Estando a pastagem estabelecida, antes da preocupao com “o manejo do pastejo” deve-se planejar a implantao da infraestrutura da pastagem, dimensionando as medidas dos recursos piquete, reas de descanso, cochos para suplementao, fontes de gua, sombreamento e corredores de o. 4l4o1o
1.Dimensionando e implantando piquetes: segundo o “The Forage and Grazing Terminology Committee” (FGTC), formado por pesquisadores dos EUA, da Nova Zelndia e da Austrlia, piquete (do ingls “paddock”) “uma rea de pastejo correspondente a uma sub-diviso de uma unidade de manejo de pastejo (exemplo, uma pastagem), fechada e separada de outras reas por cerca ou uma outra barreira” (RODRIGUES; REIS, 1997; PEDREIRA, 2002). Observa-se que na definio do termo no se faz referncia rea da subdiviso, indicando que um piquete pode medir 0,1 ha, por exemplo, ou mais de 100 ha. Os termos pasto, manga, mangueiro, potreiro, so denominaes regionais. O importante , dentro do possvel, adequar o piquete com base nos parmetros seguintes:
a) o formato do piquete: o formato quadrado o ideal, pois permite um pastejo mais uniforme por toda a extenso do piquete, entretanto, se for retangular, o comprimento no deveria ser maior que trs vezes a largura; o formato em pizza o menos conveniente, entretanto ainda parece ser o de mais fcil adoo em pastagens irrigadas por piv central. Neste caso o piquete em pizza poderia ser re-dividido em faixas, com uma cerca mvel, para se ter um formato prximo ao do quadrado;
b) a rea do piquete: o ideal que as extremidades do piquete no ficassem a mais de 200 metros da fonte de gua, pois os bovinos preferem concentrar o pastejo em reas at 200 metros de distncia da gua e evitam reas a mais de 600 metros, pastejando a maiores distncias apenas quando mais de 40% a 50% de toda a forragem disponvel prxima gua for consumida (COSTA; CROMBERG, 1997).
Isso significa que em piquetes muito grandes o pastejo, e consequentemente, o aproveitamento da forragem disponvel, ser desuniforme, com reas superpastejadas prximas s fontes de gua, e reas subpastejadas, distantes da fonte de gua.
Esta condio de pastejo desuniforme agravada em piquetes com relevo tambm desuniforme (baixadas e partes altas dentro de um mesmo piquete) e formados com espcies forrageiras de porte alto, de crescimento ereto, com maior relao caule:folha e caules grossos, tais como os capins andropogon e os cultivares de Panicum maximum (colonio, tobiat, mombaa etc).
Um piquete com um formato quadrado, com uma fonte de gua no centro do piquete, a sua rea seria de 16 ha. A adequao deste dimensionamento traz dois ganhos significativos: o primeiro na taxa de aproveitamento da forragem disponvel que chega a mais de 50% quando a fonte de gua se encontra a menos de 500 metros, enquanto que estando a mais de 2,5 mil metros a taxa de aproveitamento cai a menos de 20%.
O segundo ganho no desempenho animal. Pelo menos para animais europeus parece que um percurso dirio menor que 500 metros no leva uma diminuio de seu desempenho, entretanto em percursos mais longos em um terreno plano (5% de declividade) levaria a diminuio no potencial de ganho de peso de animais de recria e engorda de 40 g/dia, e da produo de leite de 1,13 litro/dia para cada 1mil metros percorridos, enquanto que em um terreno com 10% de declividade a diminuio potencial no desempenho animal seria de 53 g/dia em ganho de peso e 1,53 litro/dia em produo de leite para cada 1.000 metros percorridos.
Este tipo de resultado escasso em animais zebunos, mas alguns dados nos levam a inferir que percursos de at 900 metros no leva a uma reduo significativa do desempenho destes animais.
c)Tipo de cerca para rediviso dos piquetes: a cerca eltrica com dois fios de arame pode ser implantada num valor 2,1, 2,53, 2,6 e 3,7 vezes mais baixo comparado com os valores para a implantao de cerca convencional, com cinco fios de arame liso, com madeira branca, eucalipto tratado, mouro de ao e madeira de lei, respectivamente.
2.Dimensionando as reas de descanso: nestas reas so implantados comumente os recursos fonte de gua, cochos para a suplementao dos animais e reas com sombra. As medidas de cada um destes recursos devem ser criteriosamente definidas para que todos os animais do lote tenham o a eles sem que haja disputas entre os animais que dominam e aqueles que so dominados, evitando-se condies de estresse que provocam queda no desempenho animal.
preciso dimensionar uma rea sem sombreamento e uma com sombreamento para cada animal do lote, convertido em unidade animal (UA). Em regies onde o clima classificado como quente e mido, dimensiona-se 6 m2/UA sem sombreamento e mais 6 m2/UA com sombreamento, totalizando 12 m2/UA, enquanto que em clima quente e seco, dimensiona-se 3 m2/UA sem sombreamento e mais 3 m2/UA com sombreamento, totalizando 6 m2/UA.
