O indicador de produo industrial, elaborado pelo IBGE (PIM-PF) voltou ao territrio positivo na comparao interanual aps 34 meses de resultado negativo. Em janeiro/17 o resultado foi de +1,5% em relao ao mesmo ms do ano anterior. J na comparao mensal, o indicador recuou 0,1%, ajustado sazonalmente, aps o avano de 2,4% no ms anterior. Em 12 meses, a produo industrial acumulou retrao de 5,4%, ante queda de 6,6% em dezembro/16. 3s1x63
O recuo na comparao mensal foi marginalmente inferior ao esperado, visto que nossos modelos apontavam para um recuo levemente superior (-0,2% m/m e +1,4% a/a), porm na tendncia correta. Este resultado refora nossa expectativa para a atividade econmica, de oscilao dos resultados da produo industrial na margem entre positivos e negativos, compatvel com nosso cenrio de permanncia em baixo patamar de atividade por um tempo prolongado. Reiteramos que a recuperao se dar de maneira morosa e bastante gradual, especialmente devido a elevada ociosidade da capacidade produtiva na indstria, alm da baixa demanda interna.
Figura1.
Produo industrial em variaes mensais e anuais.
Fonte: IBGE- Elaborao: Parallaxis Consultoria
O cenrio prospectivo est em linha com nossa expectativa para a produo industrial em 2017, de avano de 1,0%, aps recuar em mdia 3,8% nos ltimos 5 anos.
Dentre os 26 ramos da pesquisa, em relao a janeiro/16, houve avano em 16 ramos. J em relao a dezembro/16, 12 ramos pesquisados (de 24) apresentaram retrao da atividade na agem para janeiro, com ajuste sazonal, confirmando o comportamento errtico da atividade que esperamos para este ano.
Na comparao com janeiro/16, os ramos que apresentaram os melhores resultados, e mais impactaram, foram as produes de: indstrias extrativas (12,5%), veculos automotores, reboques e carrocerias (5,2%), de equipamentos de informtica, produtos eletrnicos e pticos (18,0%), de celulose, papel e produtos de papel (6,9%), de produtos alimentcios (1,6%), de metalurgia (4,2%), de confeco de artigos do vesturio e rios (13,3%), de produtos txteis (10,8%), de outros produtos qumicos (2,2%) e de artefatos de couro, artigos para viagem e calados (5,0%). No sentido oposto, entre os ramos que recuaram destacaram-se: produtos derivados do petrleo e biocombustveis (-11,1%), mquinas, aparelhos e materiais eltricos (-8,6%), de mquinas e equipamentos (-4,9%), de produtos de metal (-6,2%) e de outros equipamentos de transporte (-9,4%).
Na comparao mensal, os maiores recuos na margem, que impactaram o resultado global do indicador, foram os setores de: veculos automotores, reboques e carrocerias (-10,7%), equipamentos de informtica, produtos eletrnicos e pticos (-12,5%), de mquinas e equipamentos (-4,9%), de confeco de artigos do vesturio e rios (-7,0%) e de produtos de borracha e de material plstico (-3,8%). No sentido oposto, avanando na margem, o destaque de impacto positivo foi produtos derivados do petrleo e biocombustveis (4,0%) e produtos farmoqumicos e farmacuticos (21,6%).
Na abertura por grandes categorias econmicas, o destaque foi a retrao intensa na margem dos Bens de Capital e Durveis.
Tabela1.
Detalhes da abertura por Categorias Econmicas
Fonte: IBGE- Elaborao: Parallaxis Consultoria
No acumulado em 12 meses encerrados em janeiro deste ano, a produo industrial recuou -5,7%, com um perfil bastante disseminado entre os ramos industriais (24 dos 26), porm, com exceo da produo de Produtos de Fumo e farmoqumicos e farmacuticos, todas taxas acumuladas neste modo de comparao se tornaram menos negativa na comparao com dez/16. Pela tica das grandes categorias econmicas, chama ateno as retraes de bens de consumo durveis (-12,3%) e bens de capital (-7,9%).
Para esse ano de 2017 no devemos esperar nenhuma grande recuperao da indstria brasileira. Aps 5 anos de retrao, o crescimento de 1% projetado para produo industrial por ns esse ano deve-se basicamente a um misto de recomposio de estoques, influncia do agronegcio em alguns ramos e ao efeito estatstico da base de comparao.
Em nossa nota sobre o PIB de ontem, destacamos que os bolses de dinamismo criados em alguns setores da economia em virtude da desvalorizao cambial j se enfraqueceram, especialmente na indstria. At meados de 2017 a tendncia de queda na renda dos trabalhadores permanecer, simultaneamente, com o crdito ainda restritivo. Estes fatores tendem a deprimir a demanda, que somada a um ambiente com elevada ociosidade da capacidade instalada e um processo de desalavancagem do setor privado torna bastante difcil a retomada de maneira mais pujante este ano.
Figura 1.
Produo Industrial - Var. % Acum. 12 m
Fonte: IBGE- Elaborao: Parallaxis Consultoria