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Cenrio atual do mercado de leite e derivados 324v3o

por Terraviva DBO na TV
30/08/2018 - 15:00

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Sidney Mashio: Juliana, o que est acontecendo no mercado do leite UHT, e qual a explicao para esta situao atual?

Juliana Pila: Em So Paulo, no atacado, o leite UHT ficou cotado na segunda quinzena de agosto em R$2,89, queda de 2,7% em relao a primeira metade do ms.

O cenrio de regularizao do preo. Depois das fortes altas ocorridas em junho e incio de julho, que foi impulsionada pela greve dos caminhoneiros e consequentemente desabastecimento do varejo, j a terceira semana de desvalorizao na cotao do produto.

As altas no preo do produto e a demanda patinando estimularam a queda nas cotaes.

Sidney Mashio: Depois dessas quedas recentes, como ficou o preo do UHT na comparao com este mesmo perodo do ano ado?

Juliana Pila: Comparando com o mesmo perodo do ano anterior o leite longa vida est 24,7% maior no atacado. Naquele perodo o produto era negociado em R$2,32/litro.

Sidney Mashio: O que deve acontecer com o leite de caixinha num prazo mais curto?

Juliana Pila: De acordo com o levantamento realizado pela Scot Consultoria, a expectativa de estabilidade ou uma leve alta nos preos na prxima quinzena (primeira quinzena de setembro), a depender claro do comportamento do consumo.

Sidney Mashio: A reduo no preo do UHT pode ajudar a recuperar o consumo ou no devemos alimentar iluso em relao a isso?

Juliana Pila: Quando a gente faz uma anlise do preo do UHT ao longo do ano ns vemos um mercado pressionado de preos. E pensando em consumo, a demanda por UHT no to varivel com relao a preo quando comparamos com outros produtos lcteos, como manteigas e iogurtes, que tm maior valor agregado.

Sidney Mashio: O produtor deve ficar preocupado com essa queda no preo do leite de caixinha no mercado atacadista?

Juliana Pila: Uma vez que o pagamento do leite ao produtor efetuado pelas indstrias ocorre no ms seguinte captao, as negociaes dos derivados, com destaque para o leite UHT, influenciam fortemente na formao dos preos e indicam os movimentos do mercado. Com a alta de preo ao produtor e as quedas do UHT no atacado a margem da indstria vem se estreitando, sendo este um ponto que merece ateno.

Sidney Mashio: Juliana, no geral do Brasil inteiro, como est hoje a oferta de leite no mercado e como ela deve se comportar nas prximas semanas?

Juliana Pila: Segundo o ndice Scot Consultoria de Captao de Leite, em julho a curva de produo nacional inverteu o sentido. O volume captado na mdia nacional aumentou 1,6%, em relao a junho deste ano.

O maior incremento na regio Sul do pas devido as pastagens de inverno e tambm nos estados de SP, MG e GO em virtude de regularizao na alimentao dos animais ps greve e tambm estimulada pelos preos melhores pagos aos produtores deu condies para incremento na produo.

Para agosto, segundo dados parciais, o aumento na produo nacional ser de 3,0%. Nos estados do Sul a produo dever seguir crescente, assim com SP, MG e GO, porm em menor intensidade.

Sidney Mashio: Falando ainda em termos de mdia nacional, existe o risco de queda no preo do leite ao produtor agora no pagamento de setembro, pelo produto entregue em agosto?

Juliana Pila: No fechamento de agosto, que foi realizado hoje, referente ao leite entregue em julho, a mdia nacional ficou em R$1,246 por litro, sem o frete.

O aumento foi de 1,4%, frente ao pagamento anterior. Na comparao com o mesmo perodo do ano ado, o produtor recebeu 10,6% mais neste ltimo pagamento.

Para o pagamento a ser realizado em setembro, referente a produo de agosto, aumentou o nmero de laticnios falando em estabilidade a baixa nos preos do leite pago ao produtor na regio Sudeste e Centro-Oeste. Nos estados do Sul do pas o movimento de queda deve ganhar fora daqui em diante.

Sidney Mashio: Junho e julho foram dois meses de forte alta no preo pago ao produtor. Isso quer dizer que o fazendeiro pode ficar sossegado em relao rentabilidade da sua atividade?

Juliana Pila: Para o produtor, apesar da valorizao mdia do leite de quase 20,0% no acumulado de janeiro a agosto, as margens da atividade ficaram pressionadas, principalmente para quem no se planejou com relao as compras dos insumos.

Sidney Mashio: A respeito do custo de produo, principalmente na parte da alimentao da vacada, como est hoje e o que vai acontecer daqui para o final do ano?

Segundo o ndice Scot Consultoria de Custos de Produo, os custos da atividade subiram, em mdia, 3,1% em 2018, puxados pela alta do milho (+60,5% ago/18 x ago/17) e do farelo de soja (+32,4% ago/18 x ago/17).

Em curto prazo, a expectativa de preos firmes para estes insumos, o que no descarta aumentos nos custos de produo.

Sidney Mashio: Juliana, com essa disparada do dlar em relao ao real ficou mais difcil importar leite e produtos derivados?

Juliana Pila: Com relao as importaes, no acumulado de janeiro a julho o pas adquiriu 32,3% menos em volume de lcteos e gastou 34,8% menos que igual perodo do ano ado.

A alta do dlar em relao ao real, a demanda interna patinando e a virao na curva de produo nacional podem ser os motivos dessa reduo nas importaes.