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Uso da larva do besouro tenbrio na alimentao animal e humana 6h4s23

por Rafael Suzuki
19/03/2021 - 10:00

Introduo 684353

Conhecida popularmente como larva ou bicho-da-farinha, a larva do besouro tenbrio comum (Tenebrio molitor) possui alto teor de protena (cerca de 58%), alanina, vitaminas, minerais, cido linoleico, entre outros teores nutricionais (Rezende et al., 2020). O farelo de soja, principal concentrado proteico utilizado na nutrio animal, apresenta uma protena bruta de 45%. 3z2v1x

Recentemente a Agncia Europeia de Segurana Alimentar (EFSA) aprovou a larva da farinha como alimento humano, sendo o primeiro inseto aprovado como comestvel na Unio Europeia (Neves, 2021).

Segundo a Organizao das Naes Unidas para Alimentao e Agricultura (FAO, 2003), cerca de 2 bilhes de pessoas consomem regularmente alguma espcie de inseto, sendo que h uma variedade com cerca de 2 mil espcies comestveis.

Caractersticas biolgicas 181y2i

A figura 1 ilustra a metamorfose completa do besouro, que dividida em quatro etapas: embrio (ovos), larva, pupa e imago (adulto). A durao do seu ciclo de vida varia de cinco a doze meses, sendo sensveis s condies climticas, principalmente a temperatura.

Figura 1.Ciclo biolgico do Tenebrio molitor.

Fonte: Rezende et al. (2020)

Em sua reproduo, a fmea chega a produzir cerca de 500 a 1.000 ovos por desova.

Comumente o farelo de trigo tem sido utilizado como dieta padro, embora a alimentao e seu impacto no teor de nutrientes no inseto ainda esteja sendo pesquisado, o que poderia viabilizar ainda mais o custo de produo (Rumbos et al., 2020). O farelo de milho tem sido considerado uma aposta promissora e mais barata.

Produo e mercado 2j4dv

J existe mtodo de baixa tecnologia e baixo custo de produo de larvas em escala industrial, apesar de ser voltada para menores demandas, como o mercado pet. A China possui uma variedade muito grande de apresentao do Tenebrio molitor para comercializao, desde vivos ou secos, at enlatados ou em p.

A mo de obra e a alimentao so os itens mais onerosos que compem os custos de produo do Tenebrio molitor.

Seu baixo teor de umidade favorece a produo de farinha de inseto de alta qualidade. Em relao ao uso da farinha do tenbrio comum, ela tem se mostrado promissora principalmente para avicultores e piscicultores, de modo a no impactar negativamente no desempenho desses animais com a incluso desse ingrediente em suas dietas e apresentar menor custo em relao aos ingredientes convencionais (Reis e Dias, 2020).

Em 2003, foi estimado 600 mil produtores dessa espcie no Brasil, sendo a maioria criadores de pssaros.

Sustentabilidade 6fo5a

Traando um comparativo da produo de insetos com outras produes, se gasta menos energia do que a de bovinos, se equipara a de sunos e maior do que a de frangos e vacas leiteiras para a produo de 1 kg de protena (Oonincx e De Boer, 2012).

Em relao emisso de gases de efeito estufa, a produo de larvas vantajosa em relao s demais produes. Para uma mesma produo de protena considerando a produo desses gases, so equivalentes 1 ha de terra de produo de insetos, 2,5 ha de vacas leiteiras, 2 a 3,5 ha de frangos e sunos e 10 ha de bovinos de corte (Van Huis et al., 2013).

A criao de insetos demanda espaos expressivamente menores em relao plantao de gros ou criao de animais (Ramos-Elorduy et al., 2001).

Alm disso, foi comprovado que o Tenebrio molitor capaz de degradar materiais como poliestireno, base do isopor e de difcil destinao ao ambiente, e transformar o carbono desse material em CO2 e o resduo em biomassa (Yang et al., 2015), sem comprometer os valores nutricionais da larva.

Considerao final 71d64

A larva do besouro tenbrio comum poder ser consumida como uma fonte de protena alternativa, realidade que est mais prxima na Europa. Farinha de insetos podero compor alimentos como po, biscoito, massas e outros pratos.

Essa espcie possui altas propriedades nutricionais e apresenta aspectos interessantes quanto sustentabilidade de sua produo.

Atualmente, apresenta uma gama de utilizaes, sendo uma das mais promissoras a incluso na alimentao de aves e peixes.

Contudo, ainda h incertezas quanto aos efeitos de toxidez para consumo humano e a aceitabilidade desse alimento. Alm do mais, h falta de mtodos de produo em escala que viabilizem atender uma demanda maior voltada para a alimentao humana e/ou outros animais de produo viavelmente econmica.

Bibliografia

Oonincx, D. G. A. B.; De Boer, I, J. M. Environmental impact of the production of mealworms as a protein source for humans: a life cycle assessment. PLOS ONE, v.7, p. 1-7, 2012.

Organizao das Naes Unidas para Alimentao e Agricultura. Disponvel em: http://www.fao.org.home/en/. o em: 2 de fevereiro de 2021.

Neves, G. Larva se torna o primeiro inseto aprovado como comida na Unio Europeia. Disponvel em: https://www.midiamax.com.br/mundo/2021/larva-se-torna-o-primeiro-inseto-aprovado-como-comida-na-uniao-europeia. o em: 1 de fevereiro de 2021.

Ramos-Elorduy, J., Gonzlez, E. A., Hernndez, A. R., Pino, J. M. Use of Tenebrio molitor (Coleoptera: Tenebrionidae) to recycle organic wastes and as feed for broiler chickens. Journal of Economic Entomology, v. 95, n. 1, p. 214-220, 2002.

Reis, T.L.; Dias, A.C.C. Farinha de insetos na alimentao de no ruminantes, uma alternativa alimentar.Veterinria e Zootecnia, v.27, p.1-16, 2020.

Rezende, M.A.S.; Silva, C.A. de S.; Campos, A.N. da R. Larva de Tenebrio molitor como fonte de protena na alimentao humana: possibilidade e perspectivas. Contribuies para a rea de Alimentos: Experincias do Mestrado Profissional em Cincia e Tecnologia de Alimentos, Campus Rio Pomba, p. 222, 2020.

Rumbos, C.I.; Karapanagiotidis, I.T.; Mente, E.; Psofakis, P.; Athanassiou, C.G. Evaluation of various commodities for the development of the yeallow mealworm, Tenebrio molitor. Scientific Reports, v.10, n.1, p. 1-10, 2020.

Van Huis, A. Potential of insects as food and feed in assuring food security. Annual review of entomology, v. 58, p. 563-583, 2013.

Yang, Y.; Yang, J.; Wu, W.M.; Zhao, J.; Song, Y.; Gao, L.; Yang, R.; Jiang, L. Biodegradation and Mineralization of Polystyrene by Plastic-Eating Mealworms: Part 1. Chemical and Physical Characterization and Isotopic Tests. Environmental Science and Technology, v. 49, p. 12080-12086, 2015.