Scot Consultoria
scotconsultoria-br.noticiascatarinenses.com

Radar sanitrio para junho 1p6mk

por Enrico Ortolani
01/06/2023 - 06:00

Vermifugao estratgica para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina 1931c

Segundo recomendaes da Embrapa, chegou a hora de vermifugar estrategicamente todos os bovinos desmamados de at dois anos, criados em todo o Rio Grande do Sul e no planalto catarinense. As regies no-serranas de Santa Catarina tm um clima mais semelhante ao do Brasil Central e realizam tal vermifugao em outros meses. 4rf52

Os parasitologistas da Embrapa indicam o emprego de anti-helmnticos a base de levamisole nessa etapa. A vermifugao estratgica, alm de reduzir a quantidade de vermes, diminui a contaminao das pastagens com as larvas de parasitas, evitando, no perodo que se segue, novas infestaes gastrointestinais e pulmonares ocorram.

Hora de rever os cochos 2l2a2c

A partir de agora, o volume de chuvas diminui para valer no Brasil Central, voltando a chover do final de setembro em frente. O excesso de chuva danifica certos tipos de cocho, em especial os de madeira e os de tronco inteirio, com destaque aos no cobertos. Assim, junho um bom ms para repararmos os danos ou mesmo substituir, redimensionar e incrementar os cochos de suplemento mineral.

Caso o sal mineral ou sal proteinado seja colocado diariamente, no h necessidade de se cobrir o cocho, porm, num estudo, verifiquei que o sal mineral colocado em excesso em cocho descoberto provoca empedramento do sal, o que leva a uma reduo de 50% de seu consumo e um menor ganho de peso. Alm de cobertura superior recomenda-se fechamento lateral para evitar chuvas de vento (figura 4).

Outro problema comum, em nosso meio, so cochos pequenos para o lote. O ideal oferecer 6 centmetros lineares por boi em cochos com o pelos dois lados. A falta de espao no cocho diminui muito o consumo, principalmente em gado Nelore, que segue uma hierarquia de preferncia de chegada no cocho, fazendo com os lderes e sublderes ingiram quantidades adequadas de sal e os de menor ranque social ingiram menos ou simplesmente no ingiram sal mineral.

O redimensionamento dos cochos, a subdiviso deste em cochos menores, e quando colocados de forma separada evita esse problema de hierarquia. Coloque isso em prtica!

Figura 1.
Cocho de madeira umidificado e j danificado.

Fonte: Enrico Ortolani

Figura 2.
Cocho danificado.

Fonte: Enrico Ortolani

Figura 3.
Caso tpico de cocho pequeno.

Fonte: Enrico Ortolani

Figura 4.
Cocho ideal com cobertura superior e lateral.

Fonte: Enrico Ortolani

Queda no preo da arroba diminui a oferta de sal mineral para a boiada no Acre 1e6p53

Segundo apuramos com um reconhecido veterinrio do Acre, a recente e constante queda do preo pago pela arroba fez com que muitos pecuaristas substitussem o sal mineral de boa qualidade pelo “sal batizado”, com uma parte de sal balanceado para at cinco de sal branco, e que aumentasse as vendas da chamada “barriquinha de suplementos” em que se chega a recomendar a adio de um quilo do produto, vendido como “sal completo” para 25 a 60 kg de sal comum. Uma afronta!

O tcnico tambm comentou que alguns poucos criadores simplesmente deixaram de ofertar at sal comum. O colega atendeu uma boiada original que foi vendida, h cinco meses, para dois comparadores distintos, um deles que ofertava suplemento mineral de boa quantidade e vontade e outro que oferecia uma mistura de um quilo de sal da “barriquinha” para 40 kg de sal branco. Os dois lotes estavam em pasto verde nesse perodo.

O gado com o sal balanceado ganhou em torno de 500 gramas dirias, enquanto o de “barriquinha” s 300 gramas dirias. Os bovinos do ltimo grupo, caso no fossem suplementados, seriam fortes candidatos a terem carncia de fsforo a longo prazo, que pode reduzir o consumo de alimento em at 40%, entre outras consequncias.

