O objetivo da sequncia de trs artigos com este tema descrever como o manejo da pastagem influencia a maximizao da resposta da pastagem s prticas corretivas e de adubao do solo e para a nutrio equilibrada da planta forrageira. 1m484m
Na primeira parte desta sequncia de artigos foi descrito como as espcies de plantas forrageiras e seus cultivares influenciam na maximizao da resposta da pastagem s prticas de correo e adubao do solo.
Nesta segunda parte, o objetivo descrever como o padro de estabelecimento da pastagem; a infraestrutura: rea de lazer, cochos, bebedouro, o conforto animal e o manejo do pastejo influenciam na maximizao da resposta da pastagem ao manejo da fertilidade do solo.
Para maximizar a resposta s prticas de correo e adubao do solo, a pastagem dever ser bem estabelecida com estande de plantas uniforme e denso, j que a produo de forragem resultante da interao entre nmero de plantas por rea, o nmero e peso dos perfilhos por planta e o nmero e o peso de folhas por perfilho.
At aqui, em fazendas de pecuria cujas pastagens j esto estabelecidas, quando o produtor decidir por adotar as prticas de correo e adubao do solo, recomenda-se que ele inicie pelas pastagens estabelecidas com forrageiras adaptadas s condies da regio e com estande de plantas uniforme.
O processo de colheita da forragem disponvel tem que ser eficiente para que grande parte dos fatores de produo que entram no sistema (luz, temperatura, gua de chuvas ou de irrigao, herbicidas, inseticidas, nutrientes etc.) sejam convertidos em produto animal. Para tal, importante que o planejamento e a implantao da infraestrutura da pastagem tenham este objetivo. Assim planejar a modulao das pastagens em piquetes, localizao e dimensionamento da fonte de gua dos cochos para suplementao, do sombreamento... fundamental para que o processo de colheita da forragem pelos animais em pastejo seja facilitada com o objetivo de ser eficiente.
O planejamento da infraestrutura ainda importante para possibilitar a apartao do rebanho em lotes de animais homogneos quanto idade, o sexo, o peso e tamanho corporal, s exigncias de manejo (reprodutivo, nutricional e sanitrio) para evitar disputas pela hierarquia (dominncia, liderana etc.) que causam estresse de alta intensidade que provoca queda no desempenho animal.
Por ocasio do planejamento e implantao da infraestrutura da pastagem importante planejar condies de conforto para os animais j que so estes que iro converter a forragem consumida em produto animal. Vacas em lactao submetidas ao estresse calrico apresentaram menor absoro e assimilao de minerais, produziram menor volume de leite (entre 10 e 20%) e com menor concentrao de protena e gordura, e tiveram uma taxa de concepo 30 a 40% mais baixa que vacas que tiveram o sombra ou foram resfriadas.
Animais machos da raa Nelore nas fases de recria e engorda que tiveram o sombra durante 15 meses de avaliao apresentaram um ganho mdio dirio 11% maior, e ao abate produziram carcaas com uma espessura de gordura subcutnea 84% maior que animais que no tiveram o sombra (tabela 6).
Tabela 6.Ganho mdio dirio, peso de carcaas quentes e espessura de gordura subcutnea de carcaas frias de bovinos Nelores submetidos ao sombreamento.
Tratamentos | Idade (dentes) | GMD (kg) | Carcaa quente Peso (kg) |
Carcaa fria EGS (mm) |
T1: – Sombra | 2,5 | 0,516 a | 263,8 | 1,2 a |
---|---|---|---|---|
T2: + Sombra | 2,0 | 0,574 b (+ 11%) | 271,8 | 2,2 b |
Fonte: BIZINOTO, 2005.
Assim, mesmo em solos de pastagens corrigidos e adubados, mas com animais submetidos a estresses pela dominncia provocada pela heterogeneidade de apartao do lote e a disputa pelos recursos, gua, suplemento e sombra; pelo calor e pela presena de lama etc., os nutrientes aplicados ao solo no sero convertidos com eficincia em produto animal.
O manejo da pastagem um conjunto de aes nos fatores solo-planta-animal e meio ambiente, que visam o bem-estar e a produtividade da comunidade de plantas e meio ambiente, enquanto o manejo do pastejo consiste no monitoramento e conduo do processo de colheita da forragem produzida, pelos animais em pastejo.
Uma das formas de se avaliar a eficincia no uso dos fertilizantes por meio da relao entre a quantidade de nutriente aplicada e a quantidade de nutriente exportada pelas colheitas, extraindo-se o balano do consumo de nutrientes de uma determinada rea ou regio.
