O caminhar da pecuria brasileira g129

A pecuria de corte no Brasil sempre se caracterizou por ser uma atividade extensiva. O clima e as pastagens favorecem a criao em pasto, o que permite menores custos de produo. 2147v

Porm, as adversidades econmicas que envolveram o pas at meados de 1990, no permitiram muitos avanos na pecuria.

At a dcada de 80, o mercado do boi era visto como uma vlvula de escape para preservao de capital j que a economia estava em runas e a inflao em patamares fenomenalmente altos.

Esse cenrio, consequentemente, manteve a produtividade mdia da pecuria abaixo de 1@/ha/ano.

Com o advento do plano real, a economia foi reconstruda e investimentos no setor comearam a serem feitos, retomando um processo de desenvolvimento na pecuria.

Evoluo da produtividade

Ao longo dos anos a pecuria de corte ou por diversas mudanas e evolues.

O pecuarista entendeu as pastagens como uma cultura agrcola, que deve ser manejada e adubada para melhor aproveitamento da terra.

O desenvolvimento de novas tcnicas de manejo e uso de tecnologia permitiu a otimizao da rea j ocupada pela pecuria sem que houvesse a necessidade de expanso em novas reas.

A partir de 1995 a rea ocupada com pastagens comeou a diminuir, enquanto o rebanho nacional continuava a aumentar. A taxa de lotao ou de 0,60 para 1,15 cabea por hectare de 1970 para 2017 (IBGE). Um crescimento de 91,7%!

Figura 1.
Relao entre a rea de pastagem e o rebanho brasileiro.

*Anos do grfico de acordo com o censo agropecurio IBGE.
Fonte: IBGE / Elaborado por Scot Consultoria – scotconsultoria-br.noticiascatarinenses.com

A produo de carne, por sua vez, foi gradativamente aumentando e amos de 1,85 milho de toneladas em 1970 para 9,90 milhes de toneladas em 2018 (USDA). Um crescimento estupendo de 435,1%.

Isso corresponde a um salto de produtividade de 0,92@/ha/ano para 4,40@/ha/ano, no mesmo perodo, veja na figura 2. Um crescimento de 378,3% em produtividade.

E, a atividade que era extensiva e extrativista melhorou os ndices produtivos e reprodutivos do rebanho e ganhou espao em mbito internacional.

Figura 2.
Evoluo da produtividade mdia no Brasil em @/ha/ano.

*Anos do grfico de acordo com o censo agropecurio IBGE.
Fonte: IBGE / USDA / Elaborado por Scot Consultoria – scotconsultoria-br.noticiascatarinenses.com

Os gigantes da pecuria

A vantagem em relao aos concorrentes gritante. Todas as caractersticas edafoclimticas brasileiras facilitam a produo em pasto, o que torna a nossa produo competitiva comparada com os outros pases, onde a maior parte dos bovinos precisa ser confinado durante a engorda.

A produtividade em 2018, em arrobas por hectare por ano, em pasto, nos Estados Unidos, maior produtor de carne do mundo, foi 3,10. Para a Austrlia, grande referncia no setor tambm, essa relao foi ainda menor, 0,45@/ha/ano (USDA e ABS).

O inverno rigoroso dos Estados Unidos e o deserto existente na Austrlia no permitem que esses pases sejam to eficientes quanto o Brasil na produo em pasto.

Mas importante ficar de olho em outros ndices produtivos dos concorrentes para buscar eficincia.

Um bom exemplo o peso mdio da carcaa no Brasil que em 2018 foi de 250,6kg, enquanto que na Austrlia e Estados Unidos foi de 278,9kg e 364,4kg, respectivamente.

Para ilustrar, a Scot Consultoria desenvolveu uma simulao demonstrando o potencial de aumento na produo de carne bovina nacional caso o Brasil possusse os ndices produtivos equiparados aos Estados Unidos e Austrlia.

Figura 3.
Simulaes do aumento na produo de carne nacional com ndices produtivos comparados aos dos Estados Unidos e Austrlia.

*Peso mdio da carcaa australiana = 278,9kg.
** Taxa de desfrute dos EUA = 25,4%.
Fonte: USDA / Scot Consultoria – scotconsultoria-br.noticiascatarinenses.com

Nessas condies, se mantivssemos a rea de pastagem existente hoje, a produtividade mdia do Brasil saltaria de 4,4@ para 8,9@/ha/ano no cenrio em que ambos os ndices produtivos fossem melhorados.

Ainda temos um longo caminho a percorrer, e as possibilidades de aumento de produo, so enormes. O Brasil possui espao, clima e as condies necessrias para que possamos melhorar a produo e nos tornarmos os mais eficientes e os mais competitivos internacionalmente.

Fontes:

Banco de dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (UDSA).

Banco de dados Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE).

Banco de dados Australian Burian Statistics (ABS).

Banco de dados da Scot Consultoria.