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Radar Sanitrio para dezembro 2p6z1d

por Enrico Ortolani
30/11/2023 - 06:00

No ms de dezembro, poucas atividades aparentemente so feitas nas fazendas de boa parte do Brasil, ideal para fazer um balano geral sanitrio do que ocorreu no ano. 6t4qh

Vacinao contra clostridioses em bezerras 2c233s

No ms ado, em que foram vacinadas as bezerras contra brucelose, sugeri adiar a vacinao contra clostridioses para este ms, visto que um recente estudo brasileiro indica que no se deve vacinar ao mesmo tempo contra brucelose e clostridioses, pois isto faz com que a produo de anticorpos e proteo contra as clostridioses diminua para valer, colocando em risco os animais. Assim, chegou a hora agora de vacinar as fmeas contra as clostridioses, lembrando que os bovinos, a partir de quatro meses, devem receber duas vacinaes com espao de um ms.

Nota importante: as vacinas brasileiras contra as vrias clostridioses retiraram do produto a proteo contra o carbnculo hemtico (uma outra clostridiose). Assim, em regies que tm risco dessa ltima doena, em especial a regio sul do Rio Grande do Sul, devem fazer uma vacinao extra com vacinas exclusivas (Laboratrios Venco e Labovet) que contenham bacterinas contra o Bacillus anthracis, causador desta doena.

Descarrapatizao estratgica no Rio Grande do Sul e no planalto de Santa Catarina 154s4c

Segundo orientaes da Embrapa, sugere-se a descarrapatizao estratgica do gado bovino, nessas reas citadas, para diminuir a futura infestao de carrapatos nas prximas estaes do ano, que so mais problemticas. Para decidir sobre que produtos utilizar, pea orientao ao seu veterinrio de confiana, pois os carrapatos tm adquirido resistncia contra mltiplos tipos de carrapaticidas.

Para aumentar o ndice de eficcia e escolher o carrapaticida ideal para sua propriedade faa o teste do biocarrapaticidograma. Alm do Instituto Veterinrio Desidrio Finamor, tambm no Rio Grande do Sul esse teste pode ser feito no Laboratrio de Parasitologia da UNIPAMPA, contato whatsapp (55) 9 9964-8232 ou pelo email: [email protected] ou pelo @parasitounipampa (instagram).

Vermifugao estratgica contra fasciola heptica, no Rio Grande do Sul e nas regies baixas de Santa Catarina 4y3918

Segundo orientao da Embrapa sugere-se nas regies alagadias e que contenham o caramujo que transmite as “larvas” de Fasciola hepatica (baratinha do fgado) do RS e de SC, a vermifugao estratgica do rebanho contra este parasita, que causa grande perda de peso e anemia aos bovinos. Para tal, recomenda-se o uso, sempre consultando seu veterinrio de planto, as seguintes bases de fasciolocidas: tricabendazole, nitroxinil, clorsulon ou closantel.

Balano geral sanitrio do ano 1s2847

Sugiro que no ms de dezembro, seja feito um balano geral da sade no seu rebanho, por meio do clculo de um simples ndice, desde que tenha o registro de todos os nascimentos e mortes no ano. Primeiro, quantifique o nmero global de animais de 1 de dezembro de 2021 a 1 de dezembro de 2022, presente nas seguintes categorias: A) bezerros at desmama; B) da desmama at dois anos, C) de dois a trs anos, D) de trs a 10, E) mais de 10 anos.

Multiplique por 100 o nmero de mortes e o resultado deve ser dividido pelo nmero total de animais, dentro da mesma categoria. Com isso voc obter o nmero percentual de mortalidade no ano, para cada faixa de idade. Faa isso tambm com o total de seu rebanho criado no espao de 12 meses. A mdia de mortalidade geral nos rebanhos brasileiros de 6% e nas categorias A) 8,5%; B) 3,5%; C) 2,5%; D) 1%; E) 3,5%. Pases com pecuria de corte mais desenvolvidos (EUA e Austrlia) tm uma mortalidade mdia geral de 3,2% e nas categorias A 4,5 % a 5%; B 1,3%; C) 1%. D) 1,1 e E) 2%.

Com seus dados calculados, analise com seu veterinrio os gargalos sanitrios que levaram a morte os animais, nas diversas categorias, e trabalhem em conjunto para mudar o manejo sanitrio da fazenda, a fim de atingir metas mais prximas dos pases desenvolvidos. Boa sorte na empreitada!