2,1.Sombreamento: uma vez dimensionada a rea para cada UA do lote, leva-se em considerao as seguintes caractersticas: a melhor sombra a oferecida pelas rvores plantadas em renque, fileiras, ruas, linhas ou carreiras; fazer o plantio de rvores no sentido NORTE-SUL, para que a sombra “caminhe” ao longo do dia de oeste para leste, reduzindo a formao de lama; a sombra artificial deve ter uma largura mnima de 4 metros e uma altura mnima de 3,5 metros em seu ponto mais baixo (p direito); no caso de ranchos com telhado construir com apenas “uma gua” com no mnimo 10% de inclinao, sendo o ponto mais baixo voltado para OESTE; quanto mais plano for o terreno maior dever ser a rea destinada por animal; quanto maior for a rea de sombra por animal menores sero os riscos de acidentes e infeces no bere e patas (CAMARGO; RIBEIRO, 2004).
Entretanto tem sido ensinado e aceito com naturalidade nas escolas de zootecnia que apenas animais europeus e cruzamentos europeu:zebu, e principalmente vacas em lactao (aumentos de 10% a 20% no volume de leite produzido e no teor de slidos do leite; maiores taxas de absoro e assimilao de nutrientes minerais; maior taxa de concepo), que respondem ao sombreamento, com uma argumentao fundamentada nas premissas seguintes: os zebunos so originados da ndia, onde predomina o clima tropical; aqueles animais adquiriram caractersticas anatmico-fisiolgicas evolutivas que os permite maior adaptabilidade s condies de clima tropical, quais sejam – maior nmero de glndulas sudorparas e sebceas por cm2 de pele, glndulas sudorparas mais ativas/funcionais, pelagem clara refletora de raios solares, pele rica em melanina, filtrando raios ultravioleta minimizando riscos de eritema solar (cncer de pele), etc..
Estas aquisies evolutivas so incontestveis, pois so provadas cientificamente e pelos fatos, principalmente pelo processo de “indianizao” do rebanho nacional, o que levou condio atual de mais de 80% do grau de sangue do rebanho ser de animais de raas zebunas.
Entretanto, nos ltimos anos, experimentos conduzidos no Brasil tm revelado respostas significativas de animais zebunos que tiveram o sombra em parmetros reprodutivos (melhoria em qualidade de smen, reduo na inibio de cios e na mortalidade embrionria), de desempenho (ganho de peso e melhoria em parmetros qualitativos da carcaa) e comportamentais (animais menos estressados).
Em um experimento conduzido na fazenda escola da FAZU, em Uberaba-MG, Bizinoto (2006) concluiu que animais da raa Nelore que tiveram o sombra ganharam em 15 meses 11% a mais que os animais do grupo controle, que no tiveram o rea de lazer com sombreamento. Alm do maior ganho em peso, os animais que tiveram o sombra apresentaram carcaas com espessura de gordura subcutnea 83% maior.
O desempenho animal reduzido sob estresse calrico devido ao aumento nas exigncias de manuteno, ao mesmo tempo em que o consumo de alimentos cai.
Se o objetivo do pecuarista/produtor de leite for o de maximizar o desempenho de seus animais, ele dever considerar em seu planejamento a implantao de reas com sombreamento para seus rebanhos.
b) Dimenses de bebedouros e fonte de gua:
Em temperatura ambiente na faixa de 17 a 27C os animais ingerem entre 3,5 a 5,5 litros de gua por kg de matria seca (MS) ingerido para a sua manuteno, enquanto que vacas em lactao ainda ingerem mais 2,7 a 3,0 litros de gua por kg de leite produzido.
Quando o o fonte de gua facilitado o gado vai ao bebedouro entre 3 a 5 vezes/dia (NOLLER; NASCIMENTO JUNIOR, 1996).
Quando os animais tm o ir fonte de gua apenas 10% dos animais do lote chegam ao mesmo tempo gua, em ordem de preferncia os dominantes, depois os lderes, enquanto os outros ficam esperando. Diante desta constatao, e considerando 100 cm lineares para cada UA que chega fonte de gua deve-se dimensionar 10 cm lineares/UA do lote (CARDOSO, 1996). claro que aquelas dimenses s so factveis quando a fonte de gua artificial, ou seja, em bebedouros.