Esses produtos da chamada “barriquinha” geralmente no contm fsforo, clcio, enxofre e magnsio, apenas alguns microelementos (cobre, cobalto, iodo, selnio, zinco etc.), os quais, quando muito misturados com o sal, ofertam quantidades insuficientes destes microelementos para o gado.

Os tcnicos que inspecionam produtos do MAPA deveriam rever e cassar o registro desses produtos, que so uma verdadeira enganao na minha opinio, pois so baratos, aparentemente vantajosos, mas ineficientes.

Garrotes e novilhas a campo devem receber um bom suplemento mineral com no mnimo 40 a 60 gramas de fsforo por quilo de suplemento por todo ano.

Mesmo em tempo de “vacas magras”, procure manter o bsico para seu rebanho, para que o desempenho deste no seja ruim, o que te levar a lamentos no futuro.

Surto de verminose pulmonar em desmamados e numa novilhada jb5y

Notcia quente, que acabou de ocorrer! Veterinrios, que atendem fazendas numa microrregio do Sul de Gois, descreveram grave surto de verminose pulmonar por Dictyocaulus viviparus, em duas fazendas prximas, numa delas em um grande lote de novilhas ( 18 meses) e outra numa bezerrada desmamada ( 7 meses), ambos da raa Nelore. Aps o exame detalhado, registraram que 4% e 25% dos desmamados e das novilhas, respectivamente, foram acometidos com a doena, mas que a mortalidade foi maior na bezerrada (8%) que nas novilhas (2,5%).

Os veterinrios registraram que, em ambos os casos, os bovinos tinham sido tratados em fevereiro com albendazole e que no tinham sido vermifugados ainda em maio. Antes de chamar os veterinrios, os proprietrios trataram, sem sucesso, os doentes com antibiticos. Os bovinos apresentavam emagrecimento progressivo, tosse, catarro nas narinas e respirao mais acelerada. Na necropsia, foi constatada a presena de grande quantidade de vermes adultos (figura 5), na abertura dos pulmes e da traqueia, de at 6 a 8 cm de comprimento, e formas mais jovens e menores do parasita no interior dos brnquios e bronquolos, acompanhado de muita secreo bolhosa.

Ficou claro que ocorreu erro no esquema de vermifugao nesses casos, pois a eficcia do tratamento baixa e no necessria em fevereiro e o lote j deveria ter sido vermifugado no comeo de maio, segundo o esquema de vermifugao estratgica recomendada para a rea do Brasil Central.

O verme Dictyocaulus tem um ciclo de vida interessante. Os vermes adultos copulam nos pulmes, seus ovos saem pela traqueia, so engolidos e vo aos intestinos. A as larvinhas “saem” dos ovos e so eliminadas nas fezes. As larvas sobrevivem muito bem em pastagens midas e altas, se transformando em larvas maiores e ficam prontas para serem ingeridas pelo bovino. Chegando nos intestinos, as larvas perfuram este rgo e caem no sangue, am pelo corao e chegam na extremidade dos pulmes, onde migram, crescem e causam muito estrago nos alvolos (onde h oxigenao do sangue), bronquolos e brnquios (por onde entram e saem o ar).

Embora os vermes pulmonares vivam em ambientes de temperaturas no to altas, tm sido encontrados parasitando bois de Norte a Sul do Brasil, inclusive na Amaznia. Surtos de dictiocaulose praticamente no foram descritos desde meados de 1980, quando foram lanadas as avermectinas, mas nessa ltima dcada esto pipocando em muitos rebanhos pelo Brasil afora. Fique atento!

Figura 5.
Vermes adultos dentro dos pulmes.

Fonte: Enrico Ortolani

Figura 6.
Vermes adultos recuperados.

Fonte: Enrico Ortolani

Figura 7.
Desmamado com sintomas de dictiocaulose.

