Radar sanitrio para agosto 4w1l3s

Vermifugao estratgica em rebanhos do Brasil Central 374x2d

Vrios estudos identificaram que os bovinos, da desmama at os dois anos de idade, criados na rea chamada Brasil Central Pecurio (plancies de SC, PR, todos estados das regies Sudeste e Centro-Oeste, RO, AC e sul do AM, PA, MA e PI, centro e sul da BA) necessitam ser vermifugados estrategicamente trs vezes ao ano, no esquema chamado “5-8-11”. Em agosto, hora da 2 vermifugao em bovinos dessa faixa etria. Recomendo o uso de vermfugos a base de Levamisole nessa etapa. g4g1i

A ideia da vermifugao estratgica diminuir os vermes, no decorrer do ano, nos animais mais jovens, que tm maior risco de verminose, e reduzir muito a contaminao das pastagens com larvas dos futuros helmintos. Segundo testes que acompanhei, essas vermifugaes estratgicas garantem ao final do ano uma arroba a mais que os bovinos vermifugados s na campanha da aftosa (maio e novembro) e quase 50 kg a mais dos no tratados. No esquea!

Bezerrada est nascendo: cuidados com a cria 5q2633

Voc est careca de saber dos cuidados com a cria no nascimento. Muitos bezerros morrem de diarreia dos 12 aos 20 dias de idade, quando nascem em piquete de pario muito empregado e no trocado por anos, que vai ficando cada vez mais contaminado, em reas sujas e com capim alto e em locais alagadios ou muito midos.

Se assim for, troque o piquete de pario por uma rea limpa, plana e descontaminada. Cure o umbigo com soluo de iodo a 6% ou com medicamentos apropriados, jamais empregando apenas spray larvicida.

Use antiparasitrios para prevenir a bicheira. Segundo constatei, tratamentos com antibiticos, no primeiro dia de vida, no surtem efeito na preveno de futuras infeces. Boa sorte e trate bem da sua bezerrada!

Surto de anaplasmose em desmamados no pantanal 5o1v4e

Veterinrios me confirmaram que est ocorrendo um surto de anaplasmose e alguns poucos casos de babesiose em bovinos desmamados de 8 a 12 meses, em especial nos mestios, criados na regio do municpio de Coxim, no Pantanal do MS.

O fenmeno est ligado sbita exploso da populao de carrapatos (Rhipicephalus microplus), parasitas estes que transmitem tanto a anaplasmose como a babesiose. O ano ado e o comeo deste ano foram marcados por prolongada seca nessa regio, que diminuiu muito a sobrevivncia de carrapatos nas pastagens e no ambiente.

Tal seca esteve ligada a influncia do fenmeno La Nia no Oceano Pacfico, o qual foi seguido pelo El Nio, que tem efeito contrrio, porm este ano foi mais forte que em vezes anteriores, fazendo com que chovesse, at o momento, 1.126 mm, 37% a mais que a mdia tradicional para o perodo. Essa alta umidade favoreceu a sobrevivncia de larvas de R. microplus no ambiente, que atacou, em seguida, a bezerrada para valer.

A pergunta que fica por que essa faixa etria foi mais atacada pela anaplasmose?

Tudo indica que essa categoria nasceu e ficou bastante tempo sem contato com carrapatos, assim como com a bactria Anaplasma marginale, que causa a anaplasmose. Isso no estimulou a produo de anticorpos de proteo contra a doena nessa categoria animal.

Na anaplasmose, a bactria se multiplica nos glbulos vermelhos do sangue e causa febre, muita tristeza e abatimento, falta de apetite, anemia e, em muitos casos, morte. A anemia se d pela sinalizao por parte do A. marginale ao organismo do animal que os glbulos vermelhos atacados j esto muito velhos, mesmo que eles sejam jovens, e devem ser destrudos inapelavelmente pelo bao.

Os veterinrios informantes tiveram que fazer tratamento em massa contra o A. marginale em todos os desmamados sob risco, para evitar novos casos da doena. Se voc tem a propriedade na regio procure imediatamente seu veterinrio de confiana para realizar o mesmo!

Figura 1.
Glbulos vermelhos atacados pelo A. marginale (seta).

Fonte: Enrico L. Ortolani

Figura 2.
Anemia causada pelo A. marginale

Fonte: Enrico L. Ortolani

Surto de raiva em bovinos do noroeste do Par 1jq4a

Segundo dados fidedignos de veterinrios, est ocorrendo um surto de raiva em bovinos de corte criados no nordeste do estado do Par, na divisa com o Maranho.

Em boa parte dos municpios dessa regio, a vacinao anual contra raiva obrigatria, devido grande presena de morcegos hematfagos (que se alimentam de sangue), sendo que muitos deles esto contaminados com o vrus da raiva.

Os veterinrios citaram que grande parte dos animais raivosos so oriundos de alguns rebanhos no-vacinados, que chegaram a perder 3% a 4% dos bovinos. Porm, os colegas atenderam bezerros de 30 a 40 dias de idade com raiva, em rebanhos vacinados.

Segundo trabalhos internacionais, a vacinao de bovinos muito jovens (menos de 30 dias) no os protege contra raiva, pois a produo de anticorpos baixssima nestes animais, no os protegendo.

