O objetivo da parte 1 dessa sequncia de artigos sobre o tema “manejando e controlando insetos-praga que atacam pastagem” (edio de dezembro de 2024) foi o de escrever sobre o histrico do ataque de insetos-praga nas culturas desde o incio da revoluo agrcola at os dias atuais, citar os que atacam as pastagens e classific-los, descrever as causas do seu aparecimento, as formas como atacam e as partes das plantas atacadas e as consequncias dos danos causados por elas com prejuzos para a produo de forragem, consequentemente para a capacidade de e da pastagem como tambm na reduo da qualidade da forragem. 1fv50
O objetivo da parte 2 sobre este tema foi o de escrever sobre o manejo (mtodos legislativos, preventivo, cultural...) e os mtodos de controle (biolgico, fisiolgico, mecnico, qumico...) gerais de insetos-praga que atacam pastagem.
O objetivo da parte 3 foi o de trazer as bases dos contedos escritos nas duas primeiras partes aplicadas ao manejo e controle do principal inseto-praga de pastagens - as cigarrinhas que atacam pastagens –, por ser o inseto-praga especfico desta cultura e as que mais causam danos e prejuzos econmicos atividade de produo animal em pasto.
O objetivo da parte 4 foi o de descrever os mtodos de manejo de insetos-praga aplicadas ao inseto-praga cigarrinhas que atacam pastagens.
J o objetivo dessa quinta e ltima parte ser o de descrever os mtodos de controle de insetos-praga, aplicados ao inseto-praga cigarrinhas que atacam pastagens.
Controle mecnico: como mtodo mecnico se adota o preparo do solo com araes e gradagens no perodo da seca, com o objetivo de expor as larvas e os ovos de cigarrinhas radiao solar, diminuindo o nvel populacional na estao chuvosa seguinte. Entretanto, este mtodo s deve ser adotado no estabelecimento de novas pastagens ou na renovao de pastagens degradadas. Em pastagens bem estabelecidas, com estande de plantas preservado, no recomendado.
Controle qumico: o mais eficaz tem sido a combinao de inseticidas de contato, do grupo dos piretrides, com inseticidas sistmicos, do grupo dos neonicotinoides. Estes produtos so aplicados em doses de 70 a 130 g/ha quando em p, e de 100 a 400 ml/ha, quando lquido. Estas variaes de doses dependem da espcie de cigarrinha, da fase do seu ciclo de vida, do produto e do fabricante. Recomenda-se a aplicao aps a retirada dos animais do piquete e com o pasto desfolhado para que a calda pulverizada atinja a cigarrinha. O intervalo de segurana para o retorno de animais e a entrada de pessoas no piquete de 3 dias.
Controle biolgico: usa-se inseticida microbiolgico de contato na formulao p molhvel (WP), cujo ingrediente ativo o fungo Metarhizium anisopliae, de hbito alimentar polfago e que controla mais de 200 espcies de insetos. Este fungo usa como substrato a quitina, que um polissacardeo contido no exoesqueleto das cigarrinhas, e que possui 38 carbonos - quantidade ideal de carbono para o fungo M. anisopliae. Aps a aplicao, o fungo entra em contato com a cigarrinha, e seus condios germinam na superfcie do inseto e penetram no seu tegumento, colonizando internamente o hospedeiro, num perodo de 2 a 3 dias. Durante o processo de infeco, o fungo produz e libera a toxina dextrucsina, que, aps o 3 ou 4 dia da aplicao, j causa os primeiros efeitos. As cigarrinhas que se mostravam muito ativas, antes da aplicao, comeam a perder o equilbrio e a coordenao motora, perdem o brilho, se tornando presas fceis para predadores. Do 10 ao 15 dia, comum encontrarmos cigarrinhas mortas e totalmente mumificadas pela ao do fungo. O perodo de colonizao ocorre de 2 a 4 dias, e a esporulao em 2 a 3 dias, dependendo das condies do ambiente. O ciclo total da doena de 6 a 12 dias aps a aplicao do fungo, dependendo das condies de temperatura e umidade relativa do ar. No precisa de intervalo de segurana para o retorno de animais e a entrada de pessoas no piquete.