Fonte: Enrico Ortolani

Surto de “mio-mio” mata bovinos no extremo Sul do Rio Grande do Sul 6z151r

Informaes da Universidade Unipampa, em Uruguaiana – RS, atestam que est ocorrendo agora um surto de mortalidade em bovinos jovens na regio da fronteira do RS com o Uruguai e a Argentina. O causador do problema a ingesto da planta txica chamada popularmente de “Mio-Mio” (Baccharis coridifolia), que est em florescimento nessa poca do ano. Nas flores, a quantidade de toxina pode ser at 16 vezes superior ao contedo de suas folhas.

Os bovinos que mais sofrem so os que foram comprados de outras regies do estado, onde no tem a planta, e colocados em pastagens infestadas com o “Mio-Mio”. Enquanto os bovinos nativos no comem a planta, a no ser em condio de “fome excessiva”, os novatos a ingerem para valer e sofrem as consequncias.

Segundo relatos, 10% dos novatos que am por isso morrem. Os seguintes sintomas so apresentados: “timpanismo” (meteorismo ruminal), algum grau “andar de bbado”, intranquilidade demonstrada por se deitar e se levantar continuamente, longa permanncia deitado, primeiro de “quilha” e depois de lado, evoluindo para a morte em algumas horas.

As toxinas (tricotecenos) so produzidas por certos fungos do solo, absorvidas por pouqussimas plantas, entre elas a B. coridifolia, e acumuladas principalmente nas inflorescncias. As toxinas provocam grande inflamao na parede do rmen abomaso e intestinos, alteraes hepticas e em outros rgos internos.

Os tratamentos realizados por fazendeiros (cal e carvo ativado via oral) parecem ser ineficazes. Na preveno, sugere-se que os bovinos, oriundos de outras reas onde no existe a planta, sejam aos poucos (1 hora por dia) colocados em pastagens que tenham Mio-Mio, aumentando gradativamente esse tempo, at que, em 10 dias, os bovinos se acostumem e no em mais a ingerir a planta.

Figura 8.
Morte num lote que comeu “Mio-Mio”.

Fonte: Enrico Ortolani

Figura 9.
Ovinos intoxicados experimentalmente por “Mio-Mio”.

Fonte: Enrico Ortolani

Figura 10.
Distribuio de Baccharis coridifolia.

Fonte: Tokarnia et al., (2000)

Figura 11.
Planta de Mio-Mio florida.

Fonte: Enrico Ortolani

Foco de fasciolose em boitel na regio Sul 2q1if

Num lote de bovinos engordados num boitel, de um estado da regio Sul, cujo proprietrio pediu para no ser divulgado, foi encontrada, no abate, a presena de grande quantidade de vermes adultos de Fasciola hepatica no fgado em cerca de duas dezenas deles. Todos os fgados positivos foram condenados para o consumo. Coincidentemente, todos os bovinos positivos eram de uma nica propriedade, criados na prpria regio do confinamento.

Segundo um tcnico do boitel, os bovinos parasitados tiveram um ganho de peso bem abaixo da mdia, tendo que ficar mais dias no confinamento para atingirem o peso mnimo de abate. Alm disso, a cobertura de gordura e o enchimento da carcaa desse lote estavam aqum do desejado. Estudos indicam que essa parasitose, alm de diminuir o ganho de peso, interfere na converso alimentar e na deposio de protena na musculatura, gerando carcaas mais leves.

Praticamente, pode-se afirmar que essa boiada no contraiu a doena no confinamento, j apresentando a parasitose na sua entrada no centro da engorda. Quando do encontro no matadouro, os bovinos j tinham parasitas adultos indicando que estavam com um quadro crnico da doena. Estudos demonstraram que o parasita adulto pode permanecer no fgado acima de 20 semanas.

A Fasciola hepatica alm de sugar sangue, o que pode provocar anemia, causa um estrago no fgado e contribu para a perda de protena pela bile (fel). Casos muito graves de perda de protena levam ao aparecimento de inchao na regio baixo da mandbula, que no foi o caso dos bovinos desse surto.