A fonte de gua e sua qualidade quase sempre so negligenciadas pela maioria dos pecuaristas, entretanto, resultados de pesquisas tm demonstrado que este comportamento do produtor se deve, principalmente falta de informao e a incapacidade de medir a relao beneficio:custo do investimento em fontes de gua artificiais. Em um experimento (BICA et al.,2006) animais que ingeriram gua em bebedouro apresentaram um ganho mdio dirio 29% maior que animais que se proveram de gua em um aude (0,467 x 0,362 kg/dia, respectivamente).
Em outro experimento o ganho de peso de vacas de corte foi influenciado pelo suprimento de gua em tanques, chegando a ser 0,27 kg/dia acima do ganho de peso dos animais supridos de gua apenas em crregos (PORATH et al., 2002). Ainda deve-se considerar que aguadas naturais podem ser fontes de intoxicao dos animais, como por exemplo, cursos de gua que am pelas cidades (esgotos domstico e industrial), por reas de agricultura (pesticidas, herbicidas e fertilizantes arrastados para os cursos de gua pela eroso do solo), ou fontes de transmisso de doenas (brucelose, coccidiose, tuberculose etc.) e parasitoses.
O investimento em um sistema de gua artificial significativamente alto (bombeamento, reservatrio, encanamento, bebedouros, etc.), entretanto seu custo fixo relativamente baixo porque a vida til deste bem longa (20 a 50 anos, dependendo da qualidade dos materiais usados na construo). Eu tenho calculado o custo fixo do investimento em sistemas de gua artificiais em algumas propriedades ha mais de 15 anos, e este tem sido equivalente em cabea/ano ao custo das duas doses anuais da vacina contra a febre aftosa.
c) Cochos para a suplementao dos animais:
Quando os animais tm o ir ao cocho com suplemento mineral apenas 5% a 6% dos animais do lote chegam ao mesmo tempo, em ordem de preferncia os dominantes, depois os lderes, enquanto os outros ficam esperando. Diante desta constatao, e considerando 100 cm lineares para cada UA que chega ao cocho deve-se dimensionar 5 a 6 cm lineares/UA do lote se o o for por apenas por um lado do cocho (cochos na cerca de divisa entre dois piquetes, ou cocho no meio do piquete ou em uma rea de lazer, mas com largura superior menor que 50 cm). Na tabela 1 esto as dimenses por UA para diferentes tipos de suplementos.
TABELA 1 - Medidas em cm lineares por unidade animal (UA) em cochos para suplementao com o por um dos lados ou pelos dois lados para diferentes tipos de suplementos.
Observa-se que as medidas vo sendo aumentadas para suplementos que contm alimentos palatveis e, por isso, mais aceitos pelos animais, condio que os estimula ao o mais freqente ao cocho (suplementos de consumo limitado pela presena de inibidores de consumo, tais como mineral energtico e protico:mineral:energtico), com medidas mximas para suplementos concentrados e volumosos, que so fornecidos em refeies, quando todos ou a maioria dos animais do lote chegam ao cocho.
d) Corredores de o:
Em muitos sistemas de produo necessria a implantao/construo de corredores de o dos piquetes para os currais de manejo, para a sala de ordenha etc..
Primeiro, a largura daqueles corredores deve ser suficiente para conduzir os animais sem presso contra as cercas, evitando assim disputas entre eles e danos s cercas.
Segundo, corredor para os animais e no para mquinas e veculos – estes devem circular pelas estradas, evitando assim danos aos corredores (buracos, acmulo de gua nestes buracos, lama) e maior freqncia de manuteno destes com aumento dos custos de produo.
Terceiro, e particularmente, para sistemas de produo de leite, no deve haver pedras nem pedriscos nos corredores, evitando assim problemas de cascos em vacas leiteiras, os quais provocam queda significativa no desempenho produtivo e reprodutivo, e quarto, os corredores devem ser abaulados, com sada lateral de gua para dentro dos piquetes, evitando assim o acumulo de gua e a formao de lama.
Por fim, todas estas medidas citadas para a infraestrutura de reas de descanso, sombreamento, bebedouros, cochos devem ser motivo de preocupao quando as condies seguintes esto presentes: piquetes muito grandes; os animais tm que percorrer longas distncias; o relevo do terreno acidentado, tm presena de capes de mato, condies nas quais os animais no podem ver os companheiros do lote. Assim, andam em bando e quando os dominantes e os lderes vo para as reas de descanso (malhadouros) todos vo. Quando os lderes bebem gua, ingerem suplementos, etc., e voltam para pastejar os dominados voltam juntos sem beber, etc..