Sidnei Maschio: Rafael, se a previso da Conab estiver certa, o que acontecer com o milho na prxima safra? 292m3j
Rafael Ribeiro: A Para o milho de primeira safra, a expectativa de reduo na rea entre 7,5% e 11,5%, em relao ao ciclo anterior, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O rendimento mdio das lavouras dever cair 8,7% na safra atual, em funo do clima menos favorvel.
A produo est estimada entre 24,46 milhes e 25,88 milhes de toneladas, frente as 30,46 milhes de toneladas colhidas na safra de vero ou primeira safra 2016/2017. Em volume so entre 4,6 e 6,0 milhes de toneladas a menos que na safra de vero 2016/2017.
Sidnei Maschio: Qual a explicao para esta deciso do produtor de diminuir a rea de milho?
Rafael Ribeiro: Queda nos preos do milho e resultados econmicos piores comparativamente com a soja, que o carro-chefe na safra de vero ou primeira safra.
Sidnei Maschio: E a respeito da soja, Rafael, o que diz no relatrio que foi distribudo na praa?
Rafael Ribeiro: Apesar do incremento da rea semeada na temporada, entre 2,1% e 4,2%, a quebra dever ser entre 4,8% e 6,7% menor, estimada entre 106,44 milhes e 108,64 milhes de toneladas, por causa da reduo na produtividade mdia em 9,6% em relao a 2016/2017.
Sidnei Maschio: Por que o pessoal da Conab est falando que a produtividade das lavouras tambm vai cair?
Rafael Ribeiro: Em funo do clima menos favorvel em 2018, comparativamente com 2017. Tivemos atrasos no incio da estao chuvosa, especialmente no Centro-Oeste.
Mesmo com as chuvas mais regulares em novembro, pode ser que haja algum prejuzo aos rendimentos mdios. Outro ponto, que em funo dos preos em patamares menores para a soja e milho, estima-se uma menor utilizao de insumos e tecnologia, que tambm podem comprometer, em parte, a produtividade.
Sidnei Maschio: Rafael, em 2017 o Brasil acabou exportando menos milho do que estava previsto no comeo do ano. Por que?
Rafael Ribeiro: As expectativas iniciais giravam entre 30 e 32 milhes de toneladas embarcadas. O pas dever fechar com um volume prximo de 30 milhes.
As revises foram em funo basicamente da maior concorrncia esperada com os Estados Unidos neste segundo semestre, fato que comeou a refletir na mdia diria exportada desde meados de outubro.
De janeiro a outubro o pas j embarcou 21,73 milhes de toneladas, 9,2% mais que no mesmo perodo de 2016.
Sidnei Maschio: Se a exportao foi menor do que era previsto, por que ento o preo do milho continua alto no mercado interno?
Rafael Ribeiro: O comeo do ano foi bastante fraco em termos de exportao de milho pelo Brasil. A partir de julho, com a colheita da segunda safra, maior disponibilidade e preos mais competitivos, as exportaes comearam a aumentar dando. Este quadro, junto a outros fatores, como a expectativa de reduo da produo na safra de vero 2017/2018 e incertezas climticas deram sustentao s cotaes no mercado.
Sidnei Maschio: Ainda sobre o milho, de que tamanho ser o nosso estoque de agem este ano?
Rafael Ribeiro: A Conab estima em 19,20 milhes de toneladas os estoques finais em 2016/2017 e 24,09 milhes de toneladas ao final de 2017/2018. Para uma comparao, em 2015/2016, quando os preos dispararam, os estoques finais eram de 6,959 milhes de toneladas.
Ou seja, os estoques maiores so fatores limitantes para as altas de preos no mercado interno.
Sidnei Maschio: Falando um pouco sobre a pecuria de leite, faltando agora uma semana para fechar o ms j d para a gente ter uma ideia mais certa a respeito do comportamento do preo ao produtor agora em novembro?
Rafael Ribeiro: Para o pagamento de novembro, os dados parciais apontam para queda de pelo menos 1,5% no preo do leite ao produtor, considerando a mdia nacional.
Aumento da produo e demanda patinando continuam como os principais fatores de baixa.
Vale destacar, as quedas de preos do leite longa no atacado vida em novembro, depois das altas em outubro. O consumo no reagiu e isto dificulta melhorias nos preos para o produtor em curto prazo.
Sidnei Maschio: J d para apostar num comeo de recuperao do preo do leite ao produtor em dezembro?
Rafael Ribeiro: Eu diria que o mercado dever comear a estabilizar em dezembro, que um ms de produo em alta (pico de produo no Brasil Central e regio Sudeste) e consumo fraco, principalmente para os leites fludos.
Altas de preos para o produtor podero ocorrer no pagamento a ser realizado em janeiro de 2018.