Surtos e focos de doenas recentes ng6t

Surto de coccidiose em bezerrada paulista 40j1g

Veterinrio descreveu surto de desinteria (diarreia com presena de sangue e catarro) em 13 bezerros da raa Nelore com cerca de 45 dias de idade, de um total de 150, nascidos de IATF, em uma propriedade em So Jos do Rio Preto. Alm do diagnstico clnico foi feito exame de fezes onde foram encontrados oocistos de Eimeria spp. (figura 1), um protozorio que causa grande dano parede interna dos intestinos. Embora alguns bezerros estivessem bem apticos e ligeiramente desidratados no ocorreram mortes, pois graas ao rpido e eficaz tratamento com coccidicidas os animais se recuperaram.

O rebanho de cria bebia gua num aude, de porte mdio, proveniente de acmulo de gua de chuva e de um diminuto regato. Tudo sugere que a fonte de infeco tenha vindo do aude, pois os oocistos resistem bastante tempo em locais midos. A fonte inicial de infeco pode ter sido as vacas, que embora sejam relativamente resistentes ao protozorio, podem mesmo assim eliminar pequeno nmero de oocistos pelas fezes e contaminar a aguada.

Nessas condies os bezerros podem ter contrado o protozorio por duas formas, ou ingerindo a gua ou pela teta da vaca, na qual podem grudar oocistos quando a fmea entra para beber gua no aude sujo.

O ideal oferecimento de gua em bebedouros automticos, chamados de “australianos”, provendo gua de fontes limpa e se possvel tratadas com gua sanitria, conhecida como “cndida” (hipoclorito de sdio 2%) que mata boa parte dos oocistos.

Figura 1.
Oocistos em exame de fezes.

Fonte: Manual da MSD

Figura 2.
Bebedouro tipo australiano.

Fonte: Troy Walz

Infeces umbilicais em bezerros no Par e Santa Catarina 1n11w

Veterinrios de campo identificaram problemas ligados inicialmente s infeces do umbigo em bezerros, criados em Paragominas-PA e Ubirici-SC.

No Par ocorreu em cerca de 25 bezerros, com idade girando de 10 a 30 dias, em mais de 3.000 nascidos de inseminao artificial em tempo fixo (IATF). Nos doentes foram verificados inchaos debaixo da pele, os quais mais bem examinados se tratava de abscessos, que muitos chamam de peste dos “polmes” (figura 3). Alguns destes animais tambm apresentavam aumento de volume, bem espessado e duro nas “juntas” dos braos e pernas (poliartrite), que dificultava a locomoo do animal (figura 4). Quando se palpava o umbigo da maioria dos doentes o veterinrio detectou engrossamento do cordo umbilical, como se fosse uma corda.

Em Santa Catarina, os trs bezerros nascidos de vacas de elite apresentavam engrossamento das “juntas” e do cordo umbilical, que alm de inflamado estava com bicheira. Tanto os “polmes”, como as artrites so provocadas por bactrias que entram pelo umbigo e se espalham pelo corpo causando infees debaixo da pele e nas articulaes, assim como em outros rgos.

No Par o tratamento do umbigo era feito com um desinfetante comercial, composto de cido pcrico, fenol, iodofrmio e um organofosforado, para evitar bicheira. Geralmente, esta frmula atua muito bem na cicatrizao e retrao do cordo umbilical, porm identificou-se que os bezerros com os problemas, foram paridos no auge do perodo de nascimento e provavelmente foram tratados com o desinfetante decorridos seis ou mais horas do nascimento, quando aumenta muito a chance de infeco umbilical.

Em Santa Catarina, a cura do umbigo foi feita com spray larvicida, que praticamente tem pouco ou nenhum efeito sobre a cicatrizao do cordo umbilical. Alm do mais, foi empregado, logo em seguida ao nascimento, um medicamento, por via intramuscular, a base de penicilina e ivermectina, que no evitou que ocorresse infeco no umbigo e bicheira, oriundos das larvas da mosca Cochlyomia hominivorax. As larvas de bicheira esto completamente resistentes ivermectina e muito resistentes moxidectina, grandemente empregada nos protocolos de cura de umbigo.

Figura 3.
“Polmes” debaixo da pele dos bovinos acometidos.

Fonte: autor

Figura 4.
Quadro de poliartrite em bezerro.

Fonte: autor

“Enterotoxemia” volta a matar no Rio Grande do Sul 5em2z

Veterinrio de empresa de nutrio detectou um foco de “enterotoxemia” num grande confinamento no municpio de Chapada-RS.

Segundo o levantamento, morreram trs bovinos, com 40 a 50 dias de cocho, aps algumas horas do surgimento dos seguintes sintomas: afastamento do rebanho, perda de apetite, empanzinamento (meteorismo gasoso), queda e morte (figura 5).

