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Por onde comear a Integrao Lavoura Pecuria? 2ksb

por William Marchi
28/02/2018 - 10:00

Muitos agropecuaristas querem iniciar a implantao da Integrao Lavoura Pecuria (ILP) e quando se deparam com tantas opes disponveis de arranjos da tecnologia, se perguntam, qual ser a melhor? 1k4f41

Esta deciso de escolha do arranjo inicial no simples.

muito bom quando podemos contar com a ajuda de um profissional com conhecimento em integrao para o alvio de nossas principais angstias.

Mas vamos tentar levantar aqui algumas questes relevantes que devero ser consideradas nessas escolhas.

Primeira questo, eu sou pecuarista ou agricultor?

Se voc se fez esta pergunta, infelizmente no foi um bom comeo.

Agora se voc se considera um produtor rural, a j temos uma grande chance desta integrao dar certo.

Digo isto pois escuto muito esta dicotomia, que infelizmente, no Brasil no s privilgio do agro, o tal de “ns e eles”, ns pecuaristas, eles agricultores, ns palmeirenses e eles corintianos, como se tudo fosse um jogo de futebol, e na fazenda a equipe de agricultura odeia a da pecuria e vice versa, o trator no respeita as cercas, o gado sempre invade a lavoura, as porteiras nunca param fechadas, enfim uma eterna briga de torcidas.

O produtor rural, ou ainda melhor o empresrio rural, deve buscar estratgias que mantenham sua empresa rural rentvel, perene e sustentvel em seu sentido mais amplo, econmica, ambiental e socialmente.

ando esta fase de identidade de “gnero”, o produtor rural tem que refletir qual a alternativa de arranjo ser mais adequada tecnicamente e, que lhe trar resultado econmico e que, ao mesmo tempo, seja relativamente fcil de se implementar em um primeiro momento.

muito importante termos resultados logo no incio, isso motiva a equipe e fica mais fcil avanar para as aes mais desafiadoras.

Como para alguns produtores cujo parque de mquinas e a agricultura est se iniciando apenas para a reforma de pastos, o comum a terceirizao destas atividades agrcolas em um primeiro momento.

Tambm, comum o pecuarista utilizar do milho consorciado com braquiria ou panicum em sua primeira investida agrcola, apesar de no ser a melhor alternativa tcnica para um solo pobre e degradado, normalmente a cultura que lhe mais familiar e que em muitos casos a a ser a silagem que servir aos animais naquela seca, ou virar dinheiro com sua comercializao. Ficando a “reforma” da pastagem sendo bancada por esta cultura de gros. Tambm mais fcil conseguir um vizinho que possui uma “plantadeirinha” de milho e que venha fazer o servio.


Foto: Boiada em pastagem consorciada de Braquiria brizantha fazenda Santa Brgida – por Marize Porto

J a soja, no familiar maioria dos pecuaristas, mesmo sendo uma leguminosa ideal para se realizar a rotao com a gramnea degradada, em muitas regies no ser possvel conseguir um parceiro para terceirizar ou at arrendar as reas, tambm no h alternativa para utilizao pelo gado da produo de soja, o gro tem que ir para um armazm a da ser comercializado, diferente do milho que pode ir at para o paiol.

Claro, estamos pensando neste primeiro momento em produtores de pequeno e mdio porte, que so a maioria do nosso pas, e que querem se utilizar da integrao como ferramenta de melhoria de renda e intensificao sustentvel de suas atividades agropecurias.

Em nosso pas, temos uma enorme amplitude cultural tecnolgica, edafoclimtica e hoje existem arranjos de ILP capazes de serem aplicados em todos estes cenrios, inclusive solues muito interessantes que a Embrapa desenvolve at para o Semirido Brasileiro.

Neste texto, vamos abordar alguns dos arranjos principais e o porqu de sua adoo.

1.(Soja) – (Milho safrinha + Braquiria ruziziensis) – (Pastagem + Boi) – (palhada + dessecao) – (Milho + Braquiria brizantha) – Pastagem por 2 a 3 anos e retorno da soja.

Este talvez podemos chamar de modelo “Clssico para o Cerrado”.