A eficincia de pastejo traduz a proporo da forragem acumulada que consumida pelo animal, tal eficincia afetada pelos fatores planta, animal e o manejo do pastejo. Na terceira e ltima etapa, a eficincia bioeconmica da adubao determinada pela eficincia de converso da forragem consumida em produto animal (kg MS/kg de ganho de peso corporal ou kg MS/kg de leite). Essa fase depende da qualidade da forragem e das caractersticas do animal.
O produto das eficincias parciais nas trs etapas do processo de produo animal em pasto, que so: primeira ou de crescimento e acmulo de forragem, cujo produto dado em kg MS/kg de nutriente aplicado; a segunda ou de eficincia de pastejo ou de utilizao da forragem acumulada e disponvel, cujo produto dado em porcentagem da forragem disponvel ou acumulada que consumida, e a terceira e ltima etapa ou de converso da forragem consumida em produto animal, cujo produto dado em kg MS/kg de produto animal define a eficincia de uso do nutriente do fertilizante na produo animal.
Observa-se na tabela 7, o impacto da eficincia do manejo da pastagem nas trs etapas do processo de produo animal em pasto sobre a converso do nitrognio (N) em sistemas de produo de carne e leite em pasto.
Tabela 7.Intervalos de variao mais comuns das eficincias parciais dos componentes determinantes daproduo animal em pastagens adubadas com nitrognio e metas a serem buscadas no sistema de produo.
Componente | Carne1 Intervalo | Meta | Leite2 Intervalo | Meta |
kg de MS/kg de N aplicado | 15 a 45 | Mais de 45 | 15 a 45 | Mais de 45 |
---|---|---|---|---|
Eficincia de pastejo (%) | 40 a 55 | Mais de 55 | 40 a 55 | Mais de 55 |
kg de MS/kg de produto | 14,5 a 18,0 | 12 a 16 | 1,25 a 2,5 | Menos de 1,25 |
kg de produto/kg de N aplicado | 0,5 a 1,7 | Mais de 2,2 | 2,4 a 19,8 | Mais de 19,8 |
Fonte: 1MARTHA JUNIOR et al., 2004; 2AGUIAR, 2007.
Na tabela 7, foi usado o N como exemplo para avaliar a sua converso em produto animal para diferentes eficincias no manejo da pastagem nas trs etapas do processo de produo animal. Entretanto, outros fatores de crescimento e produo, tais como luz solar, gua, como outros nutrientes, podem ser avaliados nesta perspectiva.
Considerando o manejo de fertilidade de solo e a nutrio de plantas forrageiras, principalmente gramneas, a converso do N a mais avaliada por causa das caractersticas deste elemento, tais como: o que mais se perde facilmente, tem menor efeito residual, o mais caro, como tambm o modulador da produo em sistemas em pasto, numa figura de linguagem “o freio e o acelerador” da produo.
A amplitude mais comum na eficincia de uso do N-fertilizante e na eficincia do pastejo, verifica-se que a quantidade necessria para elevar 1 unidade animal (1 UA corresponde a 450 kg de peso corporal), na fazenda num perodo de 220 dias de chuvas, varia de 40 kg de N/UA a 200 kg N/UA. Em fazendas comerciais, a amplitude mais provvel de ser encontrada seria de 60 kg a 170 kg de N/UA para as condies de manejo excelente e muito ruim, respectivamente.
Metas de manejo para capim‑marandu (Urochloa brizantha cv. Marandu) submetido a pastejo rotativo e a doses de N, de janeiro de 2009 a abril de 2010. Os tratamentos consistiram na combinao de duas frequncias de pastejo, com alturas pr‑pastejo de 25 e 35 cm, e de duas doses de fertilizante nitrogenado, de 50 e 200 kg de N/ha/ano. A altura de ps‑pastejo estipulada foi de 15 cm em todos os tratamentos. Neste experimento o manejo correto do pastejo, com 25 cm de altura pr-pastejo, possibilitou uma produtividade de 680 kg de peso corporal/ha (PC), enquanto com 35 cm a produtividade foi de apenas 500 kg de PC/ha. Por outro lado, o aumento da dose de N de 50 kg/ha/ano para 200 kg de N/ha/ano, possibilitou um aumento na produtividade de 530 kg de PC/ha para 650 kg de PC/ha. Observa-se que o correto manejo do pastejo proporcionou aumento de 34% na produtividade de carne, enquanto o aumento na dose de N em quatro vezes, ou 300%, proporcionou um aumento de apenas 22%.
Assim, recomenda-se que o investimento em prticas corretivas e de adubao do solo da pastagem deve ser adotado apenas por produtores cujos funcionrios de campo saibam manejar o pastejo corretamente.
Em setembro ser publicada a terceira e ltima parte desta sequncia de artigos – aguarde.