Entretanto, os resultados tm sido errticos, variando entre 10,0 e 60,0% de controle, devido ao grande nmero de fatores que influenciam a eficcia deste tipo de controle. Para maximizar o efeito deste tipo de controle deve-se seguir os seguintes procedimentos:
a) Quando aplicar: com o aparecimento da segunda e da terceira geraes de ninfas, pois a fase mais susceptvel. A populao de adultos pode ser at 3 e 6 vezes maior na segunda e na terceira gerao, respectivamente, comparado com a da primeira gerao. Em reas com histrico de alta infestao e em que a populao de ninfas alta j no incio das chuvas, recomenda-se utilizar o fungo tambm na primeira gerao;
b) Condies climticas: a umidade relativa do ar deve estar acima de 65,0%, seguida de veranicos e temperaturas de 25 a 35o C. O ideal aplicar o fungo em dias nublados, ou tarde ou noite, para diminuir o efeito da radiao ultravioleta sobre o fungo;
c) Condio do pasto: a altura do pasto deve ser maior que 25 cm para evitar radiao ultravioleta sobre o fungo;
d) Dos pulverizadores: os pulverizadores devem estar totalmente descontaminados (com Solupan ou com amonaco de lavar avies) de pesticidas qumicos no compatveis com o fungo;
e) Da calda: o volume de calda varia de 30 a 50 L/ha para aplicaes areas e de 100 a 300 L/ha, em aplicaes terrestres. Deve-se evitar o preparo da calda com muita antecedncia, pois o fungo em contato com a gua germina e acaba morrendo por falta de meio de cultura. Sendo assim, o material dever ser preparado at no mximo 1 hora antes da aplicao;
f) Da gua: no usar gua clorada porque mata o fungo;
g) Da dose: a maioria dos produtos comerciais so aplicados na dose de 0,5 kg/h quando na formulao p molhvel, e de 0,8 a 2,0 L/ha, quando na formulao liquida;
h) Condies de armazenamento: temperatura ambiente, pode ser armazenado por 30 dias; refrigerado, por 180 dias; e congelado, por 365 dias.
Muitas vezes, o pecuarista quer associar a aplicao de inseticidas com herbicidas numa mesma operao de pulverizao. No caso especfico de controle biolgico, preciso saber da compatibilidade dos fungos com os produtos qumicos. H compatibilidade com os ingredientes ativos de herbicidas de pastagens 2,4-D + picloram, nas concentraes de 240 e 64 g/L, respectivamente; com 2,4-D + aminopiralide; e com aminopiralide + picloram + triclopir. moderadamente compatvel com os ingredientes aminopiralide + fluroxipir, e incompatvel com fluroxipir + triclopir, com picloram puro, com triclopir puro e com picloran + triclopir. H tambm compatibilidade com os ingredientes ativos de inseticidas dos grupos fipronil, neonicotinoides e piretrides.
O principal erro cometido no uso de inseticidas qumicos e biolgicos a sua aplicao tardia, j na fase adulta do ciclo de vida da cigarrinha e, mais ainda, apenas quando os sintomas do ataque desta praga so evidentes visualmente. Observou-se que a sintomatologia dos danos causados pela cigarrinha se expressa plenamente em trs semanas. Se considerarmos que a longevidade mdia dos adultos de 15 dias (10 a 20 dias, dependendo da espcie), ao se constatar o pasto amarelecendo, a quase totalidade da populao responsvel por aqueles danos j estaria morta. Portanto, qualquer controle dever ser feito com a cigarrinha ainda na fase de ninfa (inseto dentro da espuma). Para isso, os inseticidas tm que ter efeito residual prolongado.
O nvel de controle para cigarrinhas das pastagens deve ser com 20 ninfas/m2, enquanto para cigarrinhas-dos-canaviais deve ser 5 ninfas/m2. Para quantificar estas populaes, preciso monitorar. O levantamento deve sempre ser nos horrios com temperaturas mais amenas - ou pelo incio da manh ou no final da tarde.
Seguem as metodologias de monitoramento para determinar o nvel de controle de cigarrinhas que atacam pastagens: i) amostragem de ninfas: realizar amostragens quinzenais, aleatoriamente, em 10 h, e nesta rea tomar 5 pontos de 1 m2. ii) amostragem de adultos: usa-se a rede de varredura, caminhando em zigue-zague e realizando uma coleta a cada trs os.
Em pesquisas comparando a produtividade animal em pastagens atacadas por cigarrinhas, sem e com controle, a taxa de lotao e a produtividade de carne foram 2,79 e 2,86 vezes mais altas, respectivamente, nas pastagens onde se fez o controle.
A relao de benefcio/custo do controle de cigarrinhas que atacam pastagens pode variar entre R$2,00 a R$13,00 para cada R$1,00 investido. Esta amplitude de variao depende da espcie de cigarrinha, da sua populao, das condies de manejo da pastagem, se os danos so causados apenas na produo de forragem, ou se tambm no desempenho animal.