Partindo-se de uma pastagem degradada se realizam as anlises de solo, a correo com calcrio, gesso e fsforo com antecedncia e o plantio de soja, que no centro oeste se d em meados de outubro/novembro, em seguida com a colheita em fevereiro/maro, realiza-se o plantio de milho safrinha consorciado com braquiria ruziziensis (espcie de fcil germinao e fcil controle), aps a colheita da silagem ou do milho gro temos a pastagem para entrar a “safra de boi”, na sequncia em meados de setembro/outubro se retiram os animais e com o rebrote temos a palhada em ponto para a dessecao e novo plantio que normalmente se faz de milho para a rotao de cultura, este milho consorciado com braquiria brizantha, pois em alguns casos esta pastagem vai se perenizar por 2 a 3 anos, quando retornamos novamente com a cultura de soja nesta rea.


Foto: Colheita de milho para silagem consorciado com Braquiria ruziziensis, Estancia Don Benigno – Bela Vista Norte Paraguai - por Alex Davalos

Com os excelentes resultados das commodities dos ltimos dez anos, a maioria dos produtores tem apenas utilizado a pastagem como rotao de cultura e deixando o pasto se perenizar com o objetivo de produzir mais gros nas reas agricultveis, e mantendo seus animais em pastagens permanentes em reas no agricultveis ou utilizando pastagens apenas na entressafra.

2.(Milho + Braquiria brizantha) – (Pastagem + Boi) – Pastagem por 4 a 5 anos e retorno do milho reformando pasto.

Este um arranjo mais adotado por pecuaristas de pequeno e mdio porte, principalmente os que j tinham alguma experincia com silagem.

Com este arranjo, a lavoura de milho vai rodando a fazenda e reformando as pastagens a um custo muito baixo ou quase nulo, pelo fato de que o milho ou silagem obtido com a cultura, a a ser componente da dieta dos animais e baratear ainda mais o custo desta arroba produzida.


Foto: Milho safra gro consorciado com Panicum Tamani, Fazenda Santa Brgida - por William Marchi

3.Soja e sobre semeadura de ruziziensis

Este modelo comumente utilizado em regies onde o clima no permite o plantio da safrinha ou onde o custo benefcio da safrinha inferior a se ter uma pastagem logo aps colheita de soja e com isso um maior perodo de pastoreio na poca de seca.

Regies como o sul de Gois, sul do Tocantins e no MT, temos muitos produtores se utilizando deste arranjo.


Foto: Soja em conscio com panicum - por Lourival Vilela

No incio este arranjo apresentava grandes dificuldades de implantao devido m qualidade das sementes disponveis e necessidade do uso de avio. Agora, com a utilizao de semeadoras adaptadas em pulverizadores e com a possibilidade da utilizao de sementes puras, esta tcnica ou a ser dominada com excelentes resultados.

4.Variantes destes arranjos.

A Integrao Lavoura Pecuria e Floresta uma tecnologia em plena evoluo, como se trata de um sistema de produo com diferentes possibilidades de arranjos, a otimizao uma constante e sempre h espao para o aprimoramento da tecnologia.


Foto: Safrinha de Girassol consorciada com braquiria, faz. Santa Brgida - por Marize Porto

Dentro destes sistemas que enumeramos, todos possuem variaes em sua utilizao cotidiana. Atualmente contamos com diferentes espcies e variedades forrageiras que se adaptam adequadamente s diferentes regies do pas, temos diferentes espcies de Panicum, de braquirias que compem de forma interessante com o milho e com a soja em sobre semeadura. Isso vem permitindo o grande avano na utilizao da ILP e permitindo significativa melhoria das pastagens consorciadas.


Foto: Consrcio triplo, milho, feijo guandu e braquiria, faz. Santa Brgida – por Marize Porto

Tambm a utilizao de leguminosas nestes consrcios como o feijo guandu, o feijo caupi tem sido utilizada com propsitos amplos de melhoria do teor de protena da pastagem e tambm aporte de nitrognio nos solos.


Foto: Consrcio braquiria ruziziensis com feijo caupi, safrinha de boi, faz Itiquira – por Flvio Wruck

Enfim, estamos assistindo ocorrer no meio rural algo que tambm tem ocorrido no meio urbano, a ILPF (Integrao Lavoura Pecuria Floresta) est ando a ser como uma “plataforma multiusurios” onde a colaborao entre produtores, pesquisadores e tcnicos tem aprimorado a tecnologia de forma a atender s necessidades imediatas destes “usurios”, isso tem levado a tecnologia uma velocidade maior de adoo e a uma adaptabilidade maior aos produtores de diferentes regies do pas e at do exterior.