exportaes no Brasil mantm o otimismo. O presidente da Associao Brasileira das Indstrias Exportadoras de Carne (Abiec, So Paulo/SP), Antnio Jorge Camardelli, lembra-se do acordo com os Estados Unidos aprovado no ano ado que permite exportaes de carne in natura como um dos exemplos de que os negcios com os estadunidenses podem ocorrer normalmente.
Entretanto, Camardelli adverte que as exportaes para os Estados Unidos no devem ter grandes ndices nos primeiros meses de 2017. “Uma possvel dificuldade o prprio como do mercado, pois especificamente agora exportamos muito pouco e haver um abate macio de fmeas por l no comeo do ano. Isso vai jogar para baixo um pouco do preo, porque praticamente um dianteiro composto e mais um pouco de recorte para matria-prima. At maro vamos dar uma patinada, mas a tendncia colocar a bandeira no mercado americano no final de 2017 e comeo de 2018”, pondera.
Link da notcia:http://www.revistafeedfood.com.br/pub/curuca/#page/54
Por: Eduardo Casola Filho e Danilo Corra, Revista Feed&Food.