Algumas condies so necessrias para o surgimento de fasciolose num rebanho, entre elas a presena de pastagens em banhados, onde se desenvolvem certos caramujos do gnero Lymnaea (espcies viatrix ou columella).

A Fasciola, para fechar seu ciclo, deve ar uma etapa de sua vida dentro do caramujo. Vermes adultos copulam no fgado, eliminam os ovos pela bile e vo para os intestinos, sendo eliminados nas fezes. As larvas (miracdeos) saem dos ovos e penetram no caramujo, tornam-se maiores e se maturam; saem do caramujo e ficam na gua ou nos capins esperando ser engolidas pelos bovinos, perfuram os intestinos e chegam ao fgado onde se tornam adultas, veja o ciclo completo na figura 14.

Nesse caso, a recomendao tcnica foi o tratamento com vermfugo especfico, na entrada do confinamento, de todos os animais daquela propriedade especfica, que apresentava alto risco de fasciolose, sem necessidade de serem vermifugados os bovinos de outras fazendas indenes.

Figura 12.
Fasciola hepatica adulta no fgado.

Fonte: Enrico Ortolani

Figura 13.
Caramujo do gnero Lymnaea.

Fonte: Enrico Ortolani

Figura 14.
Ciclo de vida da Fascola heptica.

Fonte: Roberts; Janovy (2009).

Figura 15.
Bovino com inchao debaixo da mandbula.

Fonte: Enrico Ortolani

Figura 16.
Percentuais de fgados com Fasciola hepatica nos estados.

Fonte: Enrico Ortolani

Focos e surtos de raiva, Brasil afora 4i1l6t

Nos seguintes municpios, foram recentemente confirmados focos ou surtos de raiva bovina, requerendo vacinao rbica de todos os animais (acima de 17 dias de vida) dos rebanhos at 30 km no entorno.

PAR: Tom-Au (ADEPAR)

Os bovinos acometidos de raiva nesse foco, segundo a ADEPAR, tinham em torno de 4 meses e tinham sido vacinados recentemente. Para que a vacina produza quantidades suficientes de anticorpos para proteger contra a raiva, em bovinos jovens, so necessrias duas vacinaes intervaladas de 30 dias. Em todo o Brasil, a frequncia de raiva maior em bovinos com menos de 12 meses, que nos mais velhos. Por isso, recomendo que todo bezerro deva ser vacinado aos 2 e 3 meses de idade, repetindo-se a vacinao simples a cada ano.

GOIS: Corumbaba e Padre Bernardo (AGRODEFESA)

Est sendo estudado, por este rgo, o motivo da ocorrncia do foco de raiva em Padre Bernardo, que municpio com alto risco para doena e que obrigatria a vacinao. 119 municpios goianos se enquadram nessa obrigatoriedade de vacinao. Segundo a AGRODEFESA-GO, em caso de simulaes comprovadas de vacinao, o produtor autuado e a a ter a vacinao assistida por um fiscal. Nem pensar!

MATO GROSSO: Sinop, Cceres, Santo Antnio de Leverger e Nobres (INDEA-MT)

SO PAULO: Quintana, Fartura, Aparecida e Socorro (EDA)

RIO GRANDE DO SUL: Alegrete, Cachoeira do Sul, Dom Feliciano, Gravata, Itaqui, Itati, Jaguari, Jari, Lavras do Sul, Pedras Altas, Redentora, Rio Pardo e Santiago (SEAPI)

PAR: So Felix do Xing (ADEPAR)

PARABA: Areias, Alagoa Grande, Piles e Guarabira (UFCG - Patos)

MINAS GERAIS: Carmpolis de Minas, Delfim Moreira, Natrcia, Campos Gerais e Resplendor. Possivelmente tambm, Mantena, onde ocorreu o caso humano de raiva (IMA)

PARAN: Londrina, Ortigueira, Guarapuava e Prudentpolis (ADEPAR)

SANTA CATARINA: Alfredo Wagner (CIDASC)