No perodo analisado, 12 produtos apresentaram alta de preos (9 de origem vegetal e 3 de origem animal) e 8 apresentaram queda (5 de origem vegetal e 3 de origem animal).
IEA-SP

O ndice Quadrissemanal de Preos Recebidos pela Agropecuria Paulista (IqPR) encerrou o ms de agosto de 2010 com alta de 1,61%. O IqPR-V (produtos de origem vegetal) registrou ligeira elevao de 0,86%, enquanto que o IqPR-A (produtos de origem animal) fechou o ms com alta significativa de 3,47%. Quando a cana-de-acar excluda do clculo do ndice, devido a sua importncia na ponderao dos produtos, os ndices IqPR e IqPR-V (clculo somente dos produtos vegetais) terminaram o ms com ndices positivos, fechando em 3,74% e 3,99%, respectivamente.
Os produtos do IqPR que registraram as maiores altas neste ms foram: tomate para mesa (57,86%), soja (11,21%), milho (8,15%), carne suna (7,77%), carne bovina (6,00%) e trigo (5,24%). No caso do tomate de mesa, o aumento no perodo mais uma recuperao dos preos, em virtude das baixas cotaes verificadas no perodo anterior, manifestando tendncia de alta para o produto. Essa majorao de preos ganhou intensidade devido s baixas temperaturas nas primeiras semanas de agosto que afetaram a produo. Ressalte-se que, mesmo com esta recuperao os preos ainda esto muito abaixo do pico alcanado no ano ado.
Na soja, milho e trigo, problemas climticos de seca na Austrlia, Rssia e Ucrnia elevaram os preos no mercado internacional e criaram expectativas no mercado financeiro de aposta na alta dos alimentos no mercado futuro.
Para a carne suna, o consumo interno aquecido do produto propiciou a elevao dos preos, mesmo com as exportaes em declnio no permitindo um aumento maior no perodo. Cabe salientar que os custos de produo de sunos esto subindo, em virtude dos aumentos das cotaes do milho e da soja, o que possivelmente acarretar um movimento altista para os prximos meses.
Na carne bovina, a seca tem afetado severamente as regies produtoras, reduzindo a qualidade das pastagens (a principal fonte de alimentos dos bovinos), que gerando menor oferta de animais no peso de abate, impacta num processo de ascenso nos preos da arroba. O movimento de recuperao nas vendas para o exterior tambm tem influenciado essa subida na cotao bovina recente.
Os produtos que apresentaram as maiores quedas de preos em Agosto foram: batata (20,24%), feijo (11,64%), amendoim (8,62%) e ovos (3,32%). Os preos da batata apresentam queda acentuada em decorrncia da maior entrada desse produto no mercado no momento atual, diferente das altas cotaes que ocorreram no segundo trimestre.
No feijo, as colheitas do final da safra das secas (que teve seu plantio atrasado por limitaes climticas em razovel proporo) e as expectativas de maior produo da safra de inverno, reverteram as tendncias, dando incio a quedas expressivas dos preos que se aproximam dos custos de produo. Pouco atrativa porque no remuneradora para os lavradores, essa configurao poder afetar o plantio da safra das guas.
Para o amendoim, a retrao do preo se deve a ajustes nos estoques de agem, ainda que os preos atuais para o produtor estejam mais altos do que o mesmo perodo do ano ado. A tendncia natural das aves o aumento da postura em funo do maior nmero de horas de insolao por dia, o que acontece de junho a dezembro, provocando maior oferta e menores preos dos ovos.
Resultados acumulados - Nos ltimos doze meses, as principais quedas ficaram por conta das olercolas - tomate para mesa (53,92%) e batata (26,20%) - fundamentalmente face situao conjuntural: neste ano a grande oferta se contrape situao de 2009 quando se teve preos altos.
No caso dos gros, produtos que so commodities relevantes do mercado internacional, nota-se queda dos preos do trigo (17,70%), da soja (14,93%) e do arroz (4,73%). Para a soja, a menor renda dos lavradores deriva de exportaes que sofreram os impactos dos preos internacionais cadentes e do cmbio valorizado. No trigo e no arroz, as possibilidades de importaes mais baratas, pelo efeito cmbio, derrubam os preos internos.
Em situao inversa de altas expressivas, em relao ao similar perodo de 2009, destaca-se a laranja para a indstria (154,15%) e a laranja para mesa (117,48%), que reverte a situao de vigncia dos menores preos da dcada vivenciada h 12 meses. Em seguida, tm-se o algodo (51,56%) e o amendoim (36,34%) mostrando situao em que a oferta brasileira, nesta safra, est manifestamente menor que a demanda interna.
No caso do amendoim, o Brasil ocupa posio de destaque no mercado internacional e no algodo a agroindstria txtil enfrenta a diminuio dos estoques internacionais neste ano. No caso do feijo (30,62%), os preos no corrente ano se mostram bem mais elevados que os vigentes no ano ado quando estiveram muito baixos, configurando uma trgica gangorra sedimentada pela ausncia de mecanismos de polticas pblicas que configurem maior estabilidade da renda.
Tambm apresentam preos mais altos, em relao ao ano anterior, como decorrncia dos maiores preos internacionais, o caf (25,07%) e a cana-de-acar (21,19%), cujas cotaes internas crescem mesmo com o cmbio valorizado. No caso da cana, os preos do acar, devido quebra da safra da ndia, respondem pela persistncia do vis de alta, numa atividade de lavoura perene que exige prazo para se reajustar.
Nos produtos animais, as altas na carne suna (30,36%) so derivadas do mercado internacional (aumento das cotaes) e aumento do consumo interno; para carne bovina (11,59%) pelos preos baixos pagos no ano ado e pela reduo da oferta de animais para abate. A carne de frango e os ovos apresentam aumento de 6,76% e 4,43% respectivamente em 12 meses, prximos ao ndice de inflao.
Interessante verificar que os preos agropecurios tiveram aumento puxado pelos produtos vegetais entre os meses de agosto de 2009 a maio de 2010, e recuo nos meses de junho e julho ocasionado principalmente pela queda dos preos da cana-de-acar. Em agosto de 2010, volta-se a apresentar ascenso, puxados especialmente pelo reajuste dos gros (soja e milho). Os produtos animais mostram queda e estabilidade at janeiro de 2010, mantendo-se crescentes nos meses seguintes.
Fonte:
Instituto de Economia Agrcola. 10 de setembro de 2010.