Deve-se deixar bem claro que, embora os veterinrios tenham recomendado a vacinao contra a raiva, a deciso final dos proprietrios de no vacinar prevaleceu e, aps os corretos conselhos e da perda de vrios animais, agora os fazendeiros j esto vacinando. Devido ao medo de alguma represlia por parte da Defesa Sanitria do Estado (ADEPAR), todos os casos suspeitos de raiva no foram registrados pelas fazendas que vacinaram ou no, tanto que o ADEPAR oficialmente desconhece a presena desses casos.

A totalidade dos animais raivosos apresentou o quadro paraltico, ou seja, aram a andar como bbado, tropeando nas pernas traseiras, a babar e a bocejar. Em seguida, caem e podem morrer entre dois e seis dias.

A preveno recomendada uma vacinao anual de todo o rebanho, a partir de bovinos de um ms de idade. Se sua rea problemtica vacine seu rebanho, para no marcar toca e perder bovinos como aconteceu com esses pecuaristas paraenses!

Tanto bezerros, como bovinos mais erados podem morrer de raiva.

Figura 3.
Bezerro com sintomas de raiva.

Fonte: Enrico L. Ortolani

Verminose em rebanhos maranhenses 3b82z

O excesso de chuvas no primeiro semestre na regio noroeste do Maranho, na divisa com o estado do Par, favoreceu o surgimento de surtos de verminose, devido grande sobrevivncia de larvas dos vermes dos gneros Trichostrongylus, Haemonchus e Cooperia nos capins, que atacam o estmago (abomaso) e o intestino delgado.

Segundo o pesquisador da Universidade Federal do Maranho que acompanha o surto, os bovinos mais atingidos eram os desmamados at 2 anos de idade em propriedade que no adotaram a vermifugao estratgica.

Em muitos casos, os animais apresentaram anemia, principalmente pela ao do verme Haemonchus placei, reconhecido sugador de sangue, e diarreia, provocado pelos outros dois vermes. Deve-se deixar bem claro que dois destes vermes (Haemonchus e Cooperia) so altamente resistentes s ivermectinas, que ainda os pecuaristas e alguns tcnicos insistem em empregar no tratamento das boiadas. Isola!

Figura 4.
Trichostrongylus e Cooperia podem provocar diarreia.

Fonte: Enrico L. Ortolani

Dermatofitose em touros de elite 5u5735

A dermatofitose, tambm chamada de doena do anel, devido a sua forma circular, causada pelo ataque do fungo Trichophyton verrucosum na pele do animal, em especial no pescoo, pernas, cabea e costado.

Em pequena escala, essa dermatite no causa grandes prejuzos, mas quando se espalha demais pelo corpo e provoca uma reao semelhante a uma verruga, pode provocar alguma perda de peso, alm de gerar um feio aspecto esttico. Essa doena mais comum nos perodos chuvosos, em ambientes midos e em confinamentos, pois a doena pode ser transmissvel, inclusive do boi para o homem. Bovinos muito jovens tm mais chance de ter a doena que adultos.

A explicao para isso que a pele do gado menos erado tem um pH (grau de acidez) mais alcalino, ou seja, menos cido e uma menor produo de sebo que os mais adultos. Junto com o sebo, h produo de certos cidos graxos que acidificam a pele e que tem uma ao fungicida contra o agente causador da doena.

Descreve-se aqui o surgimento de tricofitose em touros de elite (figura 5) que foram submetidos a muitos banhos, com uso de detergente empregado na cozinha, que retirou a camada protetiva de sebo. Alm disso, o veterinrio notou que eles no estavam bem secos quando voltaram para as baias de estabulao, condies que favoreceram o crescimento do fungo.

O surgimento das leses na pele provocou um aspecto visual ruim em touros que iriam participar em breve de uma exposio de gado. A correo do manejo e o uso de antissptico local nas leses corrigiu eficazmente a dermatose.

Figura 5.
Trocofitose afetando um touro de elite.

Fonte: Veterinrio Guilherme S. I. Haga

Aproveito para agradecer o mdico veterinrio Guilherme Shin Iwamoto Haga, que, at julho ltimo, foi o responsvel pela Campanha de Controle de Raiva, na Coordenadoria de Defesa Agropecuria (CDA), em todo estado de SP.

Desde a primeira edio do “Radar Sanitrio”, em julho de 2022, Guilherme informou mensalmente os dados de todos os casos de raiva para a comunidade pecuria paulista, com o intuito de prevenir a doena. Devido mudana de comando na rea da Defesa Animal em SP, Guilherme foi substitudo por um outro colega veterinrio (Dr. Paulo Fadio), que continuar seu profcuo trabalho. Guilherme assume agora novas atividades na CDA, na regional de Botucatu-SP.

Focos de raiva pelo Brasil afora 86t3y

PA: Rondon do Par e Bom Jesus do Tocantins (Fonte: ADEPAR).

BA: Valena (Fonte ADAB).

MG: Paineiras, Capela Nova, Almenara, Cara, Natrcia, Guaransia, Coromandel, Monte Belo, Conceio do Mato Dentro, Visconde do Rio Branco, Muzambinho e So Vicente de Minas (Fonte: IMA).

SP: Juquitiba, Piedade, Ibina, So Joo da Boa Vista e Cajuru (Fonte: CDA).

PR: Cascavel e Ampre (Fonte ADAPAR).

Recomenda-se a vacinao contra raiva bovina de todos os animais do rebanho, a partir de 30 dias de idade, das propriedades dos municpios listados acima, ou de outros municpios limtrofes. A vacina barata e previne adequadamente.