Muitas espcies de palmeiras infestam pastagens estabelecidas, principalmente das regies Centro e Norte do pas, onde aparecem por vezes em nveis de infestao bastante significativos. Na nomenclatura botnica, essas espcies so classificadas como pertencentes famlia Arecaceaee so facilmente identificadas nas pastagens pela forma como se destacam da vegetao e pela configurao bastante tpica da arquitetura das plantas, de modo muito frequente so chamadas popularmente por pindobas, como na figura 1. 73q1a
Figura 1. Pastagem com presena de pindoba na regio de Imperatriz no Maranho.
Fonte: acervo pessoal do autor
Diversas espcies deste grupo possuem espinhos, dificultando, sobremaneira, o manejo do gado nas pastagens onde estas ocorrem. O gado pode se alimentar das folhas de espcies que no possuem espinhos, especialmente quando as plantas esto rebrotando aps roadas, entretanto esses animais o fazem por falta de disponibilidade adequada de capim para seu pastejo, uma vez que estas folhas so nutricionalmente pobres, com elevado teor de fibras no digerveis. O fato dos animais se alimentarem de suas folhas em rebrote pode iludir os pecuaristas menos tecnificados, imaginando que o gado est tendo alimento disponvel. Pelo motivo exposto, trata-se de um raciocnio equivocado.
A presena dessas plantas na pastagem exerce a competio tpica por gua e nutrientes, mas principalmente por espao com a forrageira de interesse, alm do sombreamento. A somatria dos fatores levar a uma menor produo de capim, e por consequncia, menor capacidade de lotao animal nestas reas.
Uma variedade grande de espcies de palmceas ocorrem nas mais diversas regies do pas, mas em maior frequncia aparece a tradicional pindoba, classificada como Orbignya phalerata, com sinonmias: Attaleia speciosa, Orbignya barbosiana, Orbignya macropelata, Orbignya martiana e Orbignya speciosa. Trata-se do babau, uma espcie protegida por lei em diversos Estados pelo seu carter de subsistncia econmica de populaes que exploram, principalmente, seus frutos maduros: os coquinhos. Contudo, essas leis de proteo cobrem as plantas adultas em produo e ainda especificando a permanncia de um mnimo de plantas adultas e jovens por hectare. Tambm outras leis municipais e estaduais garantem o livre o s reas de ocorrncia destas plantas para a coleta dos frutos, a chamada Lei do Babau Livre. Assim, o controle das plantas provenientes das rebrotas das roadas nas pastagens no impedido por essas leis.
Figura 2. Plantas de pindoba na regio de Jussara em Gois.
Fonte: acervo pessoal do autor
As plantas da famlia Arecaceae so monocotiledneas, assim, apresentam um nico ponto de crescimento localizado na regio apical do tronco, de onde se originam as folhas. Esse ponto tecnicamente definido como meristema apical, sendo popularmente conhecido como “olho” da planta. Nessa regio os tecidos so bastante jovens, onde ocorre intensa multiplicao celular, e deles se originam as demais estruturas da planta, tanto as folhas como os rgo reprodutivos, de onde derivam as flores e posteriormente frutos, no caso desta famlia do tipo drupa, geralmente fibroso, ou raramente como baga, e possuem endosperma com leos ou carboidratos, que em algumas plantas podem ser ruminados.
Apresentam um tronco nico no ramificado, e no caso da Orbignya phalerata podem atingir at 20 m de altura. J espcies como o indai, a Attalea geraensis, no geram troncos acima de 1 m. Algumas espcies possuem espinhos em seus caules e folhas, como o tucum (Bactris setosa) ou a Macaba (Acrocomia aculeata).
Figura 3. Detalhes do caule espinhento do tucum (Bactris setosa).
Fonte: acervo pessoal do autor
A reproduo dessas plantas se d exclusivamente por sementes, gerando grandes populaes em reas recm-abertas, tornando seu controle uma tarefa rdua e persistente.
As pindobas so de difcil erradicao devido ao rico banco de sementes existentes no solo, que proporciona constante germinao de plantas novas. Assim, seu controle uma atividade rotineira e constante, porm o manejo do capim exerce importante papel na supresso dessas plantas, que so prejudicadas pelo sombreamento do solo, exercido pelo capim bem manejado.
Os principais tratamentos para controle qumico das pindobas so realizados com produtos base de triclopir, porm exigindo que o produto seja diludo em leo diesel.
Todos os produtos contendo exclusivamente triclopir no Brasil possuem 480 g ea/l, e so formulaes EC: concentrados emulsionveis. Esse tipo de formulao possibilita sua diluio tanto em solventes orgnicos, caso do diesel, como se diluem bem em gua, formando emulses estveis. As concentraes da cauda para o controle das pindobas variam de 3 a 5% do produto formulado, ou seja, 97 a 95% de diesel com 3 a 5% da formulao de triclopir 480 EC.
At os anos 1990 apenas um produto contendo triclopir estava disponvel no mercado. Atualmente existem 13 marcas comerciais registradas para pastagens, de diversos fabricantes. Nem todas esto disponveis comercialmente, mas ao menos cinco marcas so facilmente encontradas no mercado.
A aplicao da calda de triclopir em diesel, mencionada h pouco, deve ser direcionada para plantas que no possuem caule exposto, acima do nvel do solo, vindo de rebrotas aps roada, ou provenientes de sementes, e o jato de aplicao deve ser dirigido ao “olho” da interseo foliar, no meristema apical.
Figura 4. Detalhe do direcionamento do jato da calda de triclopir com diesel no “olho” da planta.
Fonte: acervo pessoal do autor
A quantidade de calda a ser aplicada em funo do tamanho da planta a ser tratada, tendo como base a altura das folhas, e da ordem de 15 a 20 ml de calda por planta, por metro de altura de folhas. Assim, uma planta com folhas da ordem de 2 m de altura deve receber de 30 a 50 ml no “olho” da planta. O jato deve ser o mais direcionado possvel para essa regio.
Essa aplicao normalmente feita utilizando equipamento costal e para que o jato atinja o alvo desejado, recomenda-se o uso de pontas tipo jato regulvel, de modo que apenas um jato nico seja produzido. Caso essas pontas no estejam disponveis na hora da aplicao, esse efeito pode ser reproduzido nas pontas que vem tradicionalmente equipando os aplicadores costais, retirando-se o disco plstico que vem internamente na ponta, o chamado “core”. Essa pea responsvel pela formao do jato borrifado com gotas pequenas e se esse core retirado forma-se apenas um jato concentrado, o que desejado nesta aplicao.
O controle efetivo das plantas tratadas acontece de modo bastante rpido, entre 20 e 30 dias a planta estar morta. Com 7 a 10 dias aps a aplicao j possvel arrancar as folhas centrais com um leve puxo, e se constata a necrose na base das folhas que estavam em contato com o meristema apical da planta. Um odor ptrido tpico tambm pode ser sentido ao se cheirar a base da folha arrancada.
Na rea tratada como um todo, aps 30 dias pode-se observar as plantas de pindoba secas, com a forragem j em franca recuperao e sem apresentar qualquer sintoma indesejvel.
Figura 5. rea tratada h 30 dias com triclopir no controle de pindobas.
Fonte: acervo pessoal do autor