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Carne para a Rssia paga suborno 5u5v1e

por Fabio Lucheta Isaac
20/02/2006 - 12:16
Exportadores brasileiros de carne bovina esto subornando funcionrios russos para furar o embargo decretado em razo dos focos de febre aftosa em Mato Grosso do Sul e no Paran. A propina de US$ 125,00 por tonelada de carne. O esquema foi revelado ao Estado por um dos agentes mais experientes no comrcio de carnes entre os dois pases. Assim, os embarques do produto para a Rssia quase dobraram no perodo de dezembro de 2005 a janeiro de 2006. aram de US$ 24,82 milhes (12,5 mil toneladas) em dezembro para US$ 45,38 milhes (24 mil toneladas) em janeiro. O governo da Rssia decretou a ampliao do embargo carne bovina brasileira em 12 de dezembro e a restrio no no se limitou s reas dos Estados em que foram constatados focos da aftosa. Pedindo para no ter o nome revelado, por temer represlias dos russos e de outros envolvidos, esse agente conta que a propina serve para que os veterinrios que inspecionam as carnes faam vistas grossas data do abatimento da carne. Assim, produtos empacotados aps 12 de dezembro continuam a ganhar o aval para seguir viagem rumo Rssia. No Brasil, quem faz a liberao das carnes para o mercado russo a empresa Welby, com sede em Itaja, municpio de Santa Catarina. Contatada pelo Estado, uma funcionria da empresa identificada apenas como Daniela afirmou que a Welby "presta servios ao governo russo", fiscalizando e autorizando o embarque das carnes. Ela negou que a empresa seja do governo de Moscou, mas afirmou no saber quem o proprietrio. Para obter essa informao, Daniela pediu que a reportagem entrasse em contato com Vladimir Prestes, identificado como tradutor da empresa. Segundo os exportadores, a Welby cobra US$ 14,5 por tonelada de carne autorizada a ser carregada. Isso significa que, em 2005, a empresa coletou quase US$ 15 milhes apenas para certificar o produto. Mas, como o Brasil j faz o mesmo processo de certificao de carne exportada, muitos exportadores avaliam a atitude como falta de confiana da parte dos russos em relao ao trabalho prestado pelos veterinrios brasileiros. A funcionria da Welby confirmou que o dinheiro pago pelos exportadores brasileiros para as inspees depositado no Uruguai, mas garantiu que a empresa est registrada no Brasil. Para fazer o trabalho de inspeo, a Welby conta com dois veterinrios russos, que permanecem no Pas e a cada 90 dias so substitudos por outros vindos de Moscou. INTERVENO Na sexta-feira ada, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, aproveitou a sua ida a Moscou - a fim de participar da reunio do G8 (grupo das economias mais ricas) - para se reunir com o Ministrio da Agricultura da Rssia. Palocci pediu que o embargo aos Estados brasileiros fosse revisto e contou que os dois pases estudam montar equipes conjuntas de veterinrios para avaliar o caso. Para empresrios envolvidos no comrcio bilateral, isso pode ser uma frmula de limitar a atuao dos veterinrios russos. O caso da corrupo to conhecido dos brasileiros que o Ministrio da Agricultura em Braslia evita usar os nmeros do comrcio bilateral oferecido pelos russos para negociar acordos ou debater assuntos entre os dois pases. "As diferenas entre o que ns reportamos como exportao e o que os russos dizem que importaram so enormes", afirmou um negociador brasileiro que atua nas negociaes internacionais. O embaixador brasileiro em Moscou, Carlos Augusto Rego Santos-Neves, afirma que desconhece os esquemas de corrupo. No Ministrio da Agricultura, negociadores do Pas garantem: "Parte do comrcio entre o Brasil e a Rssia feito por baixo do pano." O governo russo, procurado pelo Estado, no se pronunciou. Fonte: O Estado de So Paulo