No histrico do caso foi constatado que alguns dias antes do surgimento dos casos, por um problema de manejo, ocorreram troca nos constituintes da rao, de milho, para triguilho e deste alimento para aveia, ofertada em grande quantidade. Alm do mais, chuvas intensas e persistentes na regio geraram grande quantidade de lama no piso do confinamento.

Na necrpsia dos animais foram encontrados acmulo de gs no intestino grosso (figura 6), inflamao, manchas arroxeadas na parede do intestino (figura 7) e presena de contedo hemorrgico (figura 7) no interior do intestino delgado, e grande quantidade de grnulos de aveia no interior do rmen (figura 8).

Figura 5.
Bovino morto, destaque ao empansinamento (seta em vermelho).

Fonte: autor

Figura 6.
Parede do intestino avermelhada e contedo achocolatado.

Fonte: autor

Figura 7.
Acmulo de gs no intestino grosso; mancha arroxeada na parede do intestino.

Fonte: autor

Figura 8.
Excesso de gros de aveia dentro do rmen.

Fonte: autor

O diagnstico clnico foi fechado como “enterotoxemia” (corretamente denominado de enterite necro-hemorrgica), causado por mudanas no manejo alimentar, excesso de gros energticos (aveia), e estresse (chuva), que favorece a paralisia dos intestinos (identificado pelo acmulo de gs no local), oferecendo todas condies para o crescimento exagerado no intestino delgado de uma bactria denominada Clostridium perfringens tipo A, que na sua multiplicao produz toxinas, que causam necrose intestinal e morte.

O foco foi resolvido com aumento da quantidade de fibra na dieta (por mais oferta de silagem), volta do milho em gros triturado, porm em quantidade ligeiramente inferior.

Pesquisa revela resistncia de carrapatos aos carrapaticidas 5zq4c

Depois de anlise de uma centena de amostras de carrapatos, obtidos de gado de corte, oriundos de 51 municpios da Regio Sul (RS, SC e PR), o Centro de Pesquisa em Sade Animal Desidrio Finamor, do RS, apresentou importantes dados sobre a resistncia destes parasitas s principais bases de carrapaticidas comerciais. Os dados assustam!

O pesquisador Guilherme Klafke identificou que em 72% das propriedades acompanhadas tm carrapatos completamente resistentes a cinco ou mais carrapaticidas, e em 10 % de outras fazendas “o caldo entorna” para mais de sete bases de carrapaticidas comerciais.

Dentre a lista negra esto as seguintes bases de carrapaticidas: cipermetrina; fipronil, amitraz, ivermectina e fluazuron. A boa notcia que ainda funcionam, razoavelmente a muito bem, os organosfosforados, os piretrides e o fluralaner.

Vrios fatores interferiram, no decorrer dos tempos, para que os carrapaticidas perdessem sua ao mortfera. Sem dvida, a principal causa o excesso de uso contnuo e prolongado, e muitas vezes desnecessrio, de uma mesma base de carrapaticida por pecuaristas e por tcnicos. Geralmente, nos primeiros cinco anos que uma nova base lanada no mercado ela funciona como uma luva, se tornando a tbua de salvao e o carrapaticida da “moda”, porm aos poucos vai selecionando populaes de carrapatos resistentes, que transmitem essa capacidade para as novas geraes.

Agora o Desidrio Finamor, quer ampliar o programa para outros estados, e firmou convnio para enviar kits diagnsticos do teste de resistncia aos carrapaticidas com as seguintes Universidades Federais: Maranho, Rio de Janeiro e Gois. Iniciativas assim so muito positivas e bem-vindas e deveriam se estender para todo o Brasil.

Figura 9.
Biocarrapaticidograma para testar resistncia.

Fonte: Centro de Pesquisa em Sade Animal Desidrio

Focos e surtos de raiva bovina, Brasil afora: 4n5s6p

So Paulo – Vargem Grande do Sul

Rio Grande do Sul- Dom Feliciano

Par – Ausncia de casos raiva, mas a ADEPAR comunica que no momento existem 20 equipes preparadas para capturar morcegos hematfagos em propriedades com alta populao de quirpteros, que estejam perturbando sua boiada. Caso tenha necessidade entre em contato pelo seguinte email: [email protected]

Gois – Casos dos municpios de Pirinpolis e Itapaci. Semelhante ao estado do Par, a AGRODEFESA de Gois realiza captura de morcegos em fazendas. Caso tenha necessidade entre em contato pelo telefone do Disque-denncia: 0800 646 11 22.

Piau – Ausncia de casos de raiva. Para captura de morcegos entre em contato com [email protected] que as equipes da ADAPI podem te ajudar.

DESEJO A TODOS UM SANTO NATAL E UM EXTRAORDINRIO ANO DE 2023.

VAMOS CONTINUAR SINTONIZADOS NO RADAR SANITRIO EM 2024!