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Sidnei Maschio: Rafael, o que aconteceu com o preo do leite pago ao produtor neste ms de abril recm-terminado?
Rafael Ribeiro: Os preos subiram pelo terceiro ms consecutivo. Os maiores aumentos ocorreram na regio Sul do pas e no Sudeste, onde o clima mais seco comea a prejudicar a qualidade das pastagens, alm dos aumentos dos custos de produo.
Sidnei Maschio: Que comparao temos que fazer para saber se este valor de agora est perto ou ainda est longe de representar a recuperao da renda do produtor de leite?
Rafael Ribeiro: Um ponto fundamental que os reajustes no preo do leite ao produtor nos ltimos pagamentos ficaram acima das variaes registradas para os custos de produo da atividade, o que representa uma melhoria da margem para o produtor.
Sidnei Maschio: E a respeito da produo, o que foi apurado nesta pesquisa do ms ado?
Rafael Ribeiro: O volume captado diminuiu 2,8% no pas em maro. Em abril, os dados parciais do ndice Scot Consultoria de Captao apontam para queda de 2,0% no volume de leite captado no pas em abril, frente a maro deste ano.
Sidnei Maschio: Contando do comeo do ano para c, de que tamanho foi a reduo na entrega de leite para a indstria?
Rafael Ribeiro: Desde o pico de produo, em dezembro de 2017, o volume captado recuou 8,7%, segundo o indicador (mdia nacional).
Sidnei Maschio: Tem muita coisa contribuindo para a diminuio da produo de leite no pas. Quais so os motivos principais dessa reduo, Rafael?
Rafael Ribeiro: Primeiro o clima mais seco que afeta diretamente as condies das pastagens. No caso do Brasil Central e regies Sudeste e sul, a situao j de perda de qualidade e esta situao dever se agravar daqui para frente. No caso do sul do pas, a falta de chuvas afeta tambm a semeadura das pastagens de inverno.
Sidnei Maschio: O pasto est acabando e o milho est custando “os olhos da cara”. O que o produtor vai dar para vacada comer daqui para a frente?
Rafael Ribeiro: A expectativa para maio ainda de mercado especulado e preos mais firmes. O principal fator a falta de chuvas no Paran e possibilidade de reviso da produo na segunda safra no estado. A alta do milho deu sustentao tambm para os preos do sorgo e polpa ctrica, ou seja, em curto prazo, no existe muita opo para o consumidor do cereal. Agora em mdio prazo, com a colheita da segunda safra a expectativa de quer os preos cedam.
Sidnei Maschio: D para esperar algum alvio no preo do milho a partir da colheita da segunda safra?
Rafael Ribeiro: Sim, alm da colheita e entrada do milho “novo” importante destacar os elevados estoques de agem e a produo de vero que se somara ao volume colhido na segunda safra.
Sidnei Maschio: Alm da despesa com a alimentao, como foi o comportamento do custo de produo em geral nas fazendas leiteiras brasileiras no ms ado?
Rafael Ribeiro: O ndice Scot Consultoria de Custo de Produo da Pecuria Leiteira teve alta de 1,2% em abril em relao a maro. Foi o terceiro ms consecutivo de aumento no indicador. O aumento nos preos dos alimentos concentrados foi o que mais pesou na alta do ndice.
Entrevistado:
Rafael Ribeiro de Lima, Zootecnista e consultor de mercado da Scot Consultoria