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Como escolher as espcies e cultivares de plantas forrageiras para o plantio de pastagens - Parte 2 i6f22

por Adilson de Paula Almeida Aguiar
22/06/2022 - 09:30

Antes da avaliao dos critrios para a escolha da planta forrageira, o tcnico que assiste ao produtor deve estudar o ambiente, compreendendo o clima, o solo, as pragas e as doenas de ocorrncia na propriedade e regio. Com estas informaes, o tcnico busca nas fontes de informao (Anais de Congressos e Simpsios, teses e dissertaes de ps-graduao, DVDs, internet, aplicativos, consulta a pesquisadores e outros tcnicos etc.) as caractersticas das diferentes espcies forrageiras. 1z442u

Agora vamos aos critrios para a escolha da planta forrageira:

1. Exigncias climticas: descartar das opes todas aquelas forrageiras que exigem um ndice pluviomtrico acima do ndice da regio e que no tolerem geadas, se comum a ocorrncia na regio em questo. O tcnico tem como fonte de informao a publicao do Departamento Nacional de Meteorologia (DNMET) que apresenta valores das normais climatolgicas referentes ao perodo de 1961 a 1990 de 209 estaes meteorolgicas (atualmente so 394 estaes) com mdias histricas para 9 parmetros (atualmente so 29 parmetros).

2. Exigncias em solo: descartam-se aquelas forrageiras que no se adaptam s caractersticas do solo que o homem no consegue alterar, tais como relevo e profundidade; depois aquelas que no se adaptam a solos mal drenados; e por ltimo aquelas que so exigentes e muito exigentes em fertilidade de solo, em ambientes onde o solo naturalmente de fertilidade baixa e muito baixa e, por alguma razo, no for vivel a sua correo e adubao.

O tcnico tem como fonte de informao o mapa de solos da EMBRAPA que traz 42 classes de solos e suas associaes. Identificada a classe que predomina na regio onde se encontra a propriedade basta ao tcnico recorrer aos livros de solos e estudar as caractersticas daquela classe em questo e depois amostrar o solo na rea em questo para a anlise laboratorial.

3. Comportamento frente a pragas e doenas: descartar aquelas forrageiras que sejam susceptveis s pragas e doenas que aparecem no ambiente em questo e escolher aquelas pelo menos moderadamente susceptveis, dando preferncia quelas moderadamente resistentes e resistentes. Particular ateno deve ser dada s pragas cigarrinha-da-pastagem e cigarrinha-da-cana devido ao grau de dano econmico que causam.

4. Aceitabilidade pelos animais: descartar aquelas forrageiras que no so bem aceitas pela espcie animal que se pretende explorar, tais como a B. decumbens e o capim-braquiaro para o plantio de pastagens para equinos. Para ruminantes no h diferenas significativas em aceitabilidade para diferentes espcies forrageiras, desde que estas estejam divididas em piquetes separados, ou seja, o animal s vai exercer a preferncia por uma determinada espcie se no piquete houver misturas de forrageiras pois, do contrrio, ele consumir forragem e apresentar desempenho de forma semelhante. Em tempo, o termo palatabilidade no se aplica aqui porque o pesquisador no tem como medir este parmetro de forma quantitativa, enquanto a aceitabilidade pode ser medida e comparada atravs de protocolo de pesquisa j padronizado.

5. Distrbios metablicos causados aos animais: descartar aquelas forrageiras que causam distrbios em uma determinada espcie animal ou em uma categoria dentro da espcie. Como exemplo, as distrofias sseas em equinos causadas por excesso de oxalato em algumas forrageiras, a fotossensibilizao em bezerros, comum em pastagens de B. decumbens, a intoxicao por nitrato em pastagem de capim-tanner Grass (Braquiria-do-brejo).

6. Formas de plantio: toda forrageira pode ser implantada atravs de mudas, mas nem todas podem ser implantadas atravs de sementes. Esta segunda forma de plantio praticamente no tem restries possibilitando o plantio em pequenas e em grandes reas, pelos mtodos: manual, por trao animal, tratorizado ou areo. O investimento para o plantio da pastagem pode ser duas a trs vezes mais baixo quando o plantio feito atravs de sementes comparado com o plantio por mudas, quase sempre feito manualmente.

7. Formas de uso: h que definir as finalidades de explorao da rea em questo, ou seja – ser exclusivamente para pastejo, apenas para fenao, para ensilagem ou pr-secagem, ou at formas combinadas destes usos em uma mesma rea. Uma vez definida a forma de uso, o tcnico que assiste ao produtor ir definir o manejo da rea: em caso de explorao sob pastejo definir o mtodo de pastoreio, as alturas alvos de manejo do pastejo, a frequncia de pastejo; no caso de reas para corte definir a altura e a frequncia de cortes etc.

8. Potencial de produo de forragem: preciso ser definido pelo produtor com a orientao de um tcnico para ento se definir qual nvel tecnolgico da explorao dever ser aplicado na rea em questo: sem correo e sem adubao do solo, s com correo do solo, ou com correo e adubao sem ou com irrigao.

H que se destacar aqui que haver diferenas na produo de forragem apenas em ambientes em no equilbrio, ou seja, com restries climticas ou de solos e sob o ataque de pragas e presena de doenas. Por outro lado, em sistemas em equilbrio, sem aqueles tipos de restries, e com manejo do pastejo orientado pelas alturas alvos de cada espcie forrageira, no haver diferenas significativas no potencial de produo de forragem entre diferentes plantas forrageiras.

9. Qualidade de forragem: comum os produtores de leite e muitos tcnicos perguntarem qual ou quais forrageiras so mais recomendadas para sistemas de produo de leite ou de carne, ou seja, eles querem saber qual ou quais forrageiras so de melhor qualidade.

Por que ento no se incluiu nessa lista de critrios para escolha da espcie forrageira o parmetro “valor nutritivo”? porque em ambientes em equilbrio no h diferenas significativas para os parmetros, valor nutritivo da forragem (composio qumica e digestibilidade), valor alimentcio da forragem (valor nutritivo e consumo de forragem) e qualidade de forragem, avaliada pelo desempenho do animal.

Em outras palavras, em pastagens bem manejadas animais de mesma categoria (sexo, idade, peso, grau de sangue etc.), pastejando em piquetes separados com diferentes espcies forrageiras, no apresentaro diferenas significativas em seus desempenhos.

Observa-se desse resumo que os critrios so muitos, que a anlise de cada um no to simples assim, exigindo conhecimentos profundos de fatores dinmicos e complexos, tais como o clima, o solo, pragas, o manejo etc., ensejando a necessidade do produtor ser orientado